As crianças estão a ser cobaias de uma ideologia. São confrontadas com uma multiplicidade de “identidades” sexuais para, de acordo com os ideólogos de género, experimentarem e saberem quem são. Maria Helena Costa para o Observador:
A
lei aprovada no dia 25 de Janeiro de 2022, pelo Parlamento francês,
visa punir quem praticar aquilo que designa como “terapias de conversão”
para mudar a orientação sexual de uma pessoa, mesmo que seja a seu
pedido. A Lei francesa introduziu um novo crime no código penal.
Assim,
se um menor ou maior de idade quiser receber aconselhamento
especializado, para se identificar com o sexo com que nasceu, não tem
direito a ser aconselhado e os profissionais de saúde que queiram
ajudá-lo correm o risco de serem condenados a três anos de prisão e ao
pagamento de uma multa no valor de 45 000 euros.
Entenda-se:
se uma criança – influenciada pelo ensino da ideologia de género na
Escola e nas redes sociais – se auto-determinar do sexo oposto, os
profissionais de saúde são obrigados a concordar com tudo o que ela
quiser. Mas se essa mesma criança se sentir confusa quanto à sua
sexualidade e quiser identificar-se com o seu sexo biológico não pode
ser ajudada. A ideologia passa a prevalecer sobre a biologia e as
crianças passam a poder decidir como adultos.
Partindo
do princípio de que uma criança não faz sexo, jamais deveria ser
confrontada e confundida com questões de sexo. O que está a ser feito na
Escola é criminoso. As crianças estão a ser cobaias de uma ideologia
que as deixa à procura de uma identidade, uma vez que a identidade de
cada uma delas, pessoal e intransmissível, é desconstruída e elas são
confrontadas com uma multiplicidade de “identidades” sexuais para, de
acordo com os ideólogos de género, experimentarem e saberem quem são.
Por favor, ouça o podcast do psicólogo Eduardo Sá “Quando um filho de 10 anos diz que é pansexual?”.
A lei desencadeou uma onda de protestos da comunidade médica e de muitos juristas, pois, como confirma o Le Figaro,
a lei «não se limita a proibir médicos e intervenções psicológicas para
mudar a orientação dos homossexuais, mas inclui questões relacionadas
com a identidade de género». Assim, médicos, psicólogos, psiquiatras e
psicanalistas infantis, «não poderão ajudar menores que sofrem de disforia de género». A lei não faz distinção entre adultos e crianças e isso é perigosíssimo perante o fenómeno da “disforia de género de início rápido”, que, no Reino Unido, aumentou mais de 4000 por cento em menos de uma década e levou
a ministra Penny Mordaunt a ordenar uma investigação para apurar porque
é que tantas meninas procuram tratamentos para “mudar de sexo”.
O mesmo acontece no Brasil, em França, cá em Portugal e em todos os países que já adoptaram a ideologia de género em contexto escolar.
Os pedidos de transição de género entre menores têm-se multiplicado rapidamente e a isso não serão alheios os conteúdos ministrados nas escolas e que exigem uma abordagem “afirmativa”
que inicie a transição cada vez mais cedo, recorrendo ao uso de
bloqueadores da puberdade, hormonas e operações cirúrgicas, e até há
quem afirme que crianças de 9 anos têm conhecimento informado para decidirem qual é a sua identidade de género.
O lei aprovada em França tem vindo a ser discutida cá em Portugal. Em
2017 o Bloco de Esquerda já propunha que os filhos menores pudessem
processar os pais que não concordassem com a “mudança de sexo”, em 2021 a deputada Cristina Rodrigues propôs a mesma lei que o Parlamento francês aprovou. E com o socialismo com maioria absoluta não tarda que esta lei seja aprovada cá.
Convém perceber que:
1
Quando se fala em “terapias de reorientação sexual” não se está a falar
de choques eléctricos nem de forçar pessoas adultas a nada. Cada um
deve ser livre de viver a sua sexualidade como muito bem entender e deve
ter liberdade para requerer ajuda caso deseje mudar a sua orientação
sexual. E não me venham dizer que “ninguém muda de orientação sexual” porque não faltam notícias em contrário e, entre a multiplicidade de géneros, existe o “género fluído”.
2
A proibição de “terapias de reorientação sexual” deixará os pais
completamente desprotegidos, sem poderem recusar a realização de uma
transição solicitada pelo filho menor.
3
Os profissionais de saúde ficam impedidos de realizar consultas
psicológicas para avaliar se a operação é adequada para o caso
específico.
Ora,
sabendo que o córtex pré-frontal, uma área do cérebro que é responsável
pela tomada de decisões informadas que têm consequências a longo-prazo e
que amadurece mais tarde, entre os 25 e os 30 anos, e que mudar de sexo
traz consequências a longo-prazo:
*
O que acontece quando se incentivam crianças e jovens a tomar decisões
com consequências a longo-prazo, irreversíveis, das quais podem vir a
arrepender-se, como já acontece um pouco por todo o mundo?
*
Alimentar a confusão sexual de crianças e deixá-las acreditar que são
de outro sexo, que não daquele com o qual nasceram, não contraria todas
as evidências científicas?
* Isto só vale para as características sexuais?
* E se a criança sentir que é mais velha ou mais nova?
*
E se houver uma criança cuja orientação sexual é dirigida para crianças
muito mais novas? Também devemos reconhecer a sua profundamente sentida
experiência interna e individual?
A
psicóloga e psicanalista Céline Masson alerta: “a nossa abordagem é
neutra e queremos acolher as crianças, permitindo-lhes atingir a
maturidade antes de intervir do ponto de vista médico”. Um grupo de
profissionais e investigadores da infância (médicos, psiquiatras,
psicanalistas, advogados, magistrados, professores, filósofos,
sociólogos, etc.) associado ao Observatório dos discursos ideológicos sobre crianças e adolescentes,
composto por cerca de cinquenta personalidades, protestam contra o
discurso sobre a “autodeterminação” da criança que, segundo eles,
legitima um forte aumento dos pedidos de mudança de sexo, principalmente
entre os adolescentes. Os autores rebelaram-se contra o “roubo da
infância”, a “mercantilização dos corpos das crianças” e a mediação de
“discursos ideológicos enganosos” sobre autodeterminação que estão a
provocar um aumento drástico de crianças e adolescentes que querem mudar
de sexo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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