sexta-feira, 26 de julho de 2024

Metade dos municípios brasileiros não possuem planos de ação relacionados às mudanças climáticas

 


Enquanto metade dos municípios brasileiros não têm planos de ação, 60% já sofreram com mudanças climáticas
 

Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que metade das cidades brasileiras não possuem planos de ação relacionados às mudanças climáticas, embora 60,4% delas já tenham sofrido com episódios de eventos climáticos extremos, como inundações e enchentes.
 

Em 2023, segundo dados do Boletim do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), o Brasil registrou o maior número de desastres naturais da série histórica. Foram 1.161 tragédias, sendo 716 associadas a eventos hidrológicos, como transbordamento de rios, e 445 de origem geológica, como deslizamentos de terra.
 

Dentre os municípios com maior ocorrência estão Manaus (AM), São Paulo (SP) e Petrópolis (RJ). Foram registradas ainda 132 mortes associadas a chuvas, com 9.263 pessoas feridas ou enfermas, e 74 mil desabrigados. No total, 524 mil pessoas ficaram desalojadas. Os prejuízos econômicos informados pelo sistema se aproximam de R$25 bilhões, somadas as áreas pública e privada.
 

O caso mais recente e exemplar da importância de planos de ações relacionados às mudanças climáticas é a tragédia do Rio Grande do Sul. “Se as cidades tivessem planos para mudanças climáticas, as respostas à tragédia teriam sido mais rápidas e eficazes”, defende Carolina Marchiori, assessora de advocacy em assuntos de economia verde no Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS).

O enfrentamento às mudanças climáticas esbarra, no entanto, no orçamento dos municípios. Segundo o CNM, 71,3% das cidades brasileiras afirmam que não possuem recursos próprios e que necessitam de mais dinheiro para a execução das suas ações ambientais.
 

Entre as possíveis soluções estão a criação de órgãos fiscalizadores nos municípios, que pode melhorar a arrecadação própria e ampliar os investimentos em ações climáticas, e o aproveitamento de políticas públicas existentes a nível federal e estadual. É o caso do ICMS Ecológico, que hoje está presente em 18 estados brasileiros e é um bom exemplo de política pública que tem tanto uma função compensatória quanto incentivadora de proteção ambiental. Com a aprovação da reforma tributária no Congresso, ele será expandido com a substituição do ICMS pelo IBS, de tal modo que a política passará a valer para todos os estados a partir da sua implantação.

 

Carolina Marchiori* é assessora de advocacy em assuntos de economia verde no Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS). Economista de formação, com mestrado na mesma área, pela Unesp, é doutoranda interdisciplinar em Política de C&T, na Unicamp. Atuou como Analista de Pesquisa em consultorias, desenvolvendo relatórios, estimativas e artigos relacionados às indústrias. Foi professora universitária, com trabalhos orientados para a formulação de estratégias junto ao governo, em benefício da sociedade.
 

Sobre o IDS

O Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) é uma organização dedicada à promoção da democracia participativa, à sustentabilidade e à justiça social. Por meio de projetos, pesquisas e iniciativas inovadoras, o IDS busca contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas mais eficientes e inclusivas.
 

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