MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 31 de dezembro de 2023

Em mensagem de fim de ano, Milei fala em ‘catástrofe bíblica’ e diz que nunca prometeu ‘caminho de rosas’

 

POLITICA LIVRE
economia

Javier Milei resolveu deixar para o fim do vídeo os votos de “Feliz 2024” para os argentinos, na mensagem oficial que publicou na noite de sábado (30).

Há pouco mais de 20 dias no cargo, o presidente da Argentina tem apresentado propostas duras —como cortes de subsídios, redução do Estado e do número de ministérios e restrições a protestos.

Em uma época do ano em que a os presidentes preferem dar boas notícias, o novo mandatário argentino optou por começar seu pronunciamento ano lembrando que a população deve estar preparada para o pior. No vídeo, de sete minutos, é como se ele só lembrasse no fim que era antevéspera de Ano-Novo.

Milei prevê que o ano que vem será difícil para todos e que o país poderá enfrentar “uma catástrofe econômica de magnitude desconhecida para qualquer argentino vivo”, caso o Congresso não aprove as medidas enviadas por seu governo.

A chamada “lei ônibus” (por transitar por diversos setores, da economia à política) tem um total 664 artigos e propõe, entre outros pontos, a eliminação das eleições primárias, mudanças no âmbito penal e desregulamentação da economia.

Combinadas com os 366 artigos de outro decreto da semana passada, as medidas definem as mais de mil alterações que o novo governo quer para fazer uma “revolução liberal”.

As mudanças visam atrair investimentos, diminuir o tamanho e a burocracia do Estado e atribuir ao Executivo poderes sobre matérias que precisariam do aval do Legislativo. Algumas medidas endurecem penas sob a premissa da lei e da ordem.

Milei afirmou que, embora muitos argentinos tenham ficado impressionados com a quantidade de medidas e com a velocidade com que o novo governo tem proposto mudanças profundas, elas são necessárias para mitigar os efeitos do que considera ser a pior herança da história, deixada pelo governo anterior, de Alberto Fernández.

“Estamos falando de uma economia com 15 pontos de déficit consolidado, com uma emissão monetária de 20 pontos do PIB nos últimos quatro anos, com preços artificialmente reprimidos na energia e nos transportes até um quinto do seu valor real, com um banco central sem reservas e com uma inflação que nas últimas semanas atingiu 1,2% diariamente. Isso anualizado implicaria em torno de 7.500% ao ano”.

Milei afirmou que as medidas propostas pelo novo governo são os primeiros passos para virar a página e deixar para trás de uma vez por todas o modelo econômico que ele considera ter mergulhado os argentinos na miséria.

Na mensagem à população, Milei disse que as consequências da não aprovação das medidas seriam ainda mais terríveis do que as da crise de 2001 e 2002.

O ano de 2001 terminou em uma espiral de crises do “corralito” e do “corralón” que até hoje assombra a política argentina, com a renúncia do presidente Fernando de la Rúa, com o fim da conversibilidade entre peso e dólar, protestos de rua com mortos e feridos, confisco e desvalorização da moeda.

Para evitar o pior cenário, o presidente pediu apoio da população às reformas. “Esta lei confere ao Executivo os poderes necessários para agir face a esta situação de emergência e evitar a catástrofe econômica, além de promover reformas profundas na segurança comercial, fiscal, produtiva, social, educacional e em todas as áreas do governo”, disse.

Com minoria no Legislativo, o anarcocapitalista aproveitou a mensagem de fim de ano para convocar a população a pressionar deputados e senadores para que aprovem as mudanças. “Se todos os atores políticos, sociais, sindicais e empresariais do país compreenderem o momento histórico que vivemos e apoiarem o nosso programa, tenho certeza que haverá luz no fim do caminho”.

O mandatário também disse considerar que, apesar das dificuldades de 2024, esse pode ser o ano em que o país deixará para trás o “modelo coletivista” que o tornou pobre e abraçará novamente o “modelo de liberdade” que o fez rico há cem anos.

Douglas Gavras/Folhapress

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