MEDIÇÃO DE TERRA

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sexta-feira, 20 de março de 2020

Chegada do outono não vai proliferar coronavírus, alerta infectologista


Por se tratar de um período em que geralmente há uma elevação no número de pessoas com doenças respiratórias, muitos passaram a demonstrar preocupação sobre a condição climática favorecer a transmissão

Tribuna da Bahia, Salvador
20/03/2020 09:40 | Atualizado há 9 horas e 40 minutos
   
Foto: Reuters/BENOIT TESSIER

Por: Rayllanna Lima

Estação caracterizada pela queda das folhas das árvores, o outono começa nesta sexta-feira (20) trazendo uma dúvida: a queda na temperatura ambiente pode impulsionar a proliferação do novo coronavírus (Covid-19)? Por se tratar de um período em que geralmente há uma elevação no número de pessoas com doenças respiratórias, muitos passaram a demonstrar preocupação sobre a condição climática favorecer a transmissão.
Mas, de acordo com o infectologista Adriano Oliveira, a população pode ficar tranquila quanto há isso. Não há chances de maior disseminação da doença devido a pequenas mudanças na temperatura ambiente.
“Primeiro porque a temperatura influência em um vírus livre, solto no ambiente. E esse vírus já não dura grande coisa solto no ambiente. E, mesmo esse vírus solto, em superfície, ele tem impacto muito pequeno para contaminação das pessoas. O que realmente contamina é troca de uma pessoa direta para a outra. Por gotículas, que são tossidas ou espirradas no ambiente e a outra aspira imediatamente, ou principalmente por toque. Toque de mão, toque no rosto, toque de uma pessoa para outra”, explica.
Da mesma forma, ele diz, o vírus não morre quando a temperatura está alta. “Acreditar que a queda da temperatura vai piorar a situação é um tanto quanto ingenuidade. Do mesmo jeito que é ingenuidade acreditar que, só porque a temperatura aumentou, a epidemia vai diminuir. A gente já teve epidemia de Influenza em pleno verão aqui. Acho que essa valorização da temperatura do tempo é exagerada. Acho que não vai influenciar em absolutamente nada no curso natural da epidemia”, ratifica.
O infectologista destaca os principais equívocos por parte da população ao achar que mudanças climáticas influenciam na proliferação do vírus. Ele lembra que Covid-19 é uma gripe, mas com sintomas diferentes da gripe comum, sendo a pneumonia o indício mais grave da doença.
“As pessoas estão esperando resfriado. Nariz entupido, dor de garganta. E eventualmente o coronavírus faz isso mesmo. Mas os trabalhos científicos de pacientes que chegaram a ser de fato internados não falam desses sintomas. Os pacientes mais graves, em geral, já começam logo com pneumonia. Ou seja, qual é o sintoma mais importante? Febre e tosse. Não tem espirro, não tem coriza, não tem obstrução nasal, não tem dor de garganta”, destaca.
“A impressão que dá é que os pacientes que têm esses sintomas de vias aéreas superiores, ou seja, esses sintomas nasais, de coriza e espirro, são pacientes mais brandos. O paciente que realmente adoece e precisa de suporte hospitalar, ele não costuma manifestar esse, vai direto para um sintoma típico de pneumonia de infecção de vias aéreas inferiores, que é a tosse e a febre”, acrescenta doutor Adriano Oliveira.
O infectologista aproveita também para reforçar as ações de prevenção do coronavírus e ponderar sobre o uso de algumas técnicas. “Lavar e limpar sempre muito bem as mãos. Fala-se muito do álcool em gel, é verdade, mas água e sabão funcionam do mesmo jeito.
Tem que ter a técnica adequada para isso, porque a gente que vulgarmente se lava as mãos, algumas regiões ficam mal higienizadas e si, a forma mais correta. Usar máscara é muito pouco eficaz. Não faz sentido as pessoas saírem de máscaras na rua. A máscara funciona bem para a pessoa que está doente. A pessoa que está doente e usa uma máscara evita contaminar outras pessoas, porque quando ela tosse a máscara segura a saliva. Impede que ela seja espalhada no ambiente.”

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