Coluna de Carlos Brickmann, a ser publicada nos jornais de amanhã:
O
bispo Edir Macedo, comandante supremo da Igreja Universal do Reino de
Deus, informou a seus fiéis, no domingo, que não é possível ser cristão e
esquerdista. Mas nada de criticar o bispo por ter sido aliado dos
presidentes Lula e Dilma (que até, como o atual, lhe deram passaporte
diplomático): seu lado político, como água morro abaixo, o leva a estar
próximo do governo. O Republicanos, partido do bispo, é uma estrela do
Centrão. Com os aliados PP e PL, detém 32 bons cargos no Governo Federal
(bons cargos são os que têm verbas e nomeações à vontade) e ajuda a
controlar R$ 150 bilhões, mais que o orçamento da Defesa, mais que o
orçamento da Educação. O bispo é o chefão do Republicanos, como Ciro
Nogueira é o do PP e Valdemar Costa Neto do PL; mas os três sabem que
seus seguidores abandonarão o navio na mesma hora se descobrirem que
outros barcos estão mais bem abastecidos.
Imagine
que o PT vença em outubro. Em janeiro, por ocasião da posse, o Centrão
inteiro estará jurando que Lula, Dirceu, Tasso Genro, Rui Falcão e
outros são adeptos do novo capitalismo, com liberdade empresarial, rigor
fiscal, distribuição de renda que aumente o mercado interno e promova
um forte desenvolvimento econômico. Continuarão seguindo a Oração de São
Francisco (“é dando que se recebe”) e o caminho da salvação (“fora do
poder não há salvação”). Não fariam oposição nem a Moro: proclamarão
que, com ele, combaterão duramente a corrupção. Mas combaterão à sombra.
O silêncio é de ouro
Por
falar em Moro, nada como lembrar uma frase encontrada em Proust, “o
tempo é o senhor da razão”. Enquanto Moro e Bolsonaro duelam, vale
lembrar a frase de Rosângela Moro, por volta de fevereiro de 2020: “Sou
pró-governo federal. Eu não vejo o Bolsonaro, o Sergio Moro. Eu vejo o
Sergio Moro no governo do presidente Bolsonaro, eu vejo uma coisa só”.
Aí é preciso lembrar outra frase clássica: “O silêncio é de ouro”.
É isso aí
Revelação
do excelente colunista Bruno Thys: - Milicianos e traficantes controlam
80% da venda e distribuição de gás (de botijão) no Rio.
Lembrando:
não faz muito tempo, no governo Michel Temer, houve uma longuíssima
operação militar, comandada pelo hoje ministro da Defesa, general Braga
Neto, para retomar as favelas em poder dos criminosos. As tropas já
voltaram aos quartéis, o comandante da operação está em Brasília. Já as
favelas, comunidades e complexos continuam sob o domínio do medo.
Virem-se
Na
opinião do Governo Federal, era necessário cortar despesas já inscritas
pelo Congresso no Orçamento de 2022. OK, faz parte do jogo. Só que as
despesas cortadas foram aquelas essenciais – Educação e Previdência, por
exemplo. Justo num momento em que há filas à espera de receber o tal do
Auxílio Brasil, justo depois do longo período em que as crianças
estiveram afastadas fisicamente da escola por causa da pandemia. Há
risco real, dizem servidores experientes, de que a Previdência fique sem
dinheiro no caminho.
Mas
ficou no orçamento a reserva que permite dar aumento ao pessoal armado,
e só ao pessoal armado, evitando que os demais funcionários públicos,
sem aumento há tanto tempo quanto os policiais, tenham reajuste.
Conta, conta...
Lembra
de um caso escandaloso, de imensa repercussão, que envolvia a
localização de R$ 51 milhões do deputado Geddel Vieira Lima em Salvador,
num apartamento? Já se passaram quase cinco anos. Ninguém vai responder
se o dinheiro era só para o deputado ou também para outras pessoas?
Aliás, quem deu esse dinheiro? E qual o motivo de tão generoso presente?
Embora faça tempo, onde estão as respostas?
E,
aproveitando que o “Jacaré”, velho amigo de Bolsonaro, disse que as
“rachadinhas” existiam, sim, e que eram administradas por uma ex-mulher
do presidente, outra dúvida: por que o casal Queiroz depositou R$ 89 mil
na conta da atual esposa de Bolsonaro? Certamente não é corrupção,
porque a propaganda do Governo diz que estamos há três anos sem
corrupção. Então, por que? Tanto o colunista quanto os caros leitores
ficariam felizes de achar esse dinheiro na conta, ainda mais sabendo que
não há corrupção.
...minha gente
O
então vice-líder do Governo Bolsonaro no Senado, Chico Rodrigues, foi
apanhado em casa com um monte de dinheiro oculto na cueca (e, mais
oculto ainda, um rolinho de dinheiro menos avantajado). O senador já
tirou licença (o suplente, que ocupou o lugar, era seu filho), já
voltou, já nem ouve mais piadas nem comentários..., mas de onde surgiu
tanto dinheiro? Por que esconder esta quantia na cueca e em locais ainda
mais recônditos?
Quem
mandou matar a vereadora carioca Marielle Franco? Há executores presos,
que devem ter sido, como se dizia nos velhos tempos, habilmente
interrogados, mas o mandante é ainda misterioso. É preciso investigar
mais.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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