Com
o mercado de trabalho instável e dificuldades de recolocação, muitas
pessoas buscam novas oportunidades em outras áreas. Ademais, após a
pandemia, houve uma mudança de mentalidade da população e os cidadãos
passaram a enxergar valor em outras coisas. Entretanto, os desafios são
maiores para os mais velhos. Contudo, não existe uma idade limite para
começar uma carreira do zero e correr atrás do seu sonho. Dessa forma,
esses corajosos também têm a possibilidade de estagiar. Vamos falar
sobre esse assunto.
Como é o mercado para as pessoas com mais idade?
Muitas
vezes, existe um preconceito com esse grupo. Ademais, vários gestores
ficam com receio de contratá-los e sofrerem com o abandono, seja pela
questão financeira ou de hierarquia. No entanto, o estágio vai muito
além disso. A modalidade proporciona desenvolvimento profissional e é
uma excelente chance de entrar para o mundo corporativo e adquirir
experiência na área de formação. Os integrantes aproveitarão para fazer
boas redes de relacionamento e abrir portas para um futuro de sucesso.
Embora
seja fundamental abrir espaço para os jovens, contar com um time
diversificado pode ter inúmeros benefícios. Afinal, eles trazem
vivências passadas, situações difíceis e superadas, um contraponto e o
olhar de outro público. Logo, a chance de obter um bom resultado é muito
maior. Sendo assim, separei alguns passos para os candidatos seguirem e
conquistarem a vaga desejada:
Realize um planejamento:
é preciso, em primeiro lugar, traçar um bom plano, considerando as
possibilidades e alinhando com os objetivos ou necessidades pessoais.
Analise os motivos para tomar essa decisão e se seus problemas serão
resolvidos com essa troca de rumo. Também é fundamental se programar
financeiramente para esse recomeço.
Volte a estudar:
para ser estagiário, deve estar matriculado em uma instituição de
ensino médio, superior, técnico, ou na educação para jovens e adultos -
EJA. Entretanto, ler artigos, assistir a vídeos e fazer cursos
profissionalizantes também fortalece o seu currículo. Sempre é bom
lembrar: quem faz pós-graduação, mestrado ou doutorado também pode se
tornar um participante.
Faça networking: crie novos contatos, resgate relações profissionais e acadêmicas antigas. Participe de palestras e workshops.
Mantenha as redes sociais atualizadas, especialmente o LinkedIn. É
essencial demonstrar para os seus colegas da nova profissão o
conhecimento e a vontade de atuar. Assim, você sempre será lembrado
quando precisarem ocupar uma lacuna.
Mostre-se flexível e adaptável:
as empresas buscam essas características em colaboradores mais maduros.
Pesquise sobre a corporação, mostre interesse em fazer parte da equipe e
contribuir para o desenvolvimento dela, seja verdadeiro e amistoso.
Você também precisará se adaptar às novas funções, gerações e ideias do
mundo atual.
Aceite a nova ordem das coisas:
é preciso estar antenado sobre as transformações sociais para conseguir
atuar com todas as faixas etárias. Mudar o ultrapassado conceito de
competição para o de construção e colaboração. Um bom exercício é passar
a consumir novos conteúdos.
O que o mercado espera desses colaboradores mais experientes?
O
Brasil tem mais de 28 milhões de idosos (acima de 60 anos). Esse número
representa 13% da população do país e pode dobrar de tamanho nas
próximas décadas, de acordo com as estatísticas do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE. Em 2043, um quarto dos brasileiros
terá mais de 60 anos, enquanto a proporção de crianças e adolescentes
até 14 anos será de apenas 16,3%.
Esse
momento é favorável para as organizações investirem nesse tipo de
contratação. Após a pandemia, houve uma grande agitação dentro das
companhias. Para aguentar o ritmo frenético, os gestores precisaram de
novos membros. Dessa maneira, formar um time plural é essencial para
superar esse desafio.
Para
quem deseja seguir esse caminho, é preciso entender o mundo fora das
grandes empresas. Para isso, deve se atualizar sobre as práticas atuais e
tendências em geral. Realizar cursos com temas em alta, acompanhar
estudiosos futuristas, novas soluções, metodologias, processos e profissões.
Outro
fator determinante é saber trabalhar com dados. Hoje em dia, essas
informações são valores estratégicos. Entender e conseguir
interpretá-los é um diferencial importante e bem
avaliado. Entretanto, tão relevante quanto as habilidades
comportamentais, como pensamento crítico, comunicação, letramento
digital, multitarefas, alteridade, dinamismo, intraempreendedorismo
entre outras, é identificar quais são as suas principais soft skills e ainda buscar constantemente se desenvolver em cada uma delas.
Reconheça
o próprio capital humano e quão bem você consegue alavancar os seus
atributos. Mesmo esse tipo de conhecimento sendo mais difícil de ser
formalizado e transmitido aos outros, ainda assim não basta só saber
aplicá-lo no dia a dia, mas como criar os nexos entre os obstáculos,
pois dele podem surgir futuras inovações.
Ademais, esteja pronto para os processos seletivos digitais. A tecnologia pode
e deve ser utilizada para expandir possibilidades e crescimento. O fato
de uma entrevista ser virtual não deveria tornar nenhum candidato
invisível. É fundamental usar as ferramentas a seu favor e saber se
posicionar. Não descuide de seus perfis nas redes sociais e faça deles
uma vitrine do seu potencial.
As
entidades têm diversas vantagens nessa relação. Além de contar com
pessoas já vividas e com bastante histórias na bagagem, eles estão ali
por terem vontade de atuar naquele lugar. Afinal, recomeçaram a carreira
para isso. Outrossim, ainda destaco o aspecto financeiro. Existe a
isenção de impostos e direitos trabalhistas, tais como FGTS, INSS, 1/3
sobre férias, multa rescisória e 13º salário.
Entretanto,
quem pode efetuar esse tipo de contratação? De acordo com a legislação:
pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração
pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como
profissionais liberais devidamente registrados em seus respectivos
conselhos de fiscalização. Logo, médicos, dentistas, engenheiros,
arquitetos e advogados, por exemplo, também têm essa possibilidade.
Portanto, abra as portas do seu negócio para esse grupo com vontade de mostrar serviço e dar um restart na vida. Dessa forma, você ajudará a educação e a economia do país. Conte com a Abres nessa missão. Juntos somos mais fortes!
*Carlos Henrique Mencaci é presidente da Associação Brasileira de Estágios - Abres
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