MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Em 21 anos, estados do Nordeste realizam mais de 71 mil transplantes de órgãos


Série histórica analisa dados do Ministério da Saúde de 2001 a 2021

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Reportagem:  Mychelle Maia e Gabriel Mileno

Edição: Graziela França

Mesmo em meio a dor de quem vive o luto e a perda de alguém que ama, um gesto pode salvar vidas: a doação de órgãos. No Nordeste, de 2001 a 2021, foram realizados 71.756 transplantes de órgãos e tecidos. Do total, 29,1% foram de órgãos e 70,8% de tecidos.

De acordo com dados da Agência Tatu, coletados dos Relatórios do Ministério da Saúde, entre os órgãos mais transplantados estão rim, fígado e coração. O procedimento ocorre exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde no Brasil e pode ser realizado com órgãos ou tecidos do doador vivo ou não vivo sob autorização familiar. 

No Nordeste, Pernambuco conta com o maior número de transplantes gerais na série histórica analisada. Nos 21 anos, 22.693 operações foram realizadas no estado, 31,1% de órgãos e 68,9% de tecidos. O transplante mais realizado no estado foi o de córnea, com 12.649 cirurgias registradas no período, sendo o segundo estado com maior número de transplantes do tecido ocular.

Já o Ceará é o estado com o segundo maior número de transplantes no total, mas o que mais realizou transplantes de córnea do Nordeste, com 13.519 cirurgias. Ao todo, 20.875 pessoas receberam novos órgãos ou tecidos no estado. Dos 20 mil, 7.356 foram órgãos, dentre eles, fígado (2.448), coração (448) e pulmão (42). 

A Bahia aparece como o terceiro estado em transplantes do Nordeste. Foram quase 10 mil cirurgias no geral, sendo 3.091 (31%) para novos órgãos e 6.904 (69%) para novos tecidos.

O transplante mais realizado na região é o de córnea, enquanto o de intestino não possui nenhuma cirurgia registrada. O transplante de rim também é comum na região e conta com 20,1% do número total de cirurgias. Em seguida vem as cirurgias para fígado, com 5.327 realizadas. 

Transplantes de rim: Nordeste levaria 9 anos para zerar a fila 

O transplante de rim se tornou a mais aguardada esperança de vida para muitos pacientes no país. Atualmente, mais de 37 mil brasileiros estão na lista de espera por um rim. Desse total, 6.313 (17%) residem no Nordeste, distribuídos entre os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.

Ao longo de 21 anos, a média mensal de transplantes renais na região foi de 57 cirurgias. Entretanto, em 2023, a fila de espera ainda é longa. Considerando que não houvesse adições ou reduções na quantidade de pessoas na lista de espera, a estimativa é de que a fila leve aproximadamente 9 anos para ser zerada.

Embora outros órgãos, como fígado e coração, também apresentem demanda por transplantes, com 2.214 e 405 pacientes na fila no Nordeste, respectivamente, vale ressaltar que tanto rins quanto fígado podem ser transplantados de doadores vivos ou falecidos, enquanto o transplante de coração e córneas acontecem somente a partir de doadores falecidos.

Em Alagoas há equipes do Ministério da Saúde aptas para realizar quatro tipos de transplantes: fígado, coração, córnea e rins. “O número maior de transplantes é o de córneas, naturalmente, porque a fila é maior também. É um transplante menos difícil, digamos, porque a doação não precisa estar em morte encefálica. O paciente vai a óbito, tem entre dois e 79 anos, não apresenta nenhuma contraindicação de acordo com a portaria e se a família autoriza”, explica Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas. 

Sobre os demais transplantes, como o de medula óssea, a gestora contou como o procedimento é realizado. “No Brasil, acredito que só tem três estados que têm essa capacidade de fazer. Alagoas não se enquadra nesse princípio, então quando precisamos, pedimos regulação ao SNT, o Sistema Nacional de Transplantes, e eles veem o estado e o centro hospitalar que pode receber o paciente”, pontuou. 

Como entrar na fila de espera

O médico faz o encaminhamento do paciente após identificar que não há outra medida medicamentosa ou terapêutica que possa ajudar no tratamento. O profissional direciona a documentação para a entrada do paciente na fila de transplante. 

Posso ser um doador? 

A doação pode acontecer quando o doador teve morte encefálica (como no caso do transplante de coração) ou não (em transplantes de córnea, por exemplo), mas nas duas situações a legislação brasileira exige o consentimento familiar. A intenção de ser um doador deve ser informada à família. 

As doações de órgãos por pessoas vivas como parte dos rins, fígado e medula óssea são realizadas entre familiares por conta da compatibilidade sanguínea. Para saber mais, basta entrar em contato com a Central de Transplantes do seu estado ou a nacional pelos números (61) 3315-9264 | 6299 | 0800 644 64 45.

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