Eu sou um libertário, assim como qualquer pessoa de bom senso, escreve Laurence Vance no Instituto Mises:
Eu
sou um libertário. Não sou filiado a nenhum partido político. Não sou
progressista nem conservador. Não sou de esquerda nem de direita. Não
sou moderado nem radical. Não sou um fusionista. Não estou aberto a
concessões.
Sou
um libertário puro e inflexível. Para mim, há apenas uma única forma de
libertarianismo: aquela que se baseia única e exclusivamente no Princípio da Não-Agressão.
Isso significa que, para um genuíno libertário, a lei deveria proibir a
iniciação de violência contra pessoas inocentes (tanto as que não
cometeram crimes quanto as que querem apenas empreender) e contra sua
propriedade. Ponto.
O
libertarianismo é apenas isso e nada mais do que isso. Não há nada mais
no libertarianismo do que as implicações desse axioma básico — o que já
é muita coisa.
Por
que estou dizendo isso? Porque, de uns tempos para cá, tem havido
algumas tentativas, tanto da esquerda quanto da direita, de sequestrar o
movimento libertário.
A
esquerda vem tentando sequestrar o movimento libertário acrescentando
ao Princípio da Não-Agressão sua típica agenda progressista. Daí surgem
bizarrices como dizer que um libertário tem de ser publicamente
contrário ao patriarcalismo, ao machismo, a uma hierarquia de poderes
dentro das famílias, à homofobia, ao racismo, ao preconceito, ao brutalismo etc.
Outros
vão ainda mais longe e dizem que um libertário deve ser abertamente
feminista, pró-movimento gay, e deve fazer apologia de movimentos
contra-culturais e ser adepto de estilos de vida alternativos. Alguns
chamam isso de libertarianismo humanitário, outros de libertarianismo
denso (porque engloba várias características), e ainda há aqueles que
chamam isso de "Novo Libertarianismo".
O
que essas pessoas não entendem é que ser libertário significa única e
exclusivamente se opor à iniciação de agressão contra inocentes. Ponto. É
só isso e nada mais do que isso.
É
perfeitamente possível você ser um racista abjeto, ter total aversão a
gays e ainda assim ser libertário: basta você guardar para si sua visão
de mundo e não implantá-la sobre terceiros. Você pode ser totalmente
contra a prática do homossexualismo e totalmente avesso a qualquer ideia
feminista; o que você não pode fazer é iniciar agressão contra essas
pessoas. Aja assim e você será um libertário.
Quão difícil é entender isso?
Mas o problema não vem apenas da esquerda. Uma tentativa de guinar o libertarianismo para a direita
também vem ocorrendo de maneira igualmente intensa. Há alguns
direitistas que, assim como os esquerdistas, também querem criar sua
própria forma de "libertarianismo denso", exortando libertários a
aceitar ideias conservadoras.
Daí a necessidade de fazer estes esclarecimentos.
Sou um libertário. Não sou um libertário "denso" nem "diluído". Não sou brutalista
nem humanista. Não sou holista ou solipsista. Não sou moralista nem
consequencialista. Não sou aberto nem fechado. Não sou um libertário
modal, nem cosmopolita, nem cultural, nem sofisticado. Tampouco sou um
"libertário de bom coração". Não sou neo, nem milenar, nem de segunda
onda. Sou simplesmente um libertário, do tipo que não precisa de
rótulos, não cria advertências, não faz concessões e nem pede desculpas.
Sou
libertário. O libertarianismo é uma filosofia política que se preocupa
exclusivamente com o uso da coerção e da violência. Não se trata de uma
filosofia política que diz que o melhor tipo de governo é um governo
limitado. Não se trata de uma filosofia política socialmente liberal e
economicamente conservadora. Não se trata de uma filosofia política que
diz que o governo é menos eficiente do que o setor privado. Não se trata
de uma filosofia política que diz que a liberdade pode ser alcançada
por meio da promoção de determinadas políticas governamentais em
detrimento de outras. Não se trata de uma filosofia política que advoga
um "liberalismo com impostos baixos".
O
libertarianismo não é a ausência de racismo, de machismo, de homofobia,
de xenofobia, de nacionalismo, de nativismo, de classismo, de
autoritarismo, de patriarcado, de desigualdade ou de hierarquia.
Libertarianismo não é diversidade ou ativismo. Libertarianismo não é
igualitarismo. Libertarianismo não é tolerância ou respeito.
Libertarianismo não é uma atitude social, estilo de vida, ou
sensibilidade estética.
Sou
um libertário. Sou seguidor do Princípio da Não-Agressão, o qual diz
que o único papel adequado para a violência é o de defender o indivíduo e
a propriedade contra agressões, e que qualquer uso da violência que vá
além de tal defesa é em si mesma agressiva, injusta e criminosa. O
libertarianismo, portanto, é uma teoria que afirma que todos devem estar
imunes a agressões, que todos têm o direito de se proteger de
agressões, e que todos devem ser livres para fazer o que lhes aprouver,
desde que isso não signifique agredir a pessoa ou a propriedade de
outro.
Meu
interesse é nas ações; não estou preocupado com os pensamentos. Estou
interessado apenas nas consequências negativas de pensamentos. Acredito
que o Princípio da Não-Agressão tem de ser estendido ao governo. Os
libertários devem, portanto, se opor à — ou tentar limitar ao máximo a —
intromissão dos governos tanto em nível doméstico quanto internacional,
pois os governos são os maiores violadores do Princípio da
Não-Agressão.
Sou
um libertário. Acredito na regra de ouro. Acredito na filosofia do
"viva e deixe viver". Acredito que uma pessoa deve ser livre para fazer o
que quiser, desde que sua conduta seja pacífica. Acredito que os vícios
não são crimes.
Sou
um libertário. Nosso inimigo é o estado. Nossos inimigos não são a
religião, as corporações, as instituições, as fundações ou as
organizações. Elas só têm hoje o poder de nos fazer mal por causa de sua
ligação com o estado. Retire os subsídios, as medidas protecionistas, e
as regulações que as protegem da concorrência, e elas rapidamente
passarão a ser inócuas. Mais ainda: serão inteiramente subservientes a
nós consumidores.
Sou
um libertário. Acredito no laissez- faire. Qualquer indivíduo deve ser
livre para incorrer em qualquer atividade econômica, sem licença,
permissão, proibição ou interferência do estado. O governo não deve
intervir na economia de nenhuma forma. Acordos de livre comércio, vouchers educacionais e a privatização da Previdência Social não são de forma alguma ideias libertárias.
Sou
um libertário. O único governo bom é aquele que não existe. O segundo
melhor governo é aquele que menos governa. Como disse Voltaire, governo,
em seu melhor estado, é um mal necessário e, no seu pior estado, é
intolerável. A melhor coisa que qualquer governo poderia fazer seria
simplesmente nos deixar em paz.
Sou
um libertário. Imposto é roubo praticado pelo governo. O governo não
tem direito a uma determinada porcentagem da renda de ninguém. O código
tributário não tem de ser simplificado nem reduzido, e não precisa ser
mais justo ou menos intrusivo. As alíquotas de imposto não têm de ser
nem diminuídas, nem igualadas e nem se tornar menos graduais. O imposto
de renda não precisa de mais e maiores deduções, e nem de lacunas,
abrigos, créditos ou isenções. Todo esse sistema pútrido tem de ser
abolido.
As
pessoas têm o direito de manter para si tudo o que ganharam e decidir
por si mesmas o que fazer com seu dinheiro: gastá-lo, desperdiçá-lo,
torrá-lo, doá-lo, legá-lo, guardá-lo, investi-lo, queimá-lo, apostá-lo.
Sou
um libertário. Não sou um libertino. Não sou um hedonista. Não sou um
relativista moral. Não sou devoto de algum estilo de vida alternativo.
Não sou um revolucionário. Não sou um niilista. E não desejo me associar
a ninguém que tenha essas características; mas também não desejo
agredir aqueles que têm. Acredito na liberdade absoluta de associação e
discriminação.
Eu sou um libertário.
Espero não haver mais dúvidas.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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