MEDIÇÃO DE TERRA

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terça-feira, 7 de novembro de 2023

Novembro Negro: conscientização e combate ao racismo no ambiente de trabalho



As especialistas em diversidade e inclusão, Kaká Rodrigues e Renata Torres, abordam o papel das empresas na luta contra o preconceito racial 

O mês de novembro ressalta uma importante luta diária da população negra, propondo à sociedade como um todo reflexões e ações na busca da conscientização sobre igualdade, respeito e antirracismo por meio do movimento que ficou conhecido como “Novembro Negro” - não por acaso, no mês em que se celebra o Dia da Consciência Negra (20). 

No ambiente de trabalho, o racismo se manifesta de diversas formas, desde a dificuldade de acesso a vagas de emprego até o preconceito e a violência cotidiana. Segundo uma pesquisa da empresa CEGOS, 75% das empresas brasileiras apontam o racismo como principal discriminação no ambiente de trabalho. Outro estudo, realizado pelo movimento Potências Negras, revelou que 63% das mulheres negras já sofreram com preconceito durante processos seletivos para vagas de emprego, sendo que 62% já passaram por esta situação mais de uma vez. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de desemprego entre a população negra é maior do que entre a população branca - no primeiro trimestre deste ano, era de 11,3% entre os que se autodeclararam pretos, 10,1% entre os pardos e 6,8% entre os brancos. 

“Nós temos ainda a desigualdade salarial que persiste, com as pessoas negras ocupando predominantemente cargos operacionais e de menor remuneração. Essa desigualdade também se manifesta em oportunidades de ascensão na carreira, já que muitas pessoas negras enfrentam barreiras para alcançar cargos de liderança”, exemplifica Kaká Rodrigues, co-founder da consultoria Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão. “Este é um cenário que não pode mais ser ignorado. É necessário que as empresas se comprometam com o combate ao racismo institucional, que é aquele que está enraizado nas instituições públicas e privadas, e se manifesta quando os grupos que estão no poder mobilizam mecanismos institucionais para impor seus interesses políticos, econômicos culturais e sociais, levando o racismo estrutural para dentro das instituições”, explica a especialista. 

O racismo estrutural - quando o preconceito e a discriminação racial estão consolidados na organização da sociedade, privilegiando determinada raça ou etnia em detrimento de outra - impede que as pessoas negras tenham as mesmas oportunidades e direitos que as pessoas brancas, perpetuando as desigualdades históricas e sociais, como ressalta Renata Torres, também co-founder da consultoria Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão. “Antes de tudo, é preciso reconhecer que existe o racismo estrutural, esse é o primeiro passo da conscientização para a mudança, e enxergar que ele afeta negativamente não só as pessoas negras, mas toda a sociedade”, destaca.  

Kaká Rodrigues evidencia também que essa visão mais concreta pode ser inserida dentro do ambiente a partir de um movimento interno. “O ativismo negro dentro das empresas é uma forma de conscientizar, denunciar e transformar as práticas e as políticas organizacionais que reproduzem o racismo. Ele é importante porque dá voz e visibilidade às demandas e às experiências das pessoas negras neste ambiente e promove a valorização da diversidade e da inclusão”, comenta a co-founder da Div.A, ressaltando que o ativismo negro também contribui para o desenvolvimento profissional e pessoal das pessoas negras, que se sentem mais acolhidas, respeitadas e motivadas a crescer nas empresas. 

Renata Torres reforça que as organizações podem agir ativamente para criar um ambiente mais igualitário para todos e conscientizar as pessoas colaboradoras sobre o tema. “As empresas podem criar comitês ou grupos de afinidade racial, que sejam espaços de diálogo, apoio e proposição de ações antirracistas internas; oferecer treinamentos e capacitações sobre diversidade e letramento racial; implementar políticas de recrutamento e seleção que garantam a equidade racial, como cotas, metas e programas de estágio ou trainee voltados para pessoas negras; estabelecer planos de carreira e de remuneração que valorizem o desempenho e o potencial das pessoas negras, evitando disparidades salariais e barreiras para a ascensão profissional; e promover ações de responsabilidade social e engajamento com a comunidade negra”, exemplifica. 

Apesar do tema ser mais debatido e ganhar destaque durante o Novembro Negro, as especialistas destacam a importância da continuidade dessas ações durante todo o ano. “Precisam ser atividades consistentes e transparentes dentro da empresa, não se limitando a momentos pontuais ou meramente simbólicos. As organizações devem assumir um compromisso ético e social com a promoção da igualdade racial, reconhecendo que isso é benéfico não só para as pessoas negras, mas para toda a organização e para toda a sociedade”, concluem Kaká Rodrigues e Renata Torres.Fotos anexas:

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Renata Torres e Kaká Rodrigues
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Kaká Rodrigues
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Renata Torres

Informações para a imprensa:àsClaras ComunicaçãoSusana de Souza Tel.: (16) 98117-4920

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