Coluna de Alexandre Garcia, publicada pela Gazeta:
Na penúltima noite do ano, uma tragédia em Santos, na Vila Belmiro,
que é conhecida nacionalmente por ter o estádio do Santos. Um elevador
que estava subindo para o nono andar, com quatro pessoas da mesma
família, despencou, matando as quatro, inclusive um jovem. Além dele,
uma senhora – mulher de um suboficial da Marinha –, o irmão dela e a
mulher dele. Livrou-se um menino que disse que ia pela escada.
A gente vê as declarações do condomínio, da Marinha, da prefeitura.
Todas dizendo que o elevador estava em dia, todos os papéis estavam em
dia, todas as revisões tinham sido feitas, a manutenção trimestral
estava feita também. Estava tudo normal.
Não, não estava normal. O elevador caiu. Se estivesse tudo normal, o
elevador não teria caído. Existe uma coisa chamada Lei da Gravidade, e o
elevador não resistiu a isso. Não teve nem aquele dispositivo de
segurança que tranca quando ele atinge uma velocidade descendente.
A gente tem a mania aqui no Brasil de dar mais importância ao papel e
não ao mundo real. Eu vejo nas estradas que a primeira coisa que o
fiscal pede são documentos, papéis. A primeira coisa deveria ser olhar
como estão as luzes do carro, os pneus, verificar amortecedor, direção,
freio. Isso é mais importante do que papel. Mas, aqui no Brasil, nessa
cultura burocrática, é duro.
Recuperação
Eu gostaria de falar um pouquinho do ano do qual nos despedimos na
noite passada. Foi o ano em que nos livramos de uma infecção. Uma
infecção que atingiu a célula do país, que é a família. Os neurônios dos
nossos filhos, em algumas escolas e faculdades. Atingiu a musculatura
da economia, que é o emprego, o trabalho. E a própria coluna vertebral
do país, que é o respeito às leis e a ética. Estou falando da corrupção,
do intencional enfraquecimento de valores que mantêm o país unido.
Escapamos disso depois de anos de tentativas dela de tomar o poder,
enfraquecendo o país. Nos livramos disso em 2019. Tomara que neste 2020,
a gente consiga, enfim, a cura definitiva – ainda estamos em um
processo. E, depois, que consigamos nos vacinar. Nos imunizar do mal que
nos causaram, que debilitou esse país.
Mudanças
O ano de 2019 teve mudanças. Talvez a maior delas, na política, tenha
sido o chefe do Poder Executivo, que é o presidente da República,
mandar no Poder Executivo. Porque antes os ministérios eram entregues a
partidos políticos para que o presidente tivesse votos garantidos no
Congresso.
Esses votos agora são dúvida, mas se conseguiu limpar o Poder
Executivo de um fisiologismo que se aproveitava dos ministérios para
tirar vantagens políticas. Politicamente talvez essa tenha sido a grande
modificação desse ano.
Otimismo
A mostra de que há gente em casa para fazer valer as leis derrubou os
homicídios em uma taxa nunca vista no mundo. E, ao mesmo tempo, mostrou
que tem que haver respeito à lei e valorização da polícia. Com isso, se
melhorou a segurança pública de um modo geral.
E a economia, os números estão aí, não preciso nem comentar. Voltou o
otimismo, e o otimismo vai fazer com que este ano de 2020 seja bem
melhor ainda. Está não apenas voltando o emprego, mas se transformou
desempregados em empreendedores, donos de seu próprio nariz e de seu
próprio bolso.
Foram mudanças que a política liberal na economia conseguiu.
Que tenhamos todos um 2020 ainda melhor.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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