sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Deficiente após tiro em assalto tenta tratar câncer com dinheiro de rifa


Vítima de assalto em 2002 descobriu tumor na faringe no começo de 2015.
Rifa em Macapá será para custear gastos do tratamento com radioterapia.

John Pacheco Do G1 AP
Eulinete trafega em pontes de madeira para chegar em casa (Foto: John Pacheco/G1)Eulinete trafega em pontes de madeira para chegar em casa (Foto: John Pacheco/G1)
Numa cadeira de rodas desde 2002, quando foi atingida por um tiro durante um assalto no Centro de Macapá, a servidora pública Eulinete Nogueira do Rosário, de 47 anos, agora convive com outro drama: a falta de dinheiro para tratar um câncer na faringe, que descobriu no início de 2015.
A mulher conta que recebe um salário mensal de R$ 600, e que sustenta, sozinha, duas filhas, de 22 e 24 anos, e um neto de 1 ano. Ela conta que precisa tratar o tumor maligno descoberto na faringe em outro estado, mas não tem condições de arcar com as despesas.
Eulinete diz que já buscou ajuda no governo do Amapá e aguarda a liberação do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), para iniciar o tratamento de radioterapia e medicamentos.
Enquanto espera, ela recebe a ajuda de amigos, que juntaram prêmios para uma rifa programada para 6 de setembro. Eulinete mora em uma casa de madeira construída em área de periferia, no bairro Jesus de Nazaré, Zona Central da capital. Além das várias dificuldades que diz ter, ela ainda lamenta ter que trafegar pelas passarelas de madeira do local, algumas delas com sério risco de desabar, segundo conta.
Sorteio de rifa no valor de R$ 3 acontece em 6 de setembro em Macapá (Foto: John Pacheco/G1)Sorteio de rifa no valor de R$ 3 acontecerá em 6 de setembro, em Macapá (Foto: John Pacheco/G1)
Apesar das dificuldades, a servidora pública que trabalhou como auxiliar educacional por 16 anos, acredita que a condição em que se recebe a notícia de um câncer pode determinar a forma como encarar a doença. "Não me desesperei, entreguei na mão de Deus. Tem muita gente que fala logo que vai morrer. Quando sofri o assalto, vi que Deus não me abandonou, e mais uma vez estou aqui. Hoje só saio de casa em caso de necessidade, me licenciei da função assim que descobri a doença", falou Eulinete.
Ela conta que a descoberta da doença aconteceu quando começou a sentir fortes dores na garganta, e, achando que se tratava de uma dor oriunda de gripe, tomava antibióticos. Com o passar dos meses, as dores foram aumentando de intensidade, segundo ela, e ao procurar a rede pública não recebeu nenhuma informação sobre câncer. O diagnóstico veio depois, quando procurou uma clínica particular e realizou uma ressonância magnética.
"Já fiquei internada e hoje espero por alguns exames e tratamento, que vai ter que acontecer fora do Amapá. O dinheiro da rifa é para a gente se manter no estado para o qual forem me mandar. As dores continuam e às vezes sinto a minha garganta se fechando. Dói demais", lamentou.
Evento solidário
O sorteio da rifa está programado para acontecer na sede de uma revendedora de carros na Zona Sul de Macapá. Cada rifa custa R$ 3. No dia do evento, haverá programação musical, de lazer e venda de comidas e bebidas. Até o momento foram arrecadados como prêmios, através de doações, uma cestá básica, ventilador, ferro de passar e liquidificador.
As rifas podem ser compradas na casa de Eulinete, localizada na Passagem Leopoldo Machado - 220, conhecida como Ponte do Axé, no bairro Jesus de Nazaré, ou através do número (96) 99175-6963.

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