domingo, 23 de outubro de 2022

EUA condenam Bannon, assessor de Trump, que no Brasil teria a impunidade garantida

 



Se bobear, Steve Bannon poderá pegar até 15 anos de cadeia

Thiago Amâncio
Folha

A Justiça dos EUA condenou nesta sexta (21) Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump e organizador da ultradireita global, a 4 meses de prisão e multa de US$ 6.500 por desacato ao Congresso. A sentença se refere às acusações pelas quais Bannon, 68 anos , figura influente também no círculo próximo do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi condenado em julho —ele se recusou a entregar documentos e a depor à comissão da Câmara americana que investiga a invasão do Capitólio.

Em 6 de janeiro de 2021, apoiadores de Trump, insuflados pelo republicano, invadiram o Congresso americano para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden. Cinco pessoas morreram na ocasião.

INVESTIGAÇÕES – Um comitê foi formado na Câmara por sete democratas e dois republicanos para apurar o episódio. Segundo as investigações, Bannon falou com Trump pelo menos duas vezes no dia anterior ao ataque e participou de uma reunião de planejamento em um hotel em Washington. O painel chegou a exibir um vídeo no qual Bannon diz, em seu podcast, no dia 5 de janeiro de 2021, que “o inferno vai acontecer amanhã”.

Ele foi intimado pelo comitê a entregar documentos e comunicações com Trump e aliados, mas se recusou sob a justificativa de que também teria direito ao chamado “privilégio executivo”, um mecanismo que protege as comunicações do presidente e seus assessores. A comissão do Congresso rejeitou a alegação, mas mesmo assim o aliado do republicano não respondeu às intimações.

Bannon chegou ao tribunal na manhã desta sexta-feira sob protestos de manifestantes, que gritavam palavras de ordem como “traidor” e inflaram a imagem de um rato gigante com o topete de Donald Trump e um celular na mão.

DESRESPEITO AO CONGRESSO – A promotoria havia pedido que o aliado de Trump fosse punido com seis meses de prisão, enquanto seus advogados pleiteavam liberdade condicional. Durante a audiência, o promotor J.P. Cooney disse que Bannon desrespeitou o Congresso. “Ele não está acima da lei, e é por isso que esse caso tem importância.”

Segundo o juiz responsável pela sentença, Carl J. Nichols —indicado ao cargo em 2018 pelo próprio Trump— a defesa de Bannon tem 14 dias para recorrer, e ele segue em liberdade durante a apelação.

Em um cenário improvável no qual não recorresse, ele teria até o próximo dia 15 para se entregar de maneira voluntária, mas tanto o réu quanto sua defesa já disseram que vão apresentar recurso.

ULTRADIREITA  – Criador do podcast “War Room” e ex-chefe do portal de ultradireita disseminador de desinformação Breitbart News, Bannon é considerado um dos responsáveis pela vitória de Trump nas eleições de 2016.

Este não é, porém, o processo mais grave que Bannon enfrenta. Ele foi preso em agosto de 2020 sob acusações de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração devido a irregularidades na arrecadação de recursos para construir o muro que separa EUA e México, bandeira de campanha de Trump. Bannon pagou fiança de US$ 5 milhões e foi liberado em seguida, para responder em liberdade.

Em 20 de janeiro de 2021, horas antes de passar o cargo de presidente para o democrata Joe Biden, Trump concedeu, durante a madrugada, perdão presidencial a Bannon e a outros 142 aliados. O indulto livrou o ex-estrategista das acusações de fraude sob a Justiça Federal, mas outro processo foi aberto pelo estado de Nova York em setembro deste ano pelos mesmos motivos. Se condenado, Bannon pode pegar até 15 anos de prisão.

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