Recife, 15 de fevereiro de 2023 -
O ciclo do Carnaval pode ser vivenciado como um momento de
significativas experiências para pessoas autistas, e também como um
período de importantes cuidados. Neste contexto, Kadu Lins, diretor
geral do Instituto do Autismo e especialista na abordagem inclusiva e
respeitosa para crianças e adolescentes neuroatípicos, orienta famílias.
Diante
das mudanças na rotina, dos excessos de estímulos sensoriais e também
das possibilidades de momentos de lazer e diversão entre pais e filhos
na folia de Momo, Kadu reforça a necessidade de se levar em
consideração, antes de tudo, a condição de cada autista. O entendimento
das necessidades e probabilidades precisa ser olhado de forma
individualizada. Pensando nisso, o especialista aponta algumas dicas
para a garotada que gosta da festividade e para os que são se sentem tão
à vontade neste período.
Para as crianças e os adolescentes que gostam do carnaval
é importante que as famílias preparem a garotada antecipadamente para
ir acostumando os filhos a possíveis cenários que venham a se deparar no
dia da festa, como o colorido e as diferentes texturas das fantasias,
os jatos de pistolinhas de água, ambientes com maior concentração de
pessoas e brincadeiras com confetes e serpentinas. Por isso, atividades
de vestir a criança antes com o abadá ou fantasia, mostrar fotos do
evento, quem ela pode encontrar no bloco ou na prévia, brincar
previamente em casa com confetes e até mesmo colocar músicas que possam
tocar no dia irão ajudar bastante na adaptação e no melhor
aproveitamento da festa.
"Ficamos
animados com a participação da garotada nas prévias. É uma incrível
oportunidade para todos, famílias, crianças e sociedade como um todo.
Sabemos que o Carnaval pode ser um momento de grande desafio para
pessoas autistas, pelo excesso de estímulos sensoriais, mas acreditamos
que, respeitando as particularidades individuais e estando em ambientes
mais abertos, é possível sim proporcionar uma vivência única, prazerosa e
marcante em plena folia de Momo", enfatiza Kadu Lins.
Como
as cidades mudam seu ritmo e sua rotina neste período, deparar-se com
situações com muito barulho é praticamente inevitável. Então, para os que não curtem a folia o
ideal é que sejam programadas atividades que a garotada goste e possa
fazer dentro de casa ou em ambiente distante do movimento das festas. Em
caso de viagem para lugares que não tenham tantos estímulos, é
importante preparar as crianças para o que está sendo programado, para o
que virá. Como o autismo é uma síndrome comportamental, quanto mais a
criança estiver preparada e souber o que vai fazer durante aquele
período, melhor será sua adaptação.
Segundo
Kadu Lins, neste período é praticamente inevitável que as famílias com
autistas não sejam impactadas. Afinal, elas irão se deparar com os
excessos sensoriais da festividade em algum momento, seja na rua ou
mesmo em casa. Isso porque é muito comum a mudança também de
comportamento dos vizinhos, da comunidade ao nosso redor - som alto, uso
de fogos e buzinas, fantasias, entre outros fatores. Por isso,
trabalhar a previsibilidade sobre o que poderá ser vivenciado nesta fase
é muito fundamental para minimizar os desconfortos dos autistas,
principalmente dos que são mais sensíveis aos estímulos desta época.
Créditos das imagens: Divulgação IDA/ Fausto Jr
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