Violência contra a mulher: psicologia como ferramenta de acolhimento e reconstrução emocional
Marcando
o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, celebrado
em 25 de novembro, o Instituto Suassuna chama atenção para os impactos
emocionais vividos pelas vítimas e para a necessidade de redes de apoio
mais estruturadas. Segundo a ONU Mulheres, uma em cada três mulheres no
mundo já sofreu algum tipo de violência física ou sexual. No Brasil,
dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostram que,
somente em 2023, 1,6 milhão de atendimentos por violência doméstica
foram realizados em delegacias e serviços de saúde, um aumento de 12% em
relação ao ano anterior.
Para Danilo Suassuna, doutor em psicologia e diretor do Instituto Suassuna,
a violência deixa marcas que ultrapassam os episódios físicos e se
manifestam no cotidiano, na forma como a mulher se relaciona consigo
mesma e com o ambiente. “Quando falamos de violência, falamos também de
medo constante, vigilância extrema, dificuldade de tomar decisões e
ruptura do senso de segurança. É um processo que exige compreensão
técnica e disponibilidade para a escuta”, afirma.
Ciclo emocional e sinais que antecedem a violência
Pesquisas
internacionais apontam que o ciclo de violência costuma começar por
sinais emocionais muitas vezes invisíveis para a própria vítima. Entre
eles estão isolamento progressivo, diminuição de vínculos sociais,
desqualificação frequente, invasão de privacidade e controle sobre
rotinas ou finanças. Para Suassuna, reconhecer esses padrões é
fundamental.
“É
comum que mulheres não identifiquem os primeiros sinais porque a
agressão não aparece imediatamente como violência física. Muitas vezes
ela se apresenta na forma de controle, humilhação ou manipulação. Esses
indicadores precisam ser vistos como alerta”, explica.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mulheres que vivenciam
violência doméstica apresentam probabilidade até três vezes maior de
desenvolver transtornos depressivos e ansiosos. O impacto também atinge o
desempenho profissional, relações familiares e até a saúde física, com
alterações de sono, apetite e concentração.
Por que tantas mulheres não conseguem pedir ajuda
Apesar
do aumento nos registros, especialistas apontam que a maioria dos casos
ainda não chega aos serviços de proteção. De acordo com a ONU Mulheres,
mais de 70% das brasileiras que sofrem agressões não procuram apoio
formal.
Danilo Suassuna lista fatores que contribuem para o silêncio:
- medo de retaliação;
- dependência financeira;
- vergonha;
- falta de informação;
- descrença na rede de apoio;
- isolamento provocado pelo agressor.
“Quando
a mulher internaliza a ideia de que não será acolhida ou de que a culpa
é dela, o risco aumenta. Por isso é tão importante que haja
profissionais e instituições preparados para oferecer uma escuta
técnica, sem julgamento”, destaca.
Acolhimento psicológico como parte da prevenção
Segundo
o Instituto Suassuna, o atendimento psicológico exerce papel essencial
na reconstrução emocional e no fortalecimento da autonomia da vítima.
Não se trata apenas de tratar consequências, mas de oferecer um ambiente
seguro para organizar percepções, compreender riscos e planejar
caminhos.
“O
acolhimento psicológico ajuda a mulher a perceber que não está sozinha e
que existem alternativas de proteção. É um espaço para nomear o que
aconteceu, reorganizar suas referências e recuperar a autonomia que foi
abalada pelo ciclo de violência”, afirma Suassuna.
Ele
reforça que a psicologia também atua como ferramenta de prevenção,
auxiliando profissionais de escolas, unidades de saúde, serviços sociais
e demais instituições a identificar padrões de vulnerabilidade antes
que o quadro se agrave.
Rede de apoio: onde buscar ajuda
Para mulheres que enfrentam situações de risco, especialistas recomendam procurar:
- Disque 180, canal nacional de denúncia e orientação;
- Delegacias da Mulher ou delegacias comuns quando não houver unidade especializada;
- UPAs e hospitais, que podem registrar a violência e encaminhar para suporte;
- Centros de Referência de Assistência Social (CRAS/CREAS);
- Redes locais de apoio, como serviços municipais de proteção, grupos comunitários e ONGs.
Para
Suassuna, informação clara é um dos fatores que mais salvam vidas.
“Saber onde pedir ajuda e qual é o próximo passo reduz o medo e aumenta a
chance de ruptura do ciclo. Quanto mais pessoas conscientes do que é
violência e de como agir, maior a proteção coletiva.”
Educação e informação como instrumentos de mudança
O
Instituto Suassuna reforça que o combate à violência não deve ser
restrito a datas comemorativas. A instituição defende a ampliação de
campanhas informativas, debates em escolas, programas de formação para
profissionais de saúde e assistência e políticas de prevenção dentro dos
territórios.
“A
violência contra a mulher é um fenômeno que atravessa famílias,
comunidades e gerações. O enfrentamento precisa ser constante,
articulado e informado. Quando a sociedade compreende os sinais e acolhe
sem julgamento, abrimos caminho para romper ciclos que se repetem há
décadas”, conclui Suassuna.
Sobre Danilo Suassuna
Danilo
Suassuna é psicólogo, doutor e pós-doutor em Psicologia pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Atua com adolescentes e
jovens adultos, unindo ciência, escuta e presença para compreender os
desafios emocionais da vida contemporânea.
Autor
de mais de oito livros em áreas como psicologia clínica, reprodução
humana e assistência psicológica ao parto, é também presidente do
Instituto Brasil Central de Educação e Saúde (IBCES) — uma organização
voltada à integração entre educação, saúde e cultura — e fundador do
Instituto Suassuna, referência na formação de psicólogos atuantes.
Pelo
Instituto, Danilo lidera iniciativas que ampliam o mercado de trabalho
da psicologia, mostrando o bem potencial máximo da profissão na vida das
pessoas. É também diretor da Editora Suassuna, que publica obras de
referência na área, e coordenador da SUA Rádio, canal reconhecido pelo YouTube Health por levar conteúdo sobre saúde mental ao grande público.
Sua
trajetória une pesquisa, clínica e comunicação, com o propósito de
tornar a psicologia mais próxima das pessoas — uma ferramenta real de
transformação individual e coletiva.
Para mais informações acesse o instagram: @danilosuassuna.
Sobre o Instituto Suassuna
O
Instituto Suassuna realiza congressos, seminários, workshops e
extensões voltadas aos profissionais da psicologia. E para isso, conta
com um time de especialistas em educação. O instituto utiliza o Google
for Education para transformar a maneira como os alunos e professores
aprendem, trabalham e inovam juntos. A metodologia utilizada transforma o
ensino em aprendizagem permitindo que os alunos evoluam no próprio
ritmo, resultando em solucionadores de problemas criativos e também em
colaboradores eficientes.
Tudo
é pensado e entregue com o objetivo de direcionar os produtos,
funcionários, programas e filantropia para um futuro em que os alunos
tenham acesso à educação de qualidade que eles merecem e que com isso,
possam transformar o mundo.
Para mais informações, acesse o site ou através do instagram e canal no youtube.