BLOG ORLANDO TAMBOSI
Este é um caso em que os mais velhos têm uma visão mais justa e correta, enquanto os jovens demonstram terrível ignorância. Vilma Gryzinski:
Os
jovens são mais antenados, idealistas, progressistas e capazes de
escolher o lado certo. Desde os anos sessenta do século passado, é
amplamente predominante esta visão “juventudista” de que os mais velhos
são dominados por ideias encarquilhadas e atrasadas, enquanto seus
filhos e netos acenam para o futuro.
Até que apareceu o TikTok, usado aqui como sinônimo de pensamento grupal e sem vasos conectantes com a realidade.
Por
pura e simples ignorância de fatos não tão distantes assim ou das
origens complexas de um conflito como o que opõe Israel e palestinos,
jovens americanos têm aparecido em pesquisas como os mais propensos,
dentre todas as faixas etárias, a falar e pensar bobagem.
O
sinal mais recente: uma pesquisa mostrando que um em cada cinco
americanos dos 18 aos 30 anos tem uma imagem total ou parcialmente
positiva de Osama Bin Laden. Três em cada dez acham que o
ultrafundamentalista saudita, responsável pelos atentados que mataram
quase três mil pessoas em 11 de setembro de 2001 em solo americano, foi
uma força do bem. Apenas 41% nessa faixa acham que ele foi
“completamente” do mal.
“MITO”
A
pesquisa do Daily Mail foi feita depois que a Carta à América, escrita
por Bin Laden em 2002, para “justificar” os atentados, se tornou um
fenômeno do TikTok, com mais de 40 milhões de visualizações e
comentários malucos como “Nunca mais vou olhar a vida, ou esse país, da
mesma maneira” e “Meus olhos se abriram”.
O maior repúdio a Bin Laden – de 93% – está na faixa dos acima de 65 anos. Dos 50 aos 64, é de 86%.
A
mesma tendência aparece em outra pesquisa, YouGov/Economist, sobre
atitudes em relação a Israel e ao antissemitismo. Nada menos que 40% dos
jovens na faixa dos 18 aos 29 acreditam que “Israel está
deliberadamente tentando varrer os palestinos do mapa”. Mais 37% acham
que “Israel explora a vitimização” causada pelo Holocausto. Em relação a
isso, quase 20% dos jovens acham que o holocausto “é um mito”. Na faixa
acima de 65 anos, o número é próximo de zero.
Muito
dessa ignorância está, obviamente, ligada a um ensino falho e à
doutrinação chamada de progressista que se propagou por todas as
escolas, de Nova York a Nova Iguaçu, com visões estereotipadas da
história. Basta ver qualquer prova de vestibular ou do Enem.
Ou
ouvir as três reitoras de grandes universidades americanas, Harvard,
MIT e Pensilvânia, no caso infame do depoimento ao Congresso em que
todas se recusaram a caracterizar um incentivo ao genocídio de judeus
como perseguição ou bullying (uma já caiu e outra, Claudine Gay, de
Harvard, está a caminho, atropelada por casos lamentáveis de plágio).
BATALHA PERDIDA
Com
esse equivocado caldo de cultura, estaria o TikTok incentivando as
atitudes contra Israel e a favor dos palestinos (falsamente, pois nada
lhes faz mais mal do que o Hamas, que provocou deliberadamente os
mortíferos ataques israelenses)?
Jornalistas
do Wall Street Journal fizeram um teste: criaram contas como jovens de
treze anos, a idade mínima, e em questão de horas estavam inundados por
“conteúdo altamente polarizado” sobre o conflito. A maioria, a favor dos
palestinos. A hashtag #FreePalestiine foi vista quatro bilhões de
vezes.
Sem
conhecimento histórico, sem contexto, como diriam as três reitoras, uma
visão maciça se propaga, levando multidões dos teclados às ruas, muitos
orgulhosos de imitar as fardas camufladas ou as câmeras Gopro usadas
nas atrocidades praticadas em Israel em 7 de outubro, algumas
transmitidas ao vivo.
Segundo
uma pesquisa New York Times/Sienna Group, 46% dos jovens americanos
simpatizam mais com o lado palestino, contra 27% que preferem Israel
(praticamente o contrário dos dados do total da população, que deram 47%
a favor de Israel contra 20% na posição oposta).
“Os que se identificam como usuários do TikTok foram os mais incisivos nas críticas” a Israel, anotou o Times.
Nas
campanhas anteriores em Gaza, Israel já havia se habituado a perder a
batalha da opinião púbica por causa das características cruéis de um
conflito travado em área urbana, cheia de gente, contra um inimigo
infiltrado em túneis, resultando num número alto de vítimas civis.
Agora, está perdendo a batalha do TikTok. Nem é preciso dizer como ela é importante.
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