segunda-feira, 31 de julho de 2017

Bolsonaro deverá trocar o PSC pelo PEN, que reviverá o Prona de Enéas


Jair Bolsonaro se fortalece ao trocar de partido
Marco Grillo
O Globo
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), possível candidato à Presidência em 2018, está perto de mudar de legenda e concretizar a entrada no Partido Ecológico Nacional (PEN), ligado a comunidades evangélicas. Em reunião com dirigentes da sigla, o parlamentar acertou os detalhes da filiação — a ficha deverá ser assinada em duas semanas. As conversas incluem a alteração do nome do partido, que perderá o “Ecológico”, para evitar a rejeição de eleitores conservadores, e deverá se chamar Prona, revivendo a legenda do ex-presidenciável Enéas Carneiro.
A notícia foi antecipada pelo site “O Antagonista” e confirmada pelo Globo com o presidente do PEN, Adílson Barroso — a reportagem não conseguiu contato com Bolsonaro neste domingo.
OUTRAS FILIAÇÕES – A tendência é que os três filhos do parlamentar que têm atuação política — o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o deputado estadual Flávio Bolsonaro, da Assembleia Legislativa do Rio, e o vereador Carlos Bolsonaro, da Câmara Municipal do Rio — também deixem o PSC e se filiem ao PEN. Outros integrantes do grupo dos Bolsonaro deverão fazer o mesmo movimento, ocupando, inclusive, cargos na Executiva Nacional do partido. Ao “Antagonista”, o deputado afirmou que a mudança está “99%” fechada.
A relação de Bolsonaro com o presidente do PSC, Pastor Everaldo, já vinha se desgastando e, desde o segundo semestre do ano passado, o parlamentar manifestava a aliados a intenção de trocar de partido. O receio de que o PSC não lhe desse legenda para concorrer à Presidência, firmando aliança com partidos maiores, e até acordos políticos na eleição municipal do ano passado — uma coligação com o PcdoB e o PT na disputa pela prefeitura de São Luís, no Maranhão, o incomodou bastante — motivaram a decisão.
SUSTENTABILIDADE – O PEN vai oferecer a Bolsonaro espaço partidário, fator que, no PSC, ele julgava ser inferior ao que merecia, em função da popularidade conquistada, e um novo nome, para evitar a repulsa do eleitorado com perfil conservador.
— O partido defende a sustentabilidade na economia, na saúde, na segurança e na educação, mas sem radicalismo. Tem um grupo que acha que, com o nome diretamente ligado a um item, as pessoas podem interpretar como um extremismo da ecologia — afirmou o presidente do PEN, Adílson Barroso, vereador em Barrinha (SP). — Está 99% fechada (a filiação de Bolsonaro), porque 100% só depois da assinatura da ficha.
SEM EXTREMISMO – Ao ser perguntado se o posicionamento ideológico de Bolsonaro também seria extremista, Barroso negou: “Não tem nada disso de extremo. (Bolsonaro) É um cara que defende a ordem e a decência. Não tem nada de extremo, nem para um lado nem para o outro. É um cara que luta pela defesa da vida, da família, da prosperidade e da sustentabilidade. Está sendo o noivado perfeito e, com ceretza, em 15 dias será o casamento perfeito” — disse o presidente do PEN.
O PEN conseguiu o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2012 e seu estatuto, em boa parte, é composto por itens que faziam parte do documento do Prona. A legenda chegou a acenar para Marina Silva, quando a criação da Rede a tempo da eleição de 2014 já parecia improvável — à época, ela acabou entrando no PSB. A legenda tem três deputados federais, dois deles integrantes da Frente Parlamentar Evangélica — Erivelton Santana (BA) é da Assembleia de Deus, enquanto Walney Rocha (RJ) integra o Ministério Sarando a Terra Ferida. A sigla elegeu 14 prefeitos no Brasil no ano passado e, de acordo com o site oficial, são 13 deputados estaduais espalhados pelo país.
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