As desculpas que o ex-governador está dando para virar a casaca não resistem a 30 segundos de observação. J. R. Guzzo para a Gazeta do Povo:
De
todas as fraudes já praticadas pelos políticos brasileiros contra os
eleitores deste país, poucas poderão ser comparadas, no passado,
presente e futuro, com essa anunciada aliança entre Lula e o
ex-governador Geraldo Alckmin para disputar as eleições presidenciais de
2022.
O
grau de sinceridade de uma chapa entre ambos, se pudesse ser medido em
números, daria um zero absoluto; ao dizerem que se admiram mutuamente e
têm ideias em comum, estão mentindo com um cinismo capaz de fazer inveja
aos piores momentos da vida política nacional – e olhem que essa vida
tem um caminhão de piores momentos. A curiosidade, no caso, é saber qual
dos dois está mentindo mais.
Deve
ser Alckmin. Lula mente o tempo todo e sobre todos os assuntos; está
mentindo há 40 anos e não será agora que vai mudar, mesmo porque não
consegue dizer a verdade nem quando lhe perguntam que horas são. É coisa
de cabeça. Mas Alckmin, para fazer um acordo desses, está se
transformando numa pessoa que não existe.
Isso
não é uma “reinvenção”, como dizem os consultores de carreira, nem uma
mudança honesta para corrigir erros do passado. É uma falsificação pura e
simples. Alckmin não tem nada, absolutamente nada, em comum com Lula, o
PT, e a esquerda brasileira; ao contrário, sempre mostrou detestar isso
tudo desde que entrou na política quase 50 anos atrás. Mudou agora por
uma coisa que se chama oportunismo.
As
desculpas que o ex-governador está dando para virar a casaca não
resistem a 30 segundos de observação. Alckmin diz que está aceitando a
ideia de ser vice de Lula por “patriotismo”, “espírito público” e outras
lorotas. O Brasil, diz ele, precisa do seu desprendimento, abnegação e
demais virtudes; para atender ao apelo desesperado de uma “nação” em
busca de “equilíbrio”, aceita a vice-presidência na chapa do PT. Chega a
ser cômico.
Há
anos, desde os tempos do “mensalão”, Alckmin vem chamando Lula de
ladrão, corrupto, incompetente e daí para baixo. Lula, do seu lado, tem o
mais completo desprezo pelo novo companheiro; é um dos que mais
pisoteou, em sua coleção de inimigos. Não aconteceu nada de novo que
pudesse justificar uma mudança das opiniões que um tem do outro.
Se
resolveram se juntar, é unicamente porque Lula imagina que vai tirar
proveito de Alckmin, e Alckmin imagina que vai tirar proveito de Lula – e
que ambos vão enganar o eleitor com a fraude de uma chapa “moderada”. É
empulhação com teores de pureza de 100%.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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