Por Dr. Carlos Barsotti
A cada ano, mais pessoas são diagnosticadas com uma das tipologias de escoliose. Essa é uma das dores cervicais mais comuns ao redor do mundo, responsável por acometer pacientes de todas as faixas etárias – mas, pouco ainda é difundido sobre esse tema. Assim, durante o “Junho Verde”, temos mais uma oportunidade de ressaltar a importância do diagnóstico precoce desta patologia para um tratamento devido, sem que tenha que se tornar um empecilho para a qualidade de vida de todos.
Em escala global, dados divulgados pela OMS mostram que cerca de 4% da população é afetada pela escoliose. Só no Brasil, seis milhões de pessoas são atingidas pelo problema. E, embora esse dado represente um alto volume de casos, infelizmente, não são devidamente difundidos no que diz respeito aos benefícios de ser identificada logo cedo – principalmente, considerando que boa parte pode evitar a cirurgia caso recebam a orientação correta desde o início.
A grande maioria dos casos de escoliose começa a ser observado durante a adolescência, justamente, por ser esse o período de maior desenvolvimento do crescimento dos jovens. Mas, é muito comum que boa parte destes pacientes apenas descubram o problema anos depois, considerando que essa também pode ser uma fase em que os adolescentes possam não compartilhar com frequência as mudanças que observam em seus corpos.
Diante disso, não é incomum notar pais que adquirem um sentimento de culpa ao identificarem a patologia já em estado mais avançado em seus filhos. Contudo, é importante frisar que não é preciso desespero, uma vez que contamos com muitos mecanismos de tratamentos a serem seguidos capazes de melhorar significativamente os sintomas de cada um. O próprio colete de escoliose, um dos mais famosos para essa patologia, consegue evitar que 70% dos pacientes tenham que passar por uma cirurgia quando utilizado neste período dos 10 aos 17 anos.
Outra medida terapêutica bastante recomendada é a própria fisioterapia visando uma maior consciência muscular, capaz de contribuir para a contenção de desequilíbrios musculares e descompensações da postura das pessoas. Afinal, alguns dos sinais físicos mais notáveis naqueles diagnosticados com essa curvatura da coluna são: presença de ombros caídos ou desiguais, leve inclinação geral para um lado, cintura irregular e a aparência de uma perna maior do que a outra e de um quadril mais alto do que o outro.
Somente quando nenhuma dessas medidas gera efeito positivo, a cirurgia costuma ser recomendada como último recurso – normalmente, em situações com grande progressão durante seis meses ou, quando a curva apresentada é maior do que 40 graus, atingindo um estágio que apenas tenderá a piorar a cada ano. No pior dos cenários, pacientes mais graves podem apresentar síndrome restritiva pulmonar, perdendo capacidade de expansão e fazendo com que aumente o retorno venoso ao coração, gerando insuficiência cardíaca segundaria à escoliose.
Por mais preocupantes que sejam, essas probabilidades podem ser contornadas caso qualquer uma das tipologias de escoliose sejam diagnosticadas cedo, direcionando cada pessoa ao tratamento mais recomendado. Para incentivar essa atenção, a própria Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados divulgou, recentemente, um projeto de lei que defende o desenvolvimento de uma política nacional de diagnóstico e tratamento da escoliose em crianças e adolescentes.
Considerando que essa é, justamente, a fase em que a grande maioria dos casos surgem, o objetivo da medida é efetivar ações voltadas para a detecção precoce deste problema, envolvendo a participação da família e das escolas e seu encaminhamento imediato para avaliação de médicos especialistas. Difundir essa análise nas instituições de ensino pode fazer muita diferença no tratamento adequado dos jovens, uma vez que existem técnicas robustas para identificar essa curvatura.
A campanha do Junho Verde é apenas um lembrete da importância do diagnóstico precoce da escoliose ser cada vez mais compreendida como uma das medidas mais importantes para trazer qualidade de vida aos pacientes, seja qual for sua idade. Essa é uma pauta séria de saúde e, ao mesmo tempo, de estética, para que os pacientes não se sintam desconfortáveis com sua aparência e tenham sua autoestima abalada. Quanto mais disseminada for, mais pessoas conseguirão impedir efeitos graves da escoliose e manter suas rotinas sem empecilhos.
Sobre o Dr. Carlos Eduardo Barsotti:
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Dr. Carlos Eduardo Barsotti é cirurgião ortopedista especialista em cirurgias de coluna, e um dos poucos profissionais a realizar intervenções de alta complexidade, atuando na correção de escolioses de grau elevado, lordoses, cifoses e demais deformidades que afetam a coluna.
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