(Marcelo Jabulas)
O mercado de picapes está tão aquecido que todos os fabricantes estão se desdobrando para colocar modelos com caçamba no varejo. Só em 2023 estrearam as novas Chevrolet Montana e Ford Ranger as grandalhonas Ram 1500 Limited, Ford F-150 e Chevrolet Silverado. Isso sem falar de Maverick híbrida, Strada Turbo e até mesmo um facelifit na jurássica Saveiro.
E nessa brincadeira a Ram trouxe também a Rampage. Essa picape é uma espécie de Fiat Toro anabolizada, ganhou alguns centímetros de comprimento e largura, mas por dentro é praticamente a picape italiana.
Isso porque elas saem da mesma linha, da mesma fábrica (em Goiana, PE) e compartilham muitos componentes, até mesmo o motor 2.0 turbodiesel, que equipa a Toro há oito anos. E qual a razão de a Rampage existir?
Simples, a marca nunca teve uma picape desse porte, uma vez que seu mercado prioritário, o norte-americano, considera uma Ranger uma picape pequena. Assim, a marca atua no segmento de grandes, com 1500, 2500 e 3500.
Mas no mercado brasileiro e latino, elas são grandes e caras demais, um modelo menor viria a calhar, mas não tem uma fábrica para isso. Assim, a solução foi esticar a Toro e botar um focinho do carneiro.
No entanto, a mutação deu certo. A Rampage é uma picape divertida, bonita e mais dócil na cidade que uma média. Por ser menor e mais estreita, é capaz de "rebolar" com mais facilidade no trânsito. Mas por dentro, a percepção é de guiar uma Toro.
O grande lance é que ela é muito recheada, desde a versão de entrada Rebel 2.0 turbo, que custa R$ 240 mil. Por esse preço ser equipada é pré-requisito. A picape oferece quadro de instrumentos digital, multimídia com conexão para smartphones, câmera 360 graus, carregamento por indução, assistentes de condução, acabamento em couro e tudo mais que se exige de uma picape de luxo.
O grande barato da Rampage está no motor turbo 2.0 Hurricane 4. Essa unidade entrega 270 cv e 40 kgfm de torque, combinada com transmissão automática de nove marchas e tração 4x4. O conjunto entrega um comportamento muito esportivo para a Rampage e faz dela a picape mais potente abaixo das gigantes com blocos V8.
Ao volante
A Rampage é uma picape que conquista pelo olhar e por seu jeitão revoltado. O estilo musculoso e a qualidade do acabamento e conteúdos fazem dela uma escolha para quem não quer abrir mão de conteúdos, função e estética. Mas é um carro de passeio, longe de ser uma picape de trabalho, pois seu motor esportivo cobra seu preço na bomba de combustível, com consumo urbano na ordem de 6,2 km/l.
Pode não ser preocupação para o consumidor que desembolsa toda essa grana em um carro de passeio, mas proibitivo para qualquer aplicação comercial, uma vez que dissolveria a rentabilidade da operação.
Mas a picape acelera forte e é menos imprevisível que sua irmã 1500 Rebel, que oscila muito em velocidades elevadas. Por ser compacta e mais leve, a Rampage se comporta melhor na cidade e na rodovia, mas mesmo assim demanda atenção, pois o centro de gravidade elevado e a caçamba leve podem comprometer a estabilidade caso seja necessário um golpe na direção.
Palavra final
A
Rampage chega como forma de aumentar a participação da Ram no mercado
brasileiro. Com preço inicial cerca de R$ 120 mil mais baixo que a
Classic, a picape torna-se factível para uma parcela em que o cheque não
pode superar os R$ 240 mil. Ou seja, o sonho de ter um pedacinho da
América na garagem ficou menos caro.
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