sábado, 29 de abril de 2023

O exército de Stédile

 

BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

As invasões do MST geral ampla rejeição na sociedade e no Congresso. Só Lula segue apoiando os fora-da-lei. Duda Teixeira para a revista Crusoé:


O registro oficial, feito pelo onipresente fotógrafo Ricardo Stuckert, da recepção dada à comitiva brasileira no Grande Palácio do Povo, em Pequim, na sexta, 14, mostra o ditador chinês Xi Jinping, sua esposa Peng Liyuan, o presidente Lula, a primeira-dama Janja e outros integrantes da delegação. Duas fileiras atrás dos chefes de governo, exatamente acima da cabeça de Xi, está João Pedro Stédile. O líder do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, aparece de jaqueta azul e sem gravata.

Exatamente uma semana antes, na sexta, 7 de abril, o mesmo Stédile estrelou um vídeo do MST no Youtube. Ele afirmou que o Brasil viveu seis anos de golpes e de governos antipopulares, referindo-se aos mandatos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro. Então, afirmou que o MST teria contribuído, “de todas as formas possíveis”, para mudar essa situação e eleger o presidente Lula. Mas não basta eleger o presidente, diz ele. É preciso organizar os trabalhadores do campo para fazer manifestações em todos os estados e pressionar o governo — diga-se, o Incra — a fazer a reforma agrária. Enfim, ele prometeu um “Abril de Lutas”.

O convite para Stédile integrar a comitiva brasileira na China não deixa dúvidas de que ele conta com a confiança de Lula, que por sua vez nunca condenou seus delitos. Em 2015, o petista ameaçou convocar o “exército” do Stédile para brigar com os manifestantes que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Na campanha presidencial de 2022, após ser pressionado por Bolsonaro, Lula defendeu o MST, dizendo que seus integrantes só invadiam terras improdutivas. A julgar pela frase de Stédile, o MST também panfletou para o atual presidente no ano passado.

É essa carta branca que o petista dá ao MST que tem incentivado o cometimento de mais crimes este ano. No início de março, o movimento ocupou três propriedades da Suzano ao sul da Bahia e mais uma, em Jacobina, mais ao norte. Mas a reação foi intensa e o MST teve de voltar para a toca. Produtores rurais expulsaram os invasores em Jacobina. Nas áreas da Suzano, a Justiça concedeu rapidamente a reintegração de posse. No Congresso, a Frente Parlamentar Agropecuária, com 300 dos 513 deputados, deixou claro que não aceitaria uma conivência governamental.

Mas Lula, surdo para a grita geral, seguiu dando amplo trânsito a Stédile e seus comparsas. Depois de levá-lo para a China, o governo mudou a chefia do Instituto Nacional de Reforma Agrária em 19 estados.

A balbúrdia, enquanto isso, só cresceu. O MST invadiu prédios públicos em vários estados e propriedade rurais em Pernambuco. De novo, houve resistência. A Frente Parlamentar Agropecuária pediu a prisão de Stédile. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, solicitou ao STF uma liminar para impedir invasões de propriedades. O movimento colheu declarações negativas do presidente da Câmara Arthur Lira, do presidente do Senado Rodrigo Pacheco, do ministro da Agricultura Carlos Fávaro, do ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira, do governador do Espírito Santo Renato Casagrande e do governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro. De Lula, não se ouviu nenhum pio.

A ação que mais expôs o arcaísmo do MST foi a invasão de terras da Embrapa, em Petrolina, a oeste de Pernambuco. Essa instituição foi criada para aumentar a produção de alimentos nos anos 1970. Nessa época, o Brasil precisava importar comida. Nos quarenta anos seguintes, a Embrapa formou pesquisadores e criou tecnologias, como o plantio direto na terra e a fixação de nitrogênio nas plantas, que tornaram o país um dos maiores exportadores de alimentos do mundo.

Esses avanços beneficiaram as empresas do agronegócio, assim como ajudaram a tirar muitos pequenos produtores familiares da miséria. Na Embrapa Semiárido, essa que foi atacada pelo MST em Pernambuco, foram desenvolvidos sistemas de irrigação com cisternas e um feijão resistente ao clima seco da caatinga. A unidade também ajudou a ampliar a produção e a exportação de goiaba, manga, uva e vários frutos do semiárido, como cajá, graviola e caju. “A Embrapa Semiárido tem uma lista enorme de serviços prestados à agricultura familiar. Graças a isso, muitos pequenos produtores melhoraram de padrão de vida. Para o MST, contudo, é como se eles tivessem cometido o crime de não serem mais pobres”, diz o economista Antonio Buainain, do Núcleo de Economia Aplicada, Agrícola e do Meio Ambiente da Universidade Estadual de Campinas.

Quanto mais Lula dá cargos para o MST e mais deixa o grupo livre para aprontar das suas, mais o movimento irrita a sociedade brasileira. Na Câmara, Lira ameaçou abrir uma CPI do MST, caso Lula não barre novas invasões, como foi antecipado por O Antagonista. Para o bem dos brasileiros, é fundamental que a Embrapa siga com os seus trabalhos e que as propriedades privadas, de todos os tamanhos, sejam respeitadas. O Brasil já entendeu isso. Só Lula não se deu conta.
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