sábado, 1 de novembro de 2014

'Tenho medo é dos vivos', diz mulher que mora ao lado de cemitério no AC


Em Cruzeiro do Sul, mais de 15 casas são situadas na lateral do cemitério.
Moradores asseguram que é o melhor lugar para se viver.

Vanísia Nery DO G1 AC
Elis da Silva diz que a vida ao lado do cemitério é tranquila (Foto: Vanísia Nery/G1)Elis da Silva diz que a vida ao lado do cemitério é tranquila (Foto: Vanísia Nery/G1)
Morar ao lado de sepulturas é algo normal para mais de 15 famílias que residem no entorno do Cemitério São João Batista, localizado no bairro da Baixa, em Cruzeiro do Sul (AC).  Apesar do ambiente aparentemente sombrio, que causa medo e pânico em muitas pessoas, esses moradores levam o fato como algo comum.
As casas ficam bem próximas às sepulturas, mas nem por isso esses moradores pensam em mudar de residência. Algumas casas ficam praticamente dentro do cemitério. Elis da Silva Cavalcante, de 33 anos, reside ao lado do local há quase oito anos, e durante todo esse tempo conta que nunca teve medo de morar no local. Ela diz ter receio dos vivos que frequentam o local durante à noite e não dos que já estão enterrados.
“Morar aqui é bom, é normal, é como morar em qualquer outro local. Não tenho medo nenhum e não tem nada de assustador como as pessoas as vezes falam. As crianças também não têm medo, tem algumas que até brincam lá. Tenho medo é dos vivos que andam aí por dentro, pois como é aberto, têm muitoo usuários de droga, pessoas que vem aí para fumar e roubar. De resto, é muito bom morar aqui, nunca vi nenhum tipo de assombração”, assegura Elis da Silva.
Carmelina Rodrigues vive há 15 ao lado do cemitério de Cruzeiro do Sul (Foto: Vanísia Nery/G1)Carmelina Rodrigues vive há 15 ao lado do cemitério de Cruzeiro do Sul (Foto: Vanísia Nery/G1)
Carmelina Rodrigues de Assis, de 52 anos, é vizinha do cemitério há 15 anos. Ela garante que também nunca sentiu medo em residir no local e assegura 'é um dos melhores lugares para se viver'.
“A única coisa que assusta a gente aqui são os marginais que vêm fumar droga aí dentro, mas, no restante, quem morreu não vai aparecer para ninguém. É um ótimo local para viver, maravilhoso, normalmente é bem tranquilo, graças a Deus ninguém nunca veio me perturbar aqui não”, relatou a moradora.
Enquanto as pessoas que convivem diariamente com as sepulturas, ao lado do cemitério, não mostram nenhum temor em residir na área, outras que moram bem distante, mas que precisam visitar os túmulos dos parentes mortos mostram pânico em frequentar o lugar. É o caso do aposentado Osmarino Farias Leandro dos Santos, de 68 anos. Cada vez que precisa visitar a sepultura do pai e da mãe diz sentir uma sensação de medo.
“Venho visitar o túmulo do meu pai e da minha mãe, mas não é com coragem não. Meu medo é de alma, Deus me defenda de vir aqui à noite, nunca tive coragem. Até quando venho de dia, só venho quando tem gente aqui. Já tinha medo, mas há quase um mês eu vi uma assombração aqui, senti até um sopro e sai correndo, quase quebrei a perna, de lá para cá o medo só aumentou, imagine morar ao lado do cemitério”, finalizou o aposentado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário