Lewandovski, Mendes, Fachin e os demais decidiram não apenas anular todas as ações penais contra Lula, mas apontar como único culpado por tudo o juiz Sergio Moro. J. R. Guzzo via Gazeta do Povo:
A
empreiteira de obras públicas Odebrecht, uma das que mais roubou no
governo Lula — é a empresa que revelou ao mundo o “amigo do amigo do meu
pai” — assinou um notável acordo com a Justiça brasileira, através do
qual confessa a prática de crimes de corrupção, promete devolver ao
erário público uma parte do que roubou e, em troca desse seu misto de
colaboração-delação-confissão, recebe do Estado um tratamento mais suave
na punição dos seus delitos.
Ninguém
forçou a Odebrecht a fazer nada. Foi o seu próprio presidente, com a
assistência plena de toda uma equipe milionária de advogados, quem
concordou em fazer “delação premiada” a respeito dos crimes cometidos na
esfera de atuação da empresa — especialmente na ladroagem monumental da
Petrobras lulista.
Também
foi a construtora, por sua livre e espontânea vontade, que devolveu R$
8,6 bilhões aos cofres públicos. Em função do acordo, o presidente
Marcelo Odebrecht foi solto da cadeia em dezembro de 2017, após dois
anos e meio de xadrez em Curitiba.
Qual
é a dúvida em relação a isso tudo? Existe no mundo alguém que aceita
devolver R$ 8,6 bi de dinheiro roubado — mais de 2 bilhões e meio de
dólares, pela cotação da época — se não roubou nada? Há alguém que
invente crimes para delatar a si mesmo? Não há nada de errado com
nenhuma dessas coisas. Ao contrário, trata-se de um momento histórico:
foi feita justiça neste Brasil onde sempre reinou, durante séculos, a
impunidade para os ricos e poderosos.
Não,
não há mesmo nada de errado — salvo para o ministro Ricardo
Lewandovski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em compensação, para
ele, está tudo absolutamente errado. O ministro acha que esse exemplo de
justiça é tão ruim, mas tão ruim, que tem de ser anulado da primeira à
última letra. Isso mesmo: nada do que a Odebrecht confessou, delatou e
pagou vale mais coisíssima nenhuma. Só está faltando dizer, agora, que o
pagador de impostos tem de devolver à empresa os bilhões que ela pagou
para fechar o seu acordo.
Não
se trata de nenhum surto de loucura — ou, mais precisamente, é loucura
com muito método. Lewandovski quer, acima de qualquer outra coisa na
vida, eliminar até o último fiapo qualquer culpa que existe contra Lula —
condenado, como se sabe, em terceira e última instância, por nove
juízes diferentes, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Atuando
em conjunto, e em perfeita harmonia, com os ministros Gilmar Mendes e
Edson Fachin, Lewandowski opera na equipe de advogados que trabalham em
tempo integral para Lula no mais alto Tribunal de Justiça do Brasil.
Deixaram de lado, há anos, a função de juízes, pagos pelo público para
prover justiça; seu trabalho, com o pleno apoio dos demais colegas de
STF, é servir aos interesses processuais, políticos e eleitorais do
ex-presidente.
Lewandovski,
Mendes, Fachin e os demais decidiram não apenas anular todas as ações
penais contra Lula, mas apontar como único culpado por tudo o juiz
Sergio Moro — e, agora, declarar inválidas todas as provas reunidas
contra ele, para que nunca mais possam ser utilizadas em qualquer
processo que se tente fazer para retomar os que foram anulados. Mesmo
provas como a confissão de Marcelo Odebrecht? Sim, mesmo provas como a
confissão de Marcelo Odebrecht.
Lewandovski,
Mendes, Fachin e etc são o retrato acabado do tipo de justiça que se
pratica no Brasil de hoje — dentro das “instituições”, da pregação
diária da “democracia” e dos alertas diários sobre a “ditadura” que virá
se Lula perder a eleição de 2022.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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