Projetos tramitam no Congresso Nacional desde setembro passado e prevêem recursos para políticas sociais
O relatório Lucrando com a Dor,
apresentado pela Oxfam na abertura do Fórum Econômico Mundial, dia
22/05, explicitou a urgência de tributar os super-ricos no Brasil e no
mundo. De acordo com o estudo, a pandemia da covid-19 foi “um dos
melhores momentos da história para a classe bilionária” e impulsionou “o
maior aumento sistêmico da desigualdade de renda já visto”.
São
573 novos bilionários no mundo que ganharam dinheiro com a dor e o
sofrimento de milhões de pessoas. São empresários do setor alimentício,
grandes petrolíferas, gigantes farmacêuticas e de tecnologia que
controlam as redes sociais e plataformas digitais.
No
Brasil o cenário de crise jogou para a insegurança alimentar cerca de
120 milhões de pessoas e o país voltou ao mapa da fome, enquanto o
número de bilionários subiu para 55, de acordo com o ranking da revista
Forbes. O desemprego está em patamares recordes e o atual governo
brasileiro encerra a gestão com o salário mínimo menor do que quando
entrou em 2019, antes da pandemia.
“É
decisão política acabar com a pobreza, a marginalização e a fome. Com
esforço coletivo da população e participação predominante dos
super-ricos é perfeitamente possível acabar com a pobreza”, afirma o
auditor fiscal e vice-presidente do Instituto Justiça Fiscal (IJF), Dão Real Pereira dos Santos.
“Na
pandemia, mesmo com a economia estagnada, os bilionários acresceram 40%
na sua riqueza. Parte desse acréscimo provém do empobrecimento da
população. Isso é injustiça”, aponta o auditor fiscal.
Justiça fiscal e seguridade social
O IJF é uma das 70 organizações nacionais que integra a campanha Tributar os Super-Ricos
que defende tributar apenas 0,3% da população mais rica aumentando a
arrecadação em R$ 300 bilhões ao ano. Esse percentual abrange apenas 59
mil pessoas entre 213 milhões de brasileiros.
Seis
projetos elaborados pela campanha tramitam no Congresso Nacional desde
setembro de 2021 condicionando parte da receita aos atingidos pela
Covid, tanto aos mais de 130 mil órfãos como para tratamento das
sequelas.
Para
o dirigente do IJF, se dependesse do mercado o número de pobres só
aumentaria e a renda e riqueza concentraria infinitamente nos
super-ricos. “É preciso que o Estado promova justiça fiscal. Por isso é
tão importante aprovar os projetos que tributam as grandes fortunas, as
altas rendas e os grandes patrimônios acumulados com isenção ou
subtributação, enquanto os pobres pagam proporcionalmente muito mais
impostos”, resume Dão Real.
Exigência ética
A
Associação Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da
Covid-19 Vida e Justiça é uma das entidades que reforça a importância de
aprovar a tributação dos super-ricos e destinar à seguridade social
para reduzir o flagelo da crise sanitária aprofundada pela ineficiência
do governo federal.
“Há
milhares de vítimas da covid-19 desamparadas após a doença que sofrem
as mais variadas sequelas – desde problemas crônicos de saúde física e
mental, além das dificuldades econômicas e sociais como a orfandade
resultante de vidas perdidas”, observa o coordenador executivo da
Associação Vida e Justiça, Renato Simões.
Ele
acentua que a pandemia atingiu mais profundamente os setores
tradicionalmente excluídos e acumulou riquezas na mão de poucos. “A
reforma tributária como proposta pela campanha é uma exigência ética da
pandemia”, conclui Simões.
O que propõe a campanha?
Entre
os principais projetos da campanha estão os que corrigem distorções no
Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) como a isenção sobre lucros e
dividendos distribuídos na pessoa física e a dedução de juros sobre o
capital próprio, elevando alíquotas para as altas rendas, isentando os
que menos ganham.
Cria
Contribuição de Altas Rendas (CSAR) para quem ganhar mais de R$ 720 mil
reais anuais e institui o Imposto Sobre Grandes Fortunas (IGF) para
pessoas físicas que ultrapassarem a R$ 10 milhões. Eleva a alíquota da
Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) do setor financeiro e do
setor extrativo mineral, que aumentaram lucros mesmo em tempos de crise
econômica e de pandemia.
A
campanha visa a desonerar empresas do Simples com receita bruta de até
R$ 360 mil anuais, reduzindo a alíquota em até 60%, abrangendo 75% das
empresas. Propõe novas regras de repartição de receitas da União entre
Estados e Municípios, acrescentando R$ 83 bilhões para Estados e R$ 64
bilhões para Municípios.
Prevê
ainda revisão dos benefícios fiscais, combater a evasão e a sonegação
fiscal e cobrar os grandes devedores da Previdência Social e da Fazenda
Nacional.
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Assessoria de imprensa:
Katia Marko (MTB 7969) e Stela Pastore (MTB 7586)- (51)99913.2295
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