Cobertura nacional, por outro lado, priorizou as frentes política e social, destacando atos golpistas e crise humanitária em terras indígenas
“Brasil” e “crise” são termos que se combinam com alguma frequência, não só por aqui, mas também no exterior. De janeiro a setembro deste ano, mais de 12,6 mil reportagens em veículos de imprensa internacionais fizeram esta ligação, explorando questões políticas, financeira e ambientais, mas principalmente corporativas. De acordo com pesquisa global inédita da Imagem Corporativa, realizada pelo centro de estudos See Suite da Universidade de Georgia (EUA), a atenção dada aos casos de Americanas e trabalho escravo em vinícolas brasileiras superaram episódios da esfera política como os atos golpistas de janeiro e o escândalo das joias, envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em março.
A cobertura de crises corporativas brasileiras no exterior ocupou 27% do noticiário internacional sobre o País, enquanto as reportagens sobre os eventos políticos respondem por 24% do total. Crises financeiras (15%), ambientais (14%), sociais (13%) e relacionadas a esportes (7%) completam a lista. Segundo a Imagem Corporativa, a cobertura nacional teve prioridades distintas da internacional. A imprensa brasileira deu mais espaço às crises políticas, que ocuparam 31% do noticiário no período analisado; seguidas pelos escândalos sociais, como a crise humanitária em terras Yanomamis, fome e miséria (24%); e 19% do espaço foi dedicado para questões corporativas. Apesar de as crises serem automaticamente associadas a um cenário negativo, perda de prestígio e mesmo prejuízo para as relações comerciais, a pesquisa destaca que apenas 23% do noticiário internacional foi efetivamente negativo. A maior parte das reportagens (mais de 75%) foi considerada neutra, relatando com parcimônia e moderação os assuntos por elas abordados. Além disso, 1% (168 reportagens) do noticiário internacional relacionado a crises retratou o Brasil de forma positiva – por exemplo, na atuação do governo em questões ambientais relacionadas à Amazônia e em relação aos conflitos internacionais como a guerra na Ucrânia. A maioria das reportagens analisadas foi veiculada em veículos dos EUA (57%), Índia (7%), Reino Unido (5%), Canada (4%) e Austrália (3%).Nota Metodológica
O levantamento foi idealizado pelo Núcleo de Inteligência de Dados da consultoria Imagem Corporativa e executado em parceria com a Universidade da Georgia. Foram consideradas apenas reportagens em língua inglesa, independentemente de seu local de publicação. Vale notar que se uma história não foi enquadrada como crise pelo veículo que a publicou, não estará contemplada no conjunto de dados analisados.
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