sábado, 29 de abril de 2023

Está crescendo muito o número de refugiados estrangeiros que preferem viver no Brasil

 



Tijolo sobre tijolo: a nova ilha haitiana em Canoas - Região - Diário de  Canoas

Muitos haitianos já conseguiram arranjar trabalho no Brasil

Merval Pereira
O Globo

No momento em que o país ainda vive as consequências da tentativa frustrada de golpe no dia 8 de janeiro, a Academia Brasileira de Letras (ABL) lança a nova edição da Revista Brasileira, que tem como tema central a democracia. Vivemos um período tormentoso, em que os problemas que afligem as principais democracias do Ocidente nos atingem, como o crescimento do extremismo de direita, o movimento migratório provocado por questões políticas, mas, especialmente, por problemas econômicos, de pura sobrevivência.

O espírito de solidariedade que a democracia estimula encontra barreiras nessas dificuldades dos tempos modernos. Enquanto na Europa os países vivem suas contradições no enfrentamento dos problemas causados pelas ondas migratórias devidas a guerras e crises econômicas, o Brasil vive situações inéditas, como a busca de refúgio por venezuelanos e cidadãos de outros países, inclusive do Caribe, da África e do Oriente Médio.

CENÁRIO ALARMANTE – O número de refugiados no Brasil já passou de 50 mil. Segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), é possível constatar que, no início de 2023, existiam mais de 65 mil pessoas reconhecidas como refugiadas no país.

E, de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Brasil recebeu 49.507 solicitações de refugiados no ano passado.

Diante desse cenário alarmante, a Fundação Dom Cabral — uma das principais escolas de negócios do país, com reconhecimento internacional — criou um projeto com o objetivo de promover a capacitação de gestores de organizações sociais que realizam trabalho direto com refugiados, além de fomentar o impacto indireto por meio das organizações sociais que atendem jovens em situação de vulnerabilidade e empreendedores populares refugiados no Brasil.

VISÃO SOLIDÁRIA – O objetivo é a capacitação dessas organizações para a governança e a gestão necessárias a fim de obter melhores resultados e buscar a sua sustentabilidade. Ano a ano, essa realidade do refúgio cresce no Brasil e no mundo.

Diante disso, o Basis — instrumento de capacitação de gestores de iniciativas sociais — e organizações de proteção a refugiados atenderão 12 organizações sociais e seus cerca de 30 gestores, com a duração total de oito meses de curso. O mapeamento das instituições aconteceu por meio da lista de organizações parceiras do Acnur.

Esse é um exemplo de como o espírito democrático favorece uma visão solidária diante de crises.

VAI DAR CERTO – Caetano Veloso, que fala sobre a democracia na Revista Brasileira e esteve presente ao lançamento, na Livraria Travessa do Leblon, Zona Sul do Rio, cunhou uma expressão que manifesta bem esse espírito de solidariedade democrática: — O Brasil vai dar certo porque eu quero.

Longe de espelhar uma atitude egocêntrica, a expressão é uma convocação a que todos os brasileiros se unam nessa tarefa.

A acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira, editora da Revista Brasileira, sublinhou a importância da democracia para a cultura nacional, razão por que a ABL se empenha em apoiá-la. Como mostram a Nicarágua e os recentes anos de desmonte do sistema governamental de estímulo à cultura, sem democracia não há cultura.

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