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Nunca na história uma geração tão medíocre, ingrata e narcisista deveu tanto a seus antepassados. Artigo do historiador Victor DavidHanson, publicado por The Daily Signal e traduzido para a Gazeta do Povo:
Os
últimos dois anos testemunharam um aumento sem precedentes na antiga
guerra contra o passado norte-americano. Mas há várias falhas de lógica
no ataque às gerações passadas.
Os
críticos pressupõem que sua geração é moralmente superior às gerações
passadas. Assim, eles usam seus padrões para condenar os mortos que
supostamente não chegam a seus pés.
Além
disso, os críticos do século XXI raramente reconhecem que sua riqueza e
tempo ocioso se devem sobretudo às gerações passadas, cujo trabalho
duro ajudou a criar o ambiente de conforto atual.
E
o que será que os críticos do futuro dirão da geração atual que
vivenciou mais de 60 milhões de abortos desde a sentença do caso Roe vs.
Wade [que legalizou o aborto nos EUA], mesmo depois de avanços na
tecnologia que permite a viabilidade fetal fora do útero?
O
que nossos netos dirão de nós, que emitimos mais de US$30 trilhões em
dívidas – boa parte disso como empréstimos desnecessários?
Que
tipo de sociedade dorme enquanto os assassinatos atingem números
recordes em 12 de suas maiores cidades? O que há de civilizado em tirar o
dinheiro da política, nos saques endêmicos e no roubo de carros?
Nossa
imprensa era mais responsável, profissional e esclarecida em 1965 ou
2021? Hollywood produziu filmes mais sofisticados e agradáveis em 1954
ou 2021? Havia mais espírito esportivo entre os atletas profissionais de
1990 ou 2021?
Foi
realmente virtuoso desprezar os princípios do “conteúdo do nosso
caráter” e das “oportunidades iguais” do movimento pelos direitos civis
de 60 anos atrás? A obsessão atual pela “cor da nossa pele” e
“resultados iguais” é superior?
Os
Estados Unidos teriam vencido a Segunda Guerra Mundial tendo, como
hoje, apenas seis em cada dez norte-americanos trabalhando? Nossa
geração teria trazido as tropas para casa e desistido da Primeira Guerra
Mundial com medo da pandemia de Gripe Espanhola em 1918?
Temos orgulho de ver os índices de educação em queda, apesar do investimento recorde em educação?
Você
já parou para pensar que só atingimos esse padrão de vida e de
segurança porque já fomos uma meritocracia que desistiu de avaliar a
força de trabalho por meio de afinidades tribais e antigos preconceitos?
Nossa
geração fala o tempo todo sobre infraestrutura. Mas quando foi a última
vez que construímos algo comparável à Represa Hoover, ao sistema
interestadual de estradas ou ao California Water Project — sem falar no
fato de que levamos o homem à Lua?
Se
as gerações passadas eram tão tóxicas, por que continuamos aceitando,
sem a devida valorização, o mundo moral e material que elas nos legaram,
com a Constituição e Declaração de Direitos, com aeroportos, estradas e
usinas de energia? Nós já derrotamos forças comparáveis às do Eixo ou
da União Soviética comunista?
Conhecemos bem os sintomas de epidemia atual de ódio ao passado.
Um
deles é a destruição orwelliana de estátuas. O revisionismo histórico
geralmente reage ao frenesi das multidões puritanas, e não à discussão
democrática e ao voto de autoridades eleitas.
Onde está o panteão de heróis lacradores que substituirão Thomas Jefferson e Teddy Roosevelt?
Que
tipo de moralidade e realizado deveria ser imortalizada? A vida pública
e privada de pessoas como Che Guevara, Angela Davis, Malcolm X,
Margaret Sanger, e Franklin D. Roosevelt estão isentas de pecado?
A
obsessão racial tende, previsivelmente, a seguir uma única direção.
Exatamente como os confederados, reunimos todas as pessoas de acordo com
a aparência, como “brancos”, “negros” e “pardos” – geralmente para
estereotipar os supostos males da supremacia branca.
Mas,
se seguirmos por esse caminho tribal e simplista da luta caricatural
entre opressores e oprimidos, as gerações futuras avaliarão os méritos e
deméritos de cada grupo a fim de julgar o papel dos indivíduos na
melhora ou piora do país?
Que
padrão será usado para julgar o mundo ignorante dos estereótipos
raciais – a representação proporcional nos prêmios Nobel, a filantropia,
as descobertas científicas e a arte em contraposição aos homicídios,
ataques violentos, divórcios e ocorrência de filhos ilegítimos?
A
imigração – quando legal, diversa, comedida e meritocrática – é um dos
pontos fortes dos Estados Unidos, como se vê no caso de pessoas
trabalhadoras que optaram por deixar sua terra e correr o risco de criar
uma nova vida nos Estados Unidos.
Mas
se os Estados Unidos são um país tão ruim e irreparável, por que no ano
de 2021 quase 2 milhões de estrangeiros entraram no país – ilegalmente,
em massa e com o objetivo de fincar raízes numa nação supostamente
racista e que seria inferior ao país que esses imigrantes abandonam?
De
acordo com uma ideia antiga, a assimilação e integração garantem aos
imigrantes o direito ao presente e ao passado dos Estados Unidos tanto
quanto eles tinham direito ao presente e ao passado de sua terra nativa.
Mas será que a antítese disso não é também verdadeira?
Será
que os imigrantes não deveriam ao menos respeitar os antepassados que
ajudaram a criar o país que agora eles desejam ansiosamente habitar e
que, para preservar esse mesmo país, morreram em lugares horríveis, de
Valley Forge a Bastogne?
Nunca na história uma geração tão medíocre, ingrata e narcisista deveu tanto a seus antepassados.
Victor Davis Hanson é historiador e classicista no Hoover Institution da Universidade de Stanford.
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