sábado, 29 de abril de 2023

Papa Francisco acelera a história e dá vez, voz e voto às mulheres na Igreja

 



Papa Francisco autoriza que mulheres votem no Sínodo dos Bispos

Pedro do Coutto

Em decisão tomada na quarta-feira, no Vaticano, o Papa Francisco estendeu o direito de voto às mulheres no Sínodo dos Bispos, escala destinada a assessorar o próprio papa nas decisões que se sucedem na Praça de São Pedro. Com essa decisão, o Papa Francisco consolida a sua posição na história como um grande reformador, e sua resolução, ampliando o direito das mulheres, tem uma importância que não se restringe ao catolicismo, mas que se prolonga sobre toda a humanidade, constituindo um avanço nos direitos conquistados pelas mulheres.

O Globo destaca em reportagem a importância do ato papal. Com ele, Francisco amplia direitos humanos inegáveis, destacando-se a importância e a valorização da mulher em todo o mundo. A sua determinação, assim, não se restringe às paredes imortalizadas por Michelângelo, mas se estende aos melhores sentimentos no sentido da liberdade, da igualdade de direitos e da valorização feminina, fonte da vida de todos nós.

ABRIGO MATERNO – A mulher sintetiza em si a relação mais profunda que um ser humano pode manter com outro; o de abrigar dentro de si por nove meses mais alguém que vai nascer, garantindo o processo de eternidade da espécie humana na face da Terra.

Como Sínodo é uma reunião de bispos na hierarquia da Igreja, ao incluir mulheres, inclusive freiras, no processo de votação das decisões, Francisco não só valorizou a mulher, como a incluiu no catolicismo no mesmo nível dos bispos que compõem o Sínodo. São passos gigantescos que Francisco proporcionou à Cátedra de São Pedro. O próximo passo, sem dúvida, acredito, será o de permitir às mulheres celebrarem missas. Aliás, não há motivo para o impedimento. Somos todos seres humanos.

REFORMA – Francisco une seu nome também à importância de João XXIII que na Encíclica Mater et Magistra reformou o pensamento católico, unindo-o fortemente à essência do pensamento cristão que é o de reconhecer que o homem e a mulher têm que se realizar tanto na terra quanto no céu. Com isso, ultrapassou a visão conservadora em que a realização da espécie dependia de sua passagem da vida para a morte, do terreno à eternidade.

Eternidade é o universo que João XVII e o Papa Francisco definiram, modernizando conceitos milenares. Os dois papas foram grandes reformadores e ficarão para sempre na história da vida.

ARGUMENTO –  Em depoimento na quarta-feira à Polícia Federal sobre a sua participação na invasão de Brasília, cujo objetivo era criar condições para um golpe contra a democracia e o governo Lula, o presidente Jair Bolsonaro disse que deu sequência à publicação na internet do vídeo pregando golpe por simples engano e por se encontrar sob efeito de remédios contra as dores que sentia, incluindo dose de morfina.

Afirmou estar disposto a comparecer à CPMI do Congresso e que as eleições de 2022 vencidas por Lula são uma página virada. Se ele estava sob efeito de remédios fortes, como é o caso de doses de morfina, evidentemente não estava em condições de ter agido na tela da internet para dar sequência a um texto, na verdade, subversivo. Na Folha de S.Paulo a reportagem é de Renato Machado. No O Globo, de Paolla Serra.

Mais um episódio, digo, controverso, da mesma forma que a estratégia de oposição a Lula de tentar comprometer o atual governo pela invasão e depredação de 8 de janeiro. A falha do sistema de segurança de Brasília não pode se sobrepor à selvageria da invasão.  

CHINA E UCRÂNIA –  O telefonema trocado entre os presidentes da China e da Ucrânia,  Xi Jinping e Zelenski, e um possível encontro das duas chancelarias representam de fato um revés para Vladimir Putin. Isso porque quando se encontrou com o dirigente chinês, Putin esperava logicamente receber o apoio de Pequim, principalmente contra os Estados Unidos e a União Europeia. No momento em que o pretendido apoio se transforma numa iniciativa de paz, buscando a sintonia entre a China e a Ucrânia é evidente que Moscou perdeu espaço junto ao seu maior aliado.

O passo será ampliado quando as duas chancelarias se encontrarem sobre algum ponto concreto, que não é o apoio total chinês aguardado por Putin. Esse apoio total nunca se evidenciou. Inclusive, a China não tem motivos políticos para agir voltada para o fortalecimento da Rússia. Pelo contrário. Quanto maior for a dependência russa da China, é claro, melhor para o governo de Pequim.  

Hoje, tanto a China quanto a Rússia estão longe do comunismo que desabou em 1989 com a queda do Muro de Berlim, e principalmente com o fim da União Soviética poucos anos depois. Atualmente, milionários russos e chineses adquirem obras de arte por mais de US$ 100 milhões, fato que pertence ao universo do capitalismo.

NEGATIVAS –  Muito bom o artigo de ontem de Ruy Castro na Folha de S. Paulo sobre as negativas permanentes do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação a fatos imputados contra ele.

Bolsonaro parte do princípio, acentuou o jornalista, de que nunca falou nada ou praticou coisa alguma contra as instituições, os direitos humanos e a democracia. Seu esquecimento choca-se diretamente com os fatos. Mas, neste caso, pior para os fatos.

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