MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 9 de janeiro de 2011

Entenda a briga entre o PT e o PMDB por cargos

R7

Mesmo consumado, o casamento entre PT e PMDB ainda não teve tempo de desfrutar da lua de mel. O velho roteiro de puxadas de tapete e desconfiança ainda reina na relação dos dois partidos que subiram juntos a rampa do Palácio do Planalto. E o motivo é o mesmo de sempre: a disputa por cargos.
Após quase dois meses de negociações para a formação dos ministérios, o PMDB nem deixou a poeira assentar para cobrar a fatura por ter perdido joias na Esplanada, como os ministérios da Integração Nacional, da Saúde e das Comunicações.
O alvo agora são os cargos de segundo escalão. São esses cargos, distribuídos em fundações, empresas estatais, institutos e departamentos, que aplicam a maior parte das verbas destinadas pelo governo a programas sociais e de infraestrutura.
Para o orçamento de 2011, há uma previsão de R$ 107 bilhões em investimentos apenas por parte das empresas estatais, mas esse valor chega a quase R$ 200 bilhões justamente por não contemplar o repasse direto que os ministérios fazem.
No papel, o PMDB perdeu até agora a direção dos Correios, da Infraero e da Embratur. Mas pode vir a ter de entregar cargos importantes na Eletrobras, Eletrosul, Furnas, Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
De acordo com o cientista político Murillo de Aragão, da consultoria Arko Advice, no fundo dessa briga está o fato de que o PT foi obrigado a aceitar a aliança com o PMDB para poder eleger Dilma Rousseff. Por outro lado, o PMDB se viu obrigado a apoiar Dilma para que continuasse ditando as regras do jogo político, como faz desde a redemocratização do Brasil.
- O sentimento entre petistas e peemedebistas é de desconfiança generalizada. Para a primeira semana de governo Dilma, isso é um péssimo sinal.
Salário mínimo
Na segunda-feira (3) a difícil convivência ficou explícita. O PMDB evitou comparecer à posse do ministro das Relações Institucionais, o petista Luiz Sérgio, responsável pela articulação política do governo. Em resposta, dirigentes do PT também evitaram posses dos ministros Garibaldi Alves, da Previdência Social, e Pedro Novaes, do Turismo.
Um dia depois, na posse do peemedebista Moreira Franco na Secretaria de Assuntos Estratégicos, as direções dos dois partidos tentavam apaziguar a situação, mas do PT comparecem apenas os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Luiz Sérgio, além do presidente da Câmara, Marco Maia.
Na quarta-feira (4) foi a vez de colocar o bode na sala [jargão político que explica o fato de pedir algo muito alto para ganhar o que originalmente se quer]. O PMDB, vendo que está aos poucos perdendo os melhores cargos, decidiu provocar o governo ao vazar a ideia de pedir um aumento maior para o salário mínimo, que desde o dia 1º de janeiro está em R$ 540, mas que ainda tem de ser aprovado pelo Congresso Nacional.
Um eventual aumento do salário mínimo provocará um estrago nas contas do governo. De acordo com o Ministério do Planejamento, cada real representa um aumento de R$ 286,4 milhões no Orçamento. Se o PMDB comandar uma operação de reajuste, estará ameaçando logo no início do governo a política de austeridade fiscal pregada por Dilma.
A ameaça foi o bastante para surtir o efeito desejado: o congelamento das indicações para o segundo escalão. Mas nem mesmo essa medida agrada a todos os peemedebistas. O deputado Eduardo Cunha (RJ) é um dos que continuam ressabiados em relação às promessas dos petistas.
- O congelamento por si só não adianta, principalmente se for para passar a perna depois.
No Ministério da Fazenda, o efeito foi bombástico. O ministro Guido Mantega, que chegou a dizer que o governo vetaria qualquer mudança no mínimo feita pelo Congresso, foi obrigado a recuar após uma reunião com a presidente Dilma Rousseff na quarta-feira (5). Para tentar conter a rebelião anunciada, a própria equipe econômica já concedeu trabalhar por um mínimo no valor de R$ 550.
Foto: Reprodução

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