São Paulo, 16 de agosto de 2024
- Informações do painel Candidaturas, do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), mostram 967 candidaturas de pessoas trans para as eleições
municipais de 2024. Os dados também chamam atenção sobre o número de
pessoas gays, lésbicas e bissexuais, assexuais e pansexuais: são 2.390
candidaturas.
O
registro oficial de candidaturas LGBT+ é uma conquista recente dos
movimentos pela democratização da participação política. Nas últimas
eleições municipais, a sociedade civil organizada tinha mapeado 556
candidaturas LGBT+. A explosão do número de candidaturas LGBT+ para 6
vezes mais do que o levantamento anterior mostra não só uma articulação
maior dessas lideranças, mas a importância desse levantamento ser feito
pelo Estado. Segundo o relatório "A Política LGBT+ Brasileira: entre
potências e apagamentos", lançado em 2022 pela ong VoteLGBT, "a
inexistência desses números deixam a população LGBT+ de fora de
planejamentos consistentes, pois dados são fundamentais para a
construção de políticas públicas direcionadas."
No
geral, foram registradas no país 454.689 candidaturas, número 18,5%
menor do que nas eleições de 2020. Homens ainda representam a maioria
das candidaturas, com participação de 66% do total. Candidaturas de
pessoas que não se autodeclaram brancas são 53,59% do total.
No
quesito identidade de gênero, 20,01% optaram por não declarar, enquanto
79,77% se declaram cis e 0,21% trans. Das candidaturas de pessoas
trans, 62,05% são de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas.
Do total dos candidatos, 68,41% optaram por não declarar orientação sexual. Entre os mais de 143 mil declarantes, 98,27% são heterossexuais, 0,72% gays, 0,44% lésbicas e 0,31% bissexuais. Assexuais e pansexuais somam 0,18%
Diretor
executivo da ONG VoteLGBT, Gui Mohallem considera um dia histórico a
divulgação de candidaturas LGBT+ pelo TSE. Desde 2014, a organização
atua para aumentar a representatividade de pessoas LGBT+ nos espaços
políticos.
“É
um passo muito importante em direção à cidadania plena das pessoas
LGBT+ nesse país. É a primeira vez que somos contados oficialmente por
algum órgão público e é muito significativo que tenha sido o TSE, a
partir de uma provocação da VOTELGBT, da ANTRA e de vários parlamentares
da bancada LGBT+, como o senador Fabiano Contarato e as deputadas
Daiana Santos, Duda Salabert e Erika Hilton. Para nós, ter acesso a
esses números, a esses dados, é um sonho de muito tempo”, celebra.
Para Mohallem, entretanto, esse ainda é o primeiro passo. “Conseguir entender quais desafios específicos essas lideranças LGBT enfrentam e como criar mecanismos para poder superar esses desafios, tanto desde um apoio da sociedade civil, quanto pensar políticas públicas de garantia de direitos. Como é que você protege essas lideranças políticas de violência, por exemplo? De cara, a gente começa com um número histórico de mais de três mil candidaturas e ainda deve aumentar. Então, é uma alegria muito grande saber que tem tanta gente nossa disposta a disputar a arena política. Sem diversidade, não há democracia.” afirma.
Mais informações para a imprensa
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