Previsões mundias para o cacau nem citam o Brasil

3.Novembro.2018  JORNAL A REGIÃO

Previsões mundias para o cacau nem citam o Brasil

- ignorando os anúncios da Ceplac de que o país vai aumentar sua produção de forma acelerada nos próximos anos. A análise da Mars, fabricantes dos chocolates M&M's e Snickers, é de que há um risco crescente na oferta de cacau em um dos maiores produtores do mundo.

A Indonésia vem perdendo eficiência no setor, por causa de agricultores envelhecidos, cacaueiros em decadência, pragas e doenças que reduziram tanto a produção que o país se tornou um importador, parecido com o que ocorreu no Brasil.

A solução, para a Mars, é atrair os jovens para a cultura do cacau, incentivando que se tornem produtores. Para isso, a empresa iniciou um projeto que usa quadrinhos e wi-fi gratuito como iscas, em cafeterias montadas especialmente para isso.

“Abrimos uma cafeteria que tem wi-fi e muitas fotos e objetos relacionados com a produção de cacau. Ela atraiu muitos adolescentes por causa da internet", disse Arie Nauvel Iskandar, presidente da Associação de Cacau da Indonésia, à Bloomberg news.

Meta ambiciosa

A associação, que está trabalhando com a Mars e outras empresas para incrementar a oferta de cacau, afirma que a produção poderia aumentar 15%, para 300.000 toneladas, devido ao amadurecimento dos cacaueiros plantados nos últimos anos.

O desafio será manter e ampliar essa oferta. Para isso será lançado um programa nacional para levar a produção a 600.000 toneladas até 2024. “Além de atrair os jovens, o plano tem como meta produzir clones mais fortes e aumentar os recursos contra pragas e doenças”.

Uma safra de 600 mil toneladas poderia atender à crescente demanda dos processadores da Indonésia e abastecer o mercado mundial. "Com as melhores práticas, orientação, fertilizante adequado e materiais certos, conseguiremos cumprir a meta”.

Mercado precisa mais

O aumento da produção pode aliviar a dependência que os produtores de chocolate têm em relação à Costa do Marfim e Gana, maiores produtores mundiais. O mercado global de chocolate cresceu 2,5% entre janeiro e abril, segundo a Nielsen.

“O cacau deve ser visto pelos jovens como uma opção para ter um bom futuro”, diz Iskandar. “Muitos fazendeiros mandam seus filhos para estudar fora, para que eles não sigam os passos do pai, porque sentem que a vida de um fazendeiro é difícil”.

“Temos que dar informações suficientes para eles e para os jovens para mudar essa percepção”, resume. Em nenhum lugar do relatório que prevê a produção mundial dos próximos anos o Brasil é citado como alternativa viável. (Com Bloomberg)