domingo, 28 de maio de 2023

Mais uma vez, o tema petróleo impulsiona uma grave crise política no país

 



Diante do choque político , única solução é a defesa do meio ambiente

Pedro do Coutto

O petróleo, ainda o bem mais valioso no século XXI, tornou-se tema de uma crise política no país. Foi em 1954, quando Vargas criou a Petrobras, foi com a posse de Juscelino Kubitschek que manteve a Petrobras como empresa estatal, foi com Jânio Quadros e foi com João Goulart no episódio em que ele erradamente encampou as refinarias particulares.

Agora, mais uma vez, o petróleo se torna a base de um problema envolvendo a área ambiental e os que defendem a sua exploração na foz do Rio Amazonas. A Comissão Mista examina a Medida Provisória do presidente Lula que  reestruturou a Administração Pública, decidiu anular as funções do Meio Ambiente e do Ministério dos Povos Indígenas. O argumento, mais uma vez, envolve o petróleo.

ADORMECIDOS – Em artigo no O Globo deste sábado, Carlos Alberto Sardenberg focaliza o assunto e sustenta que na margem equatorial do Amazonas estão adormecidos aguardando a exploração de 15 bilhões de barris de  petróleo. Acentua que a US$ 70 o barril, a exploração poderá render US$ 1,05 trilhão ao longo de dez anos.

Novamente, as projeções para o futuro. Existem muitas, mas as ações do tempo presente são ocultadas pela nuvem da fantasia. Agora estamos diante novamente de um impasse causado pela exploração do petróleo e cujo ciclo ainda está longe de se esgotar. Por outro lado, reportagens como a de Alice Cravo, Camila Turtelli e Lauriberto Pompeu, O Globo de ontem, assinalam que o governo sofreu uma derrota no Congresso e a área parlamentar prepara novos episódios difíceis para o Palácio do Planalto na área ambiental.

É preciso dizer que não houve derrota no Congresso no caso dos Ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. A derrota foi na Comissão Parlamentar Mista, mas não no Plenário. São etapas distintas, mas a questão do petróleo está prevalecendo mais uma vez.

ÓTIMO NEGÓCIO – Um grande empresário da área petrolífera – cujo nome não me recordo – afirmou certa vez que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada. O segundo maior, é uma empresa de petróleo mais ou menos administrada. E o terceiro melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo mesmo mal administrada. Daí se vê a importância e os interesses envolvidos nessa questão.

O ministro Fernando Haddad, segundo informam Vitória Abel e renan Monteiro, O Globo de ontem, já tenta um ponto de conciliação entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, com a ministro Marina Silva para que seja adotada uma solução intermediária entre os dois pontos de opinião. A meu ver trata-se de algo muito difícil, pois o meio ambiente seria afetado diretamente pela produção de petróleo. O choque político permanece inevitável.  A única solução é a defesa do meio ambiente.

AUTOMÓVEIS POPULARES – O projeto lançado pelo governo e formulado pelo ministro Fernando haddad de reduzir o preço de automóveis considerados populares para serem adquiridos por grupos considerados de menor renda, na realidade, digo, tem como objetivo esvaziar os pátios das montadoras, repletos de carros por falta de comercialização.

O maior obstáculo está justamente nos preços e nos juros cobrados pelos financiamentos bancários. O governo teria, segundo Haddad, no máximo R$ 2 bilhões, mas que iria ao encontro da vontade de adquiri-los por camadas da sociedade muitos distantes do patamar verdadeiro de renda da população. Os preços não podem ser alcançados quando os salários estiverem estagnados durante o governo Bolsonaro. Agora, como os novos compradores pagarão os novos financiamentos ainda será um problema insolúvel. Seria mais uma fonte de endividamento.

UNIMED –  Luciana Casemiro, O Globo deste sábado, publica reportagem sobre a iniciativa da Unimed nacional de transferir planos de apólice de adesão de uma unidade subsidiária para outra. Por exemplo, os segurados da Unimed Rio seriam transferidos para a federação da Unimed do Rio de Janeiro. A transferência não atingiria os titulares de planos das cidades do Rio e de Caxias.

A iniciativa depende, entretanto, da Agência Nacional de Saúde. Mas a Unimed pretende também transferir segurados de fora do Estado do Rio de Janeiro para a central da Unimed de Seguro. O resultado da operação vem do saldo negativo de R$ 1,3 bilhão no exercício de 2022.  

O projeto também depende da ANS e as transferências para a Unimed FERJ estão previstas para serem realizadas por etapas. Na minha impressão, a Unimed deve explicar detalhadamente o porquê das mudanças e como ficam exatamente os direitos dos segurados cujos planos estarão sendo transferidos.  

CENSURA – Um grupo de 20 deputados bolsonaristas – reportagem de José Marques e Thaísa Oliveira, Folha de S. Paulo –  ingressaram com ação junto ao Supremo Tribunal Federal, cujo relator é o ministro Alexandre de Moraes, na tentativa de impor censura prévia ao grupo Globo de modo geral e à Folha de S. paulo, em particular, contra as comunicações e opiniões de seus jornalistas a favor do projeto voltado para combater às fakes news e s mensagens de violência e ódio desfechadas constantemente contra magistrados.

A iniciativa é de um absurdo completo. Pois como é possível querem impedir que o exercício do jornalismo não seja feito livremente contra sites que aceitam manifestações anônimas e que propõem a prática de crimes contra ministros do STF?

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