segunda-feira, 29 de março de 2021

Colapso dos hospitais no Brasil é destaque na mídia estrangeira

 


‘Ameaça à saúde pública global’, dizem veículos internacionais.

Tribuna da Bahia, Salvador
29/03/2021 10:00 | Atualizado há 10 horas e 37 minutos

   
Foto: Reuters / Amanda Perobelli / Direitos Reservados

Da BBC

O colapso no sistema de saúde do Brasil em decorrência da pandemia, que levou ao registro de mais 3.650 mortes nesta sexta-feira (26/3), ganhou destaque nos três principais jornais dos Estados Unidos, país que ocupava o ranking global de mortes diárias por coronavírus até o início de março, quando foi ultrapassado pelo Brasil. Reportagem do Wall Street Journal é um bom exemplo e fala em risco à saúde pública global

The New York Times, The Wall Street Journal e The Washington Post, além da agência de notícias americana Associated Press e da revista britânica The Economist, retratam hospitais lotados, o avanço da variante descoberta em Manaus, as falhas do governo Bolsonaro, o espalhamento de desinformação em torno de tratamentos sem eficácia, a exaustão dos profissionais de saúde e a escassez de oxigênio e medicamentos para intubação.

A Economist e o Wall Street Journal tratam a situação no Brasil como uma ameaça à saúde pública global, principalmente por causa da variante que circula com força no país.

A crise brasileira ocupava a manchete do site do jornal The New York Times neste sábado (27/3) a partir de uma reportagem intitulada “Um colapso esperado: como a pandemia de Covid-19 no Brasil superlotou hospitais”.

O texto, assinada por Ernesto Londoño e Letícia Casado, descreve a situação a partir de Porto Alegre, “cidade no centro de um chocante colapso do sistema de saúde do país”. A capital gaúcha tem uma lista de espera por leitos de UTIs que dobrou de tamanho nas últimas semanas, com mais de 250 pacientes em estado crítico.

A cidade também foi recentemente palco de protestos contra medidas de restrição à circulação de pessoas, com participação majoritária de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, descrito na reportagem como um líder que continua a promover remédios ineficazes e potencialmente perigosos contra a doença e a atuar contra estratégias como o lockdown.

Os repórteres do New York Times também entrevistam pessoas que concordam com Bolsonaro, refutam a gravidade da situação e consomem desinformação em redes sociais, como notícias falsas sobre vacinas e supostas sabotagens à política incipiente de Bolsonaro para combater a pandemia.

A reportagem do jornal The Wall Street Journal também é escrita a partir de Porto Alegre. Segundo texto assinado por Paulo Trevisani, Samantha Pearson e Luciana Magalhães, a variante do coronavírus P1 tem devastado o Brasil e representa “uma ameaça à saúde pública global”.

Essa variante, descoberta em Manaus, já está presente em mais de 20 países, é 2,2 vezes mais contagiosa e 61% mais capaz de reinfectar as pessoas, segundo um estudo citado na reportagem.

O texto destaca ainda o perfil etário dos mortos na atual onda de infecções no Brasil, com uma proporção de menores de 60 anos em torno de 30%, ante os 26% na onda anterior em meados de 2020.

O relato do Washington Post é feito a partir do Rio de Janeiro, em texto assinado por Terrence McCoy e Heloísa Traiano. Os repórteres retratam a escassez de medicamentos, oxigênio e profissionais de saúde para as UTIs lotadas na capital fluminense, além das “dolorosas decisões” de optar por tratar apenas aqueles com mais chance de sobrevivência.

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