Apesar
de ter 18,6 milhões de pessoas com deficiência, o que equivale a 8,9%
da população, o Brasil ainda engatinha no quesito acessibilidade
digital. O estudo “Panorama da Acessibilidade Digital”, produzido pela
startup Hand Talk, em parceria com o Movimento Web para Todos, mostra
que menos de 1% dos sites do país oferecem serviços de acessibilidade
voltados para pessoas com deficiência (PCDs).
O
mesmo estudo revela que 61% das empresas não realizam cursos sobre
iniciativas de acessibilidade digital para PCDs e somente 42% têm
profissional especialista em diversidade e inclusão. Fábio Futigami,
head de CX no Grupo Take 5, diz que um passo importante para garantir
maior igualdade no ambiente corporativo é permitir que todos tenham as
mesmas condições de se capacitar e crescer profissionalmente.
Parece
algo tão simples, mas se os treinamentos que estão à disposição dos
colaboradores , fornecedores e parceiros não seguem o princípio da
acessibilidade digital, este objetivo não será atingido. “Nos últimos
meses, estudamos bastante sobre o tema, e percebemos que algumas
funcionalidades adicionadas ao sistema de aprendizagem que
disponibilizamos aos nossos clientes poderiam facilitar
significativamente o acesso aos treinamentos, tão indispensáveis ao
engajamento dos times e ao alcance de metas estabelecidas pelas
empresas, inclusive quando se fala de vendas. Esse tipo de situação é
muito mais comum do que pensamos, por exemplo, quantas pessoas do nosso
dia a dia que precisam usar óculos pois possuem dificuldade de enxergar
de perto?”, diz.
Para
tornar o Take 5 LMS uma plataforma acessível, Futigami diz que a
empresa contou com a consultoria do Movimento Web para Todos, que ajudou
a entender o que seria necessário para atender, por exemplo, a pessoas
com dislexia ou deficiências visuais e auditivas. “Sem acessibilidade na
web, muitas dessas pessoas perdem autonomia e precisam contar com a boa
vontade de terceiros para executarem tarefas simples e essenciais.
Pensando nisso, estamos dando mais um passo com a implementação de uma
ferramenta de acessibilidade que, por meio de um ícone, permite ajustes
de conteúdo, ajustes de cor, aumento da fonte, opção por um contraste
mais escuro ou por um cursor maior, e escolha de um entre inúmeros
idiomas”, exemplifica.
“Inclusão,
equidade e acessibilidade são pilares fundamentais para a construção de
uma sociedade mais justa”, diz embaixador de Diversidade e Inclusão
Futigami
acrescenta que empresas que estão atentas a essas oportunidades são
beneficiadas com a ampliação e diversificação do seu público, e com
inovação em seu conteúdo, com uma comunicação moderna, colaborativa e
empática. “A acessibilidade traz inúmeros benefícios principalmente para
as pessoas com alguma deficiência, mobilidade reduzida, idosas,
dificuldade no uso de computador e com baixo letramento”, acrescenta.
A AkzoNobel, multinacional holandesa de tintas e revestimentos, é uma dessas empresas que busca a inclusão. Sites como a Academia Coral, com foco em pintores de tintas decorativas, e Academia de Repintura, dedicado a profissionais de pintura automotiva, contam com importantes ferramentas de acessibilidade.
Luciano
Ruggi, especialista em Marketing Digital e embaixador de D&I
(Diversidade e Inclusão) na AkzoNobel, compartilha que recebe
funcionalidades como essas, focadas em proporcionar maior
acessibilidade, com grande entusiasmo.
Pessoa
com Deficiência e Especialista em Equidade, Acessibilidade e Inclusão,
Ruggi diz que suas experiências pessoais e profissionais permitem
analisar essas melhorias nas plataformas digitais da empresa como
extremamente valiosas. “Elas poderão ampliar a inclusão de pintores e
lojistas nos treinamentos desenvolvidos por nossas marcas e garantir que
todos possam participar plenamente e beneficiar-se das capacitações
oferecidas. Isso enriquece a experiência de aprendizado e promove um
ambiente mais inclusivo e diversificado, essencial para o sucesso
contínuo da nossa empresa”, afirma.
Na
Academia Coral, por exemplo, Ruggi comenta que já foi implementada
também a utilização de um intérprete de LIBRAS, para levar
acessibilidade, mas também alcançar e incentivar os parceiros e outras
empresas a terem um olhar voltado para a inclusão.
Atualmente,
a Academia Coral, plataforma de treinamentos da AkzoNobel focada no
desenvolvimento técnico dos pintores, soma mais de 220 cursos no ar, com
quase nove mil usuários ativos e somando mais de 240 mil certificados
emitidos. Já a Academia Repintura, lançada em 2023, já acumula mais de
40 treinamentos, nos formatos de vídeo-aulas, e-learning e ATC Online,
com dicas rápidas para todo profissional ou oficina interessados em
aperfeiçoar o conhecimento e a mão de obra produtiva do segmento com
qualidade e inovação digital.
“A
inclusão, equidade e acessibilidade são pilares fundamentais para a
construção de uma sociedade mais justa. Mesmo após nove anos de vigência
da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), ainda observamos que seu impacto e
reconhecimento não se firmaram plenamente em nosso país. Por isso,
iniciativas que promovam essas causas são mais do que bem-vindas: são
essenciais. Elas são fundamentais para fortalecer a LBI e garantir que
se torne uma realidade tangível na vida de todos os brasileiros. Juntos,
podemos construir um futuro onde a inclusão não seja apenas um
conceito, mas uma prática diária”, acrescenta Ruggi.
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