Por Inon Neves, vice-presidente da Access
Desde
2018 quando foi publicada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a
Lei 13.787, que dispõe sobre a digitalização e a utilização de sistemas
informatizados para a guarda, o armazenamento e o manuseio de prontuário
de paciente, a digitalização dos dados de saúde têm crescido nas
organizações do setor.
O
uso das tecnologias digitais em substituição aos documentos em papel
possibilita aos profissionais de saúde o acesso rápido aos dados do
paciente, integrados em um único ambiente. Isso reduz o risco de perda
de informações e agiliza os processos de tomada de decisão dos
responsáveis pelo atendimento e tratamento, melhorando a jornada do
paciente e o acolhimento aos seus familiares.
Segundo
a Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos
Estabelecimentos de Saúde Brasileiros, do Comitê Gestor da Internet no
Brasil (CGI.br),
em 2023, os sistemas eletrônicos para registro de informações dos
pacientes estavam disponíveis em 88% dos estabelecimentos de saúde,
sendo 85% dos públicos e 91% dos privados. Em 2019, o percentual total
era de 82%.
O
avanço da digitalização no Serviço de Arquivo Médico e Estatística
(SAME) possibilita à área oferecer informações qualificadas, de forma
ágil, sobre o serviço prestado. Isso propicia às instituições de saúde
ofertar aplicativos e portais onde os pacientes podem acessar o
histórico de atendimento, procedimentos realizados incluindo exames,
nome dos profissionais envolvidos no atendimento, medicamentos usados e
tratamentos prescritos.
A
digitalização das informações também permite reduzir os custos com o
gerenciamento dos arquivos em papel e a elaboração de indicadores
estatísticos para avaliar o desempenho da instituição pode ser feita em
menos tempo.
Interoperabilidade de dados
Outro
benefício da tendência paperless é o desenvolvimento da
interoperabilidade de dados e do conceito Open Health no Brasil, que é o
intercâmbio dos dados do paciente entre as instituições de saúde. A
interoperabilidade propicia oferecer benefícios como atendimento com
alto grau de personalização, com mais velocidade e maior assertividade
nas decisões clínicas, não sendo necessário o paciente se submeter a
exames repetitivos ou tratamentos realizados anteriormente.
A
interoperabilidade de dados provenientes de diferentes organizações de
saúde também beneficia o cuidado preventivo, pois o compartilhamento das
informações de diferentes organizações privadas e órgãos do governo
pode propiciar a criação de um repositório digital com dados que
refletem a saúde da população brasileira. Dessa forma, os gestores
públicos e privados podem desenvolver ações preventivas focadas em
perfis de pacientes ou eventuais aumentos de um determinado tipo de
enfermidade que apresente um crescimento acima do normal.
Aos
que se preocupam se isso pode levar a uma seleção de quais pacientes
devem receber cuidados ou ser vetados por planos de saúde, a LGPD
institui a pessoa física como detentora legal dos seus dados pessoais e
veda, por meio do parágrafo 5º do Artigo 11, o tratamento de dados de
saúde para a seleção de riscos, na contratação de qualquer modalidade ou
exclusão de benefício.
Desafios na digitalização
O
setor de saúde é um dos mais visados por ataques de hackers.
Levantamento da empresa de cibersegurança Check Point informa que o
setor foi o terceiro mais visado pelos hackers no segundo trimestre
deste ano. No período, as empresas de saúde sofreram uma média de quase 2
mil tentativas de invasão por semana, crescimento de 15% em relação ao
mesmo período do ano passado.
Segundo
o relatório da IBM Cost of a Data Breach Report, de 2023, pelo 13º ano
seguido o setor de saúde foi o que registrou o maior prejuízo com o
vazamento de dados com o custo médio de US$ 10,93 milhões por vazamento.
A
digitalização das empresas de saúde melhora a jornada do paciente
durante toda a sua jornada. A tecnologia ainda gera benefícios às
organizações, que podem otimizar seu trabalho, e oferece a possibilidade
de melhorar a gestão de saúde pública, por meio de medidas preventivas
que visam aumentar a qualidade de vida da população.
O
gerenciamento seguro dos arquivos digitais demanda um olhar e
conhecimento de especialistas capazes de implementar medidas de
segurança para evitar o acesso e o roubo de dados sigilosos e sensíveis e
o uso de ferramentas de redundância com o objetivo de não interromper o
atendimento aos pacientes ou deixar a organização refém dos
cibercriminosos.
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