Por se tratar de um período em que geralmente há uma elevação no
número de pessoas com doenças respiratórias, muitos passaram a
demonstrar preocupação sobre a condição climática favorecer a
transmissão
Foto: Reuters/BENOIT TESSIER
Por: Rayllanna Lima
Estação caracterizada pela queda das folhas das árvores, o outono começa nesta sexta-feira (20) trazendo uma dúvida: a queda na temperatura ambiente pode impulsionar a proliferação do novo coronavírus (Covid-19)? Por se tratar de um período em que geralmente há uma elevação no número de pessoas com doenças respiratórias, muitos passaram a demonstrar preocupação sobre a condição climática favorecer a transmissão.
Mas, de acordo com o infectologista Adriano Oliveira, a população pode ficar tranquila quanto há isso. Não há chances de maior disseminação da doença devido a pequenas mudanças na temperatura ambiente.
“Primeiro porque a temperatura influência em um vírus livre, solto no ambiente. E esse vírus já não dura grande coisa solto no ambiente. E, mesmo esse vírus solto, em superfície, ele tem impacto muito pequeno para contaminação das pessoas. O que realmente contamina é troca de uma pessoa direta para a outra. Por gotículas, que são tossidas ou espirradas no ambiente e a outra aspira imediatamente, ou principalmente por toque. Toque de mão, toque no rosto, toque de uma pessoa para outra”, explica.
Da mesma forma, ele diz, o vírus não morre quando a temperatura está alta. “Acreditar que a queda da temperatura vai piorar a situação é um tanto quanto ingenuidade. Do mesmo jeito que é ingenuidade acreditar que, só porque a temperatura aumentou, a epidemia vai diminuir. A gente já teve epidemia de Influenza em pleno verão aqui. Acho que essa valorização da temperatura do tempo é exagerada. Acho que não vai influenciar em absolutamente nada no curso natural da epidemia”, ratifica.
O infectologista destaca os principais equívocos por parte da população ao achar que mudanças climáticas influenciam na proliferação do vírus. Ele lembra que Covid-19 é uma gripe, mas com sintomas diferentes da gripe comum, sendo a pneumonia o indício mais grave da doença.
“As pessoas estão esperando resfriado. Nariz entupido, dor de garganta. E eventualmente o coronavírus faz isso mesmo. Mas os trabalhos científicos de pacientes que chegaram a ser de fato internados não falam desses sintomas. Os pacientes mais graves, em geral, já começam logo com pneumonia. Ou seja, qual é o sintoma mais importante? Febre e tosse. Não tem espirro, não tem coriza, não tem obstrução nasal, não tem dor de garganta”, destaca.
“A impressão que dá é que os pacientes que têm esses sintomas de vias aéreas superiores, ou seja, esses sintomas nasais, de coriza e espirro, são pacientes mais brandos. O paciente que realmente adoece e precisa de suporte hospitalar, ele não costuma manifestar esse, vai direto para um sintoma típico de pneumonia de infecção de vias aéreas inferiores, que é a tosse e a febre”, acrescenta doutor Adriano Oliveira.
O infectologista aproveita também para reforçar as ações de prevenção do coronavírus e ponderar sobre o uso de algumas técnicas. “Lavar e limpar sempre muito bem as mãos. Fala-se muito do álcool em gel, é verdade, mas água e sabão funcionam do mesmo jeito.
Tem que ter a técnica adequada para isso, porque a gente que vulgarmente se lava as mãos, algumas regiões ficam mal higienizadas e si, a forma mais correta. Usar máscara é muito pouco eficaz. Não faz sentido as pessoas saírem de máscaras na rua. A máscara funciona bem para a pessoa que está doente. A pessoa que está doente e usa uma máscara evita contaminar outras pessoas, porque quando ela tosse a máscara segura a saliva. Impede que ela seja espalhada no ambiente.”
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