Black Lives Matter, meus caros, não é sobre racismo, é sobre poder político, dominância social de discursos. Pedro Henrique Alves para o Instituto Liberal:
“Ontem,
em protesto após o assassinato de um homem negro, manifestantes
“botaram” fogo em uma filial do Carrefour em São Paulo. A funcionária,
desesperada, aparentemente gerente, foi apagar o fogo, colocando-se em
risco em nome do trabalho que a sustenta. Ela também é negra.
Tocqueville
mostrava, em Democracia na América, que manifestos sem inteligência
logo se tornam a ruína de um ideal. A causa negra, enquanto movimento,
tropeça na própria burrice, chafurda na tirania socialista que cultua.”
Esse
foi o comentário que fiz ao protesto violento que se seguiu à morte de
João Alberto. Para quem não está inteirado do assunto que está
movimentando 99% da lacrolândia, seja de direita ou de esquerda, deixo o link aqui
para que possam entender melhor as minhas considerações a seguir. O
fato é que, após expressar o que está acima, fui chamado de racista e
alguns “neonegros” ―maneira como o sociólogo socialista Antonio Risério
denomina essa turba “antirrascista” de modus fascista ― começaram a me
repudiar.
Na mesma sexta-feira, eu já havia repudiado o claro absurdo do ato assassino dos seguranças com a seguinte postagem:
“Um
homem foi espancado até a morte, ontem, por seguranças do Carrefour. A
justificativa foi que ele ameaçou uma funcionária do estabelecimento. A
percepção sadia da realidade sabe identificar a gradação do absurdo; uma
ameaça, por mais abjeta que seja, não merece um espancamento até a
morte. Atitudes como essa revelam a doença, o descontrole em que a
humanidade está encerrada.
Meus pêsames à família, e meus votos de que a justiça seja exemplarmente feita o quanto antes”.
Porém,
obviamente, não foi o suficiente; claro, diriam alguns, ousei não atear
fogo em nenhuma sucursal do Carrefour em nome do antirracismo e do amor
à humanidade. No entanto, há um problema em me chamar de racista: o
homem que me criou, e que tenho a honra de chamar de pai, é esse negão
aí na foto. A minha educação é referenciada nele; os valores que me
norteiam aprendi na escola “Beto Florentino”. Um desses valores passados
lá em casa, principalmente pelo exemplo da minha mãe, branquela que só
ela, é que cor de pele não define caráter. Tanto é verdade que escolheu
um “homem de cor” para colorir a vida minha e da minha irmã, para
particularmente me ensinar a ser um homem íntegro, digno ao ponto de não
me dobrar a grupos que tentam intimidar e se impor no berro.
Não vou “dar pano pra manga” nesse pseudodebate histericista que hoje aflora nas redes; afinal, 99% desses discursos belicosos, dos autointitulados defensores dos negros, baseiam-se num idiotismo e analfabetismo político e não em uma justa luta social contra o racismo. Há tempos que os negros estão sendo usados iguais a papéis higiênicos por ideologias politiqueiras. Isso sim é racismo.
Eu
concordo em partes com o discurso do Black Lives Matter: o negro
continua escravo, só que agora é escravo de uma ideologia, de um
movimento do qual ele simplesmente não pode escolher não fazer parte ―
essa parte eles não contam. Atualmente o negro ― enquanto símbolo ― está
suspenso numa jaula política, sobre as cabeças dos indivíduos, a fim de
que todos contemplem o seu coitadismo histórico. Sim, ele está à mostra
no circo político da contemporaneidade, tornou-se um símbolo desalmado
de uma causa que encontrou na negritude alheia aquilo que não colou no
proletariado.
Só
me permitam repetir de forma mais enfática, a fim de que não restem
dúvidas sobre a minha análise da causa negra esquerdista: o negro do
século XXI, de certa maneira, realmente não é livre, mas pasmem, a culpa
não é do capitalismo – nem do patriarcalismo branco(!), mas sim da
esquerda que agora o adestra numa coleira ideológica denominada de
“causa negra” ou “antirracismo”; seu novo quilombo é um discurso
moralista do qual ele não pode sequer discordar ― não se quiser
continuar com as benesses de ser um negro… NEGRO… isto é, um negro digno
de ser defendido… um negro de esquerda, em suma.
Simone
Barreto Silva, por exemplo, foi assassinada mês passado, na França, por
um muçulmano que julgou que o sangue dela, por ser uma católica, seria a
passagem direta para um céu de virgens prontinhas para satisfazer às
suas libidos escatológicas. Simone era negra, mas, se eu contar a vocês,
“meninxs”, que não houve nenhum protesto de neonegros em nenhuma
mesquita do mundo em nome da Simone, vocês acreditam? Não “tacaram” fogo
em nada… Por que será? Calma, eu respondo. A Simone não servia ao
discurso, entendem? O sangue dela não era tão importante assim para a
causa… capisce? Não era uma negra… NEEEEGRAAAAA…
Não
sei vocês, eu ainda sou do poviléu da coerência, acho gostosinho aquilo
que costumeiramente se convencionou chamar de “lógica”, “nexo”. Por
isso, se a morte injusta de um negro te revolta, mas a morte injusta de
um branco ― amarelo, vermelho, roxo, fúchsia, sei lá ― pouco lhe
interessa, então, cá entre nós, você não luta contra o racismo, apenas
escolhe o racismo que lhe convém. Black Lives Matter, meus caros, não é
sobre racismo, é sobre poder político, dominância social de discursos.
Se vocês realmente se importam com as suas liberdades de expressão e
todas as demais, então é bom que entendam isso rapidamente.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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