O
artista plástico Eduardo Kobra renova a tradição de pintar murais em
Olimpíadas e agora leva a sua arte para a cidade francesa de Saint-Ouen,
base da delegação brasileira durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024. A
convite da Prefeitura local, ele produziu o mural “Voz da Liberdade”,
inspirado na tela “A Liberdade guiando o povo”, de Eugène Delacroix,
representando vitória e superação. A obra foi inaugurada na última
quinta-feira (13).
Neste
trabalho, Kobra apresenta uma reinterpretação vibrante e contemporânea
de Marianne, símbolo da liberdade e da Revolução Francesa, que aparece
como protagonista da tela de Delacroix. Com um toque moderno, a imagem
captura Marianne em uma pose de determinação e ação, segurando uma
bandeira que proclama "Sois ton propre héros" (Seja seu próprio herói).
“Acredito
na potência do esporte como uma engrenagem que transforma vidas. Quero
deixar um legado com o mural para trazer inspiração aos atletas e
mostrar a importância da garra e perseverança na realização dos sonhos”,
comenta Kobra.
“Quando
falamos em democratização da excelência, quando falamos em beleza,
quando falamos em projeção, quando falamos em melhorar a vida das
pessoas por meio da cultura, hoje isso ganha todo o seu significado
através deste mural. Ele incorpora os valores que defendemos diariamente
para os Audonianos e Audonianas”, explica Karim Bouamrane, prefeito de
Saint-Ouen-sur-Seine e vice-presidente do Conselho Departamental de
Cultura.
O
mural faz parte do projeto beneficente “Seja seu Próprio Herói”,
idealizado pela esgrimista campeã mundial brasileira Nathalie
Moellhausen para apoiar instituições brasileiras de esgrima. A atleta
vai disputar a medalha inédita na modalidade. Os Jogos de Paris vão
acontecer entre 26 de julho e 11 de agosto.
A
parceria que une a arte ao esporte começou com a pintura de três
máscaras de esgrima. O artista plástico retratou Mahatma Gandhi, Madre
Teresa Calcutá e um leão. A proposta foi valorizar grandes
personalidades da História e simbolizar a força e a agilidade de um
herói, caracterizada pelo grande felino. Os itens estão à venda para
beneficiar instituições sociais brasileiras de esgrima com o objetivo de
ajudar crianças a participarem de campeonatos.
“Desejo
que todas as crianças do mundo com um sonho de ouro tenham a chance que
eu tive para torná-lo real e heróis de si mesmas”, diz Nathalie.
Arte nas Olímpiadas
Kobra
estreou a produção de obras dedicadas às Olimpíadas na época do Rio
2016, quando o Brasil e a América Latina sediaram pela primeira vez o
maior evento esportivo do mundo. Em parceria com o Comitê Olímpico
Internacional (COI), ele fez o mural Etnias, produzido no Boulevard
Olímpico para expressar a diversidade dos povos. A obra de três mil
metros quadrados entrou no Guinness World Records como o maior grafite
do mundo.
Assim como os arcos olímpicos, a arte simboliza cinco tribos, uma de cada continente: huli
(Oceania), os mursi (África), os kayin (Ásia), os supi (Europa) e os
tapajós (Américas). Duas linhas verde e amarela, pintadas na região dos
olhos de cada representante, conectam as nações e personificam a paz e a
união.
Além
de significar um momento histórico na carreira de Kobra, o projeto –
que faz parte do legado olímpico – foi um marco para cariocas e
turistas. A revitalização do porto do Rio, conhecido como Porto
Maravilha, transformou a região com opções de lazer, cultura e
mobilidade urbana.
Também
em 2016, pouco antes dos jogos aconteceram na capital fluminense, Kobra
coloriu a sede das Olimpíadas de 2020, Tóquio, com grandes símbolos da
Cidade Maravilhosa. As artes fazem uma conexão entre o Brasil e o Japão.
Na fachada da Embaixada Brasileira na capital japonesa, retratou os
principais nomes da bossa nova, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Na região de Minami-Ikebukuro, o artista plástico pintou um mural que apresenta o Cristo Redentor, uma das sete Maravilhas do Mundo, e o calçadão de Copacabana.
Sobre Eduardo Kobra
Nascido
na periferia de São Paulo em 1975, Eduardo Kobra alcançou
reconhecimento global como um dos artistas mais renomados da atualidade.
Sua jornada artística começou como pichador na adolescência. Ao longo
dos anos, Kobra desenvolveu seu estilo marcante de muralismo,
caracterizado por cores vibrantes e contrastantes, e sua habilidade em
retratar personalidades, fatos históricos e questões sociais em murais
gigantescos.
Com
obras em cinco continentes, Kobra quebrou recordes de tamanho de
murais, incluindo o maior mural grafitado do mundo. Seu trabalho ganhou
visibilidade internacional, com destaque para a obra “O Beijo” em Nova
York. Além disso, ele recebeu convites de galerias, museus e
organizações, incluindo a ONU, para exibir suas obras e participar de
projetos de prestígio.
Kobra
também se envolve em causas sociais, usando a arte como veículo para
promover mudanças positivas. O Instituto Kobra busca aproximar a cultura
a quem tem menos acesso e apoiar causas humanitárias, enquanto suas
parcerias com empresas contribuem para viabilizar seus projetos públicos
de grande escala. Sua trajetória é um exemplo inspirador de como a arte
pode transcender fronteiras e causar impacto positivo no mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário