Quanto ao delírio, à libertinagem das novas causas ditas societais, cavalgadas e promovidas pelos órfãos do marxismo, com as quais muitos liberais incautos se confundem, nada têm de liberalismo. Gilherme Valente para o Observador:
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A dimensão social está no grande pensamento liberal, desde logo no
fundador. E foi nas sociedades liberais que primeiro e melhor foi
politicamente realizada. Neste sentido, seria redundante a expressão
“social-liberal”, não fora a confusão ocorrida na Europa – por
peripécias histórico-políticas conhecidas – no uso dos termos
“comunismo” e “socialismo”. Termos que no mundo anglo-saxónico designam
uma e a mesma ideologia totalitária*.
Há,
portanto, uma destrinça histórica fundamental a fazer entre o europeu
“socialismo/social-democracia”, que é parlamentarista, pluralista e
cioso das liberdades, e o “leninismo/comunismo/bolchevismo”, que
degradou e atraiçoou aquele socialismo e até, talvez, para muitos, em
alguma dimensão, o pensamento de Marx. Para não falar mesmo da nossa
tradição socialista pluralista, e estou a pensar em Antero (como um
amigo e mestre agora me lembrou).
Abstraindo
da doutrina, do mesmo modo que há socialistas e socialistas, o mesmo se
passa com os liberais nas suas expressões partidárias: os liberais
canadianos são muito diferentes dos liberais japoneses, ou os holandeses
dos ingleses ou mesmo dos alemães e etc.
E
para os que se assustam com o papão, martelado por BE, PCP, Livre e
este PS desnaturado de Costa, do perigo em termos menos deste Estado
invasivo, sufocante, paralisador, gerador da pobreza, lembro o que
talvez poucos tenham presente: a presença do Estado na vibrante economia
e sociedade da Suécia era/é muito menos intervencionista/estatizante do
que na França gaullista e… hoje!
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Há, portanto, afinidade próxima entre os partidos ditos na Europa
“socialistas” (adversários dos comunistas) e os liberais, seja qual for o
nome que adoptem. É natural, por exemplo, a aliança actual na Alemanha
entre o partido social-democrata (irmão do nosso Partido Socialista
herdado de Soares) e os liberais. Realidade que remete, se quisermos
usar a velha classificação esquerda/direita/centro, para o grande bloco
que consubstancia a democracia-liberal, onde os partidos chamados
Liberais estiveram sempre na esquerda… liberal.
Área
dentro da qual a negociação, isto é, o compromisso político e o
entendimento governativo são possíveis, como lapidarmente explicou
Sérgio Sousa Pinto na lição brilhante de pensamento político e História
que deu na televisão. E é por isso que a entrega de poder de Costa aos
inimigos da liberdade e do progresso é politicamente imperdoável.
E
é a esta luz que se deve interpretar o impulso de vergonha e aparente
arrependimento do PM perante a evidência dos argumentos de Cotrim de
Figueiredo: “Também sou um liberal” (cito de memória).
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Quanto ao delírio, à libertinagem das novas causas ditas societais,
cavalgadas e promovidas pelos órfãos do marxismo – identitarismo e
política de género e invenção de racismo e outras barbaridades
obscurantistas –, com as quais muitos liberais incautos se confundem,
nada têm de liberalismo.
Ferem,
bem pelo contrário, princípios nucleares das sociedades
democrático-liberais: a liberdade de pensamento e de expressão e os
princípios básicos do Estado de direito democrático, eles próprios
instituídos pelo liberalismo. Violam a evidência científica e,
materialmente, a natureza humana, com experimentações físicas
mengelianas.
Os
liberais têm de estar na frente de mais este combate mortal, agora aos
novos obscurantismos, totalitarismo porventura ainda mais anti-humano e
apocalíptico.
Alguém
que se pense liberal não pode fazer… tudo! Por exemplo tomar drogas se
quisesse. E não poderia menos ainda por se pensar liberal. Refiro este
exemplo por mostrar expressivamente o que um liberal não pode fazer nem
ser.
Tal
afirmação ofende a consciência e responsabilidade humana, também a
inteligência, condições da liberdade, no cerne do ideal e do projecto
liberal. Ser liberal é ser responsável, pessoal e socialmente.
É
imperativo não confundir os jovens, à procura de um ideal político,
numa era de tanta ignorância e confusão.. Prudência, pois, nas graçolas.
4 A
IL é um fenómeno interessante que precisa no entanto de ganhar
substância, precisão teórica, e implantar-se no terreno também com uma
acção pedagógica sobre os princípios fundadores essenciais e fecundos do
liberalismo. Se quiser sobreviver e firmar o partido liberal forte que
urge em Portugal.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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