BLOG ORLANDO TAMBOSI
O discurso do petista não faz menção ao tipo de oposição de amplo espectro que o coloca na posição de ser o presidente eleito que já assume com um grande índice de rejeição. William Waack:
Não
há nada surpreendente no primeiro discurso do presidente Lula. Está
perfeitamente em linha quanto à tática política, que é a de se
apresentar como salvador. E alinhado com o que se pode chamar de “ideias
gerais” do petismo, incluindo política externa.
Lula
diz assumir um país destruído por regime autoritário que dilapidou o
patrimônio público, tem responsabilidade por genocídio durante a
pandemia, foi criminoso, negacionista e obscurantista. Lula inicia o
mandato, disse, “frente a adversários inspirados no fascismo”.
O
extremo lógico desse raciocínio abre caminho para dizer que a enorme
oposição ao PT e a Lula – cujo espectro é imensamente mais amplo do que o
bolsonarismo - é uma oposição a quem (Lula) pretende “reconstruir em
bases sólidas a democracia”. É arriscado como tática política num país
profundamente dividido.
Assim
como é arriscada a afirmação de que o teto de gastos é uma “estupidez”
que será revogada. Da mesma maneira, o extremo lógico desse raciocínio
abre caminho para caracterizar como “estupidez” a limitação do
crescimento de gastos públicos. Está implícita neste trecho do discurso a
falsa dicotomia entre política fiscal e social.
O
que Lula postulou em termos gerais sobre o que pretende fazer na
economia faz parte de seu discurso padrão de quase meio século de vida
pública. É a ideia de que o principal motor do crescimento é o consumo
popular, e que os grandes indutores de investimento são os bancos
públicos e estatais como a Petrobras.
Não
faz sentido importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de
petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites, afirmou Lula em seu
primeiro discurso como presidente. “Caberá ao Estado trazer a indústria
brasileira para o século 21″, prosseguiu, “com uma política industrial
que (...) garanta acesso a financiamentos a custos adequados”.
Lula
disse ter compreendido que deveria ser o candidato “por uma frente mais
ampla” do que o campo político no qual se formou. Foi a única
referência no discurso à proposta política de conduzir um abrangente
consenso entre forças políticas diversas que convergiram na necessidade
de derrotar o bolsonarismo e destronar seu “mito” – embora Lula tivesse
logo dito que deve sua vitória “à consciência política” da sociedade
brasileira e “à frente democrática” formada para as eleições.
O
discurso de Lula não faz menção ao tipo de oposição de amplo espectro
que o coloca na posição de ser o presidente eleito que já assume com um
grande índice de rejeição. Mas seus primeiros passos e medidas, sim.
Segura mais um pouco aí essa desoneração dos impostos sobre
combustíveis. Presidente assumindo e já tem gasolina mais cara?
Postado há 3 days ago por Orlando Tambosi
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