segunda-feira, 25 de setembro de 2023

A mulher que derrota Biden: pesquisas bombam candidatura de Nikki Haley.

BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

Ex-governadora está a milhares de pontos de Donald Trump, mas é a única pré-candidata do Partido Republicano a bater o presidente. Vilma Gryzinski:


Os americanos querem alternativas e isso aparece nas pesquisas. Nikki Haley, que foi governadora da Carolina do Sul e embaixadora na ONU durante o governo Trump (tendo saído por motivos não revelados até hoje) virou uma surpresa: é a única aspirante à Casa Branca que bate Joe Biden fora da margem de erro, por 49% a 43%.

Isso a coloca num patamar acima das visões depreciativas — “Está concorrendo a vice-presidente de Trump” —, embora tão distante que pareça apenas uma mosca tentando posar no bolo do ex-presidente.

Pelas pesquisas, ela tem apenas 6,5% das preferências entre os eleitores republicanos que votarão nas primárias. Donald Trump arrasa com 53%, um número que aumenta cada vez que vira réu num novo processo na justiça.

Halley, de 51 anos, critica a gerontocracia atual e defende um teste de aptidão para candidatos já bem entrados em anos. Tipo Joe Biden. Aos 80 anos, ele perturba até os mais fiéis simpatizantes com atitudes que parecem indicar deterioração neurológica. A última, de uma longa lista, foi condecorar num palco um militar veterano e bater em retirada, antes que a cerimônia terminasse. Totalmente perdido.

Nada menos que 67% dos eleitores democratas não querem que Biden se reeleja; 56% estão “seriamente preocupados” com seu “nível atual de competência física e mental”.

O problema é que, como presidente, ele tem toda a máquina do partido a seu favor e nenhum outro pré-candidato democrata realmente brilhante no firmamento. Muitos democratas também se inclinam por Biden porque acham que só ele tem condições de derrotar Trump.

Uma pesquisa do Wall Street Journal deu os dois veteranos exatamente empatados, com 46% dos votos cada um.

É aí que aparece o apoio a uma candidata como Nikki Haley: mulher, com aparência jovem e ideias equilibradas, embora sem arroubos de brilho ou carisma. Os trumpistas a criticam principalmente pelo apoio à política de armar e sustentar a resistência ucraniana — coincidindo nisso com a esquerda brasileira.

Nikki é filha de imigrantes indianos que seguem a religião sikh, o que acrescenta um apelo extra: ninguém repararia que ela pertence a uma minoria étnica, “marrom”, na horrenda descrição dos americanos, e ela não faz disso uma bandeira de primeira linha.

Mulher de minoria étnica, bem sucedida pelos motivos tradicionais — estudo e mais estudo — e de posições conservadoras, sem arroubos exagerados que viraram uma marca da era trumpista (“As mulheres não podem ser criminalizadas” na questão do aborto) , é uma coisa que perturba as fileiras mais à esquerda. Já foi chamada de “serenamente hipócrita” pelo New York Times.

Enfrentar, ao mesmo tempo, a esquerda e a direita trumpista requer couro grosso. Michael Wolff, autor do primeiro livro que deveria enterrar Trump para todo o sempre — muitos outros se sucederam, sem sucesso até agora —, mais do que insinuou que Haley tinha tido um caso com o então presidente. Ela respondeu com classe, abarcando todo o espectro enfrentado por mulheres que vão para a linha de frente da política: “Eu gosto disso? Não. É certo? Não. Vai me impedir de avançar? De jeito nenhum”.

Todos os candidatos que não se chamam Donald Trump ou Joe Biden estão apostando, em silêncio, no destino. Trump pode ser condenado e Biden pode não aguentar o tranco, incluindo o próximo processo contra seu filho, Hunter, e daí o jogo vira. Os pequenos crescem, a competição entra num campo cheio de incógnitas e nomes como o de Nikki Haley podem sair do nicho.

Ou já estão saindo.
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