No
último dia 26 de outubro, aconteceu, no Parque Tecnológico do SENAI
CETIQT, o 1º Bioeconomia em Rede, uma iniciativa da Rede
MCTI/EMBRAPII de Inovação em Bioeconomia lançada em outubro com o
objetivo de estimular e fomentar a atividade de PD&I entre centros
de pesquisa e empresas, agregando valor e sustentabilidade à bioeconomia
brasileira. O evento reuniu especialistas de diversos segmentos que
debateram, por meio de palestras e mesas-redondas, as “Expectativas e
Desafios” envolvidos no desenvolvimento do ecossistema de inovação em
Bioeconomia, promovendo conexão, diálogo e evidenciando oportunidades
para os negócios. O evento foi apresentado pela Coordenadora de
Inteligência Competitiva do SENAI CETIQT, Victoria Santos e aberto pelo
Gerente do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos (SENAI CETIQT),
João Bruno Valentim, saudando os presentes.
O
professor de Engenharia Química da UFRJ, Fábio Oroski, iniciou o evento
apresentando o painel “Ecossistemas de Inovação para a Bioeconomia”. “A
gente pode olhar a economia sob duas perspectivas: a da demanda e da
oferta. Ouso dizer que, por algum momento, a gente consegue perceber que
o que há de mais forte na agenda do desenvolvimento da economia é uma
tensão para a estruturação da oferta. Mas, diante do desenvolvimento de
uma Bioeconomia voltada para a biodiversidade, é importante que a gente
também insira o desenvolvimento de demandas, principalmente as
não-estruturadas. Como estamos diante de uma enorme potencialidade de
recursos de produtos que devem ser obtidos, esforços tecnológicos e
desenvolvimentos de aplicações devem ser contemplados quando a gente
está discutindo o sistema de inovação em Bioeconomia. Muitos setores
ainda são emergentes e se estruturam como processos de inovação e a
gente olha para a estruturação da Bioeconomia a partir de quatro
dimensões: matérias-primas, tecnologias, produtos e, a partir de um
encapsulamento dessas três dimensões, uma quarta, que chamamos de
‘modelo de negócios’. Os desafios na estruturação das cadeias na chamada
Bioeconomia da Biodiversidade incluem acesso estruturado à
matéria-prima; logística e desenvolvimento de canais de distribuição e
comercialização; estruturação local; divisão equilibrada de atividades e
margens; incorporação do conhecimento tradicional no desenvolvimento da
bioeconomia da biodiversidade; e posicionamento mercadológico, entre
outros”, revela.
Vanderlan Bolzani,
Mestre e Doutora em Ciências pelo Instituto de Química da Universidade
de São Paulo, professora titular do Instituto de Química de Araraquara
da Universidade Estadual Paulista e membro da coordenação do programa
BIOTA-FAPESP, iniciou a palestra “Mapeamento da biodiversidade e suas
oportunidades” falando sobre sua paixão pela biodiversidade do planeta e
como nossos recursos são pouco utilizados e valorizados. “Nós temos
seis biomas distintos que, se forem extintos, sumiremos com eles também.
Essa é uma preocupação na comunidade europeia, nos Estados Unidos e na
Austrália. Quando falamos de biodiversidade, frequentemente pensamos em
alimentos; porém os fármacos; agroquímicos; têxtil; madeira;
combustível; material de construção; e cosméticos – também podem
representar uma indústria bilionária a partir da natureza. A ciência em
produtos naturais é muito cara. Para o setor empresarial, que quer
investir em Bioeconomia, é preciso saber que não é barato, que tem que
haver investimento alto. Não temos política de Estado, temos política de
governo. Precisamos de base de dados da biodiversidade brasileira, que é
importante para o conhecimento dos nossos produtos naturais; precisamos
de projetos de pesquisa de longa duração e com grande financiamento;
mostrar para o setor empresarial que a pesquisa em produtos naturais é
importante para a Bioeconomia. A boa ciência gera boa tecnologia”,
ressaltou.
O
Gerente de Economia Circular e Sustentabilidade na Europa e Ásia pela
Braskem, Lucas Palhares, apresentou a palestra “Bioeconomia como
direcionador estratégico dos negócios”. Durante sua apresentação, Lucas
falou um pouco sobre a história da Braskem - empresa petroquímica de
atuação global, com o propósito de criar soluções sustentáveis da
química e do plástico - na trajetória sobre a economia circular e de
carbono neutro. Ele explicou que a empresa acredita que o plástico e a
química fazem a vida das pessoas melhores e, por isso, investem em
polietileno verde, um plástico feito da cana-de-açúcar. “A gente tem um
programa de descarbonização completo que busca implementar a redução em
15% até 2030. No inventário de carbono da Braskem tem alguns pilares de
ação então é preciso ter esse mindset na
equipe industrial considerando isso nos projetos e colocar como fator
na tomada de decisão do investimento”, disse Lucas, também ressaltando
que um dos objetivos da empresa em relação a biopolímeros é quintuplicar
a produção, podendo chegar, em 2030, a 1 milhão de toneladas, se
consolidando como a maior produtora do mundo.
O que é a Bioeconomia
De
acordo com o Portal da Indústria, Bioeconomia é a ciência que estuda os
sistemas biológicos e recursos naturais aliados à utilização de novas
tecnologias com propósitos de criar produtos e serviços mais
sustentáveis. A Bioeconomia está presente na produção de vacinas,
enzimas industriais, novas variedades vegetais, biocombustíveis,
cosméticos entre outros. Ela emprega novas tecnologias a fim de originar
uma ampla diversidade de produtos. Engloba as indústrias de
processamento e serviços e relaciona-se ao desenvolvimento e à produção
de fármacos, vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais e
animais, bioplásticos e materiais compósitos, biocombustíveis, produtos
químicos de base biológica, cosméticos, alimentos e fibras.
O SENAI CETIQT
O
Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – SENAI CETIQT – é
formado pela Faculdade SENAI CETIQT, Instituto SENAI de Inovação em
Biossintéticos e Fibras e pelo Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e de
Confecção, que é o responsável pela gestão dos projetos integrados com
SEBRAE e com o Grupo SOMA. Inaugurado em 1949, é hoje um dos maiores
centros de geração de conhecimento da cadeia produtiva química, têxtil e
de confecção, setores que juntos geram cerca de 11,9 milhões de
empregos no país.
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