segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Covid: OMS reconhece queda de novos casos na Europa, mas pede cautela

 

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) comemorou nesta segunda-feira (30) a primeira queda, desde setembro, do número de novos casos de infecção pelo novo coronavírus na Europa, alertando, contudo, que “qualquer avanço pode ser rapidamente perdido” no combate à pandemia.

Em entrevista coletiva na sede da organização, em Genebra, o diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que na semana passada foi verificada uma redução de novos casos, sobretudo no Continente Europeu, “devido à eficácia de medidas difíceis, mas necessárias” de restrição à liberdade de movimento das populações.

Tedros Adhanom recomendou “extrema cautela” na análise desses resultados, lembrando que em outras regiões do mundo essa queda não foi verificada.

Agência Brasil

Eleição virulenta entre primos no Recife acentua feridas nacionais de PT e PSB

 

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A disputa eleitoral bastante virulenta entre os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), com vitória do filho do ex-governador Eduardo Campos, deixou feridas profundas que podem demorar a cicatrizar.

O acirramento a partir de Pernambuco contribui para afastar ainda mais o PT do bloco de esquerda para 2022 costurado por PSB e PDT, que estreitaram laços a partir de alianças estratégicas nestas eleições municipais.

No âmbito estadual, o primeiro efeito prático deve ser o desembarque do PT da gestão do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). A expectativa é de que o secretário de Agricultura, Dilson Peixoto, ligado ao senador Humberto Costa (PT-PE), deixe o cargo.

Até outubro, o PT ocupava o primeiro escalão da gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB). Já o PSB esteve presente nas últimas três gestões petistas no Recife, integrando a vice do ex-prefeito João da Costa (PT) entre 2009 e 2012.

Em entrevista concedida na manhã desta segunda-feira (30) a um canal de televisão, o prefeito eleito do Recife, João Campos, deixou claro que firmou compromisso de que o PT não vai fazer qualquer indicação política durante os quatro anos de sua gestão.

Logo após o resultado das eleições, Paulo Câmara, em entrevista ao UOL, reconheceu que o embate muito duro travado entre duas candidaturas do campo progressista deve gerar reflexões sobre a aliança em nível estadual com o PT.

“Nesta semana, vamos avaliar tudo que aconteceu, baixar a poeira e conversar. É um processo a se avaliar”, disse.

Historicamente, o PSB de Pernambuco tem força dentro da executiva nacional para decidir os rumos da sigla. Foi assim no apoio ao candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) no segundo turno de 2014, no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e na reaproximação com o PT em 2018.

Foi a partir de Pernambuco que um acordo costurado entre Paulo Câmara e o ex-presidente Lula, em 2018, por exemplo, garantiu a neutralidade do PSB no primeiro turno presidencial daquele ano e isolou Ciro Gomes (PDT).

Na ocasião, Marília Arraes, que pretendia disputar a eleição contra Câmara, acabou retirada da disputa.

Nos bastidores, Humberto Costa, que defendeu até o último momento que o partido deveria ter se aliado ao PSB no Recife, já se posiciona pela saída da gestão Câmara.

Na avaliação que faz em reserva dentro da sigla, após os intensos ataques sofridos pelo PT ao longo do segundo turno, não há mais como ocupar cargos em um governo do PSB.

A grande encruzilhada do PT, mesmo desembarcando do governo do PSB, é como lidar com a Marília Arraes que saiu das urnas.

Ela sofreu uma derrota eleitoral, mas sai fortalecida politicamente após ameaçar a quebra da hegemonia do PSB em Pernambuco, que já dura 14 anos.

Naturalmente, pela disputa competitiva, Marília se coloca como principal liderança condutora do processo de oposição ao PSB.

Em discurso após a derrota, ela disse que o PSB estava acostumado a vencer de lavada em Pernambuco e que, agora, foi diferente. “Conseguimos rachar a muralha do PSB. Da próxima vez, a gente derruba”, afirmou.

Também sinalizou que a viabilidade para tirar o PSB do poder em Pernambuco passa por uma aliança com partidos posicionados mais ao centro do espectro político.

Ao lado do prefeito reeleito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), e do presidente do Podemos em Pernambuco, Ricardo Teobaldo, a candidata petista deixou claro que tem um rumo definido e que pretende liderar o processo de oposição.

“Aqui começa uma nova articulação da oposição no estado de Pernambuco”, disse Marília.

A cientista política Priscila Lapa avalia que as feridas reabertas são grandes, mas que o processo político recente, com rompimentos e reaproximações entre PT e PSB, mostra que elas não são incuráveis.

Ela avalia que o partido agora precisa definir o que fazer com Marília. “Importante ressaltar que o PSB tentou até o fim que o PT firmasse a aliança. E aí, hoje eles têm um perfil de uma liderança política do partido que pode ser o grande calo da aliança no futuro”, diz.

Na avaliação da cientista política, Marília era apenas um teste. “Ela passou pelo teste, vai para rua, mostra capacidade e tem uma votação expressiva. Não é desprezível.”

Lapa diz não ser improvável que, daqui a dois anos, o PT faça parte do governo municipal. “O PT consolidou um revés. Escolheu uma estratégia nacional que não funcionou. Agora, está com o pires na mão. Marília é o grande empecilho disso e ela não vai junto”, explica.

Marília não tem o DNA petista. Foi forjada na escola do PSB. Durante a campanha, teve dificuldade de defender o legado do partido e vem se colocando como representante da nova geração do PT. Traçou uma linha para se diferenciar de nomes da sigla envolvidos em casos de corrupção.

“Ela não é petista. Então ela não teria, por exemplo, dificuldade de procurar um partido mais de centro”, diz Priscila Lapa.

No campo da direita para 2022, o ex-ministro da Educacão Mendonça Filho (DEM), que ficou na terceira colocação na disputa pela Prefeitura do Recife, carrega o peso de nunca ter ganho uma eleição majoritária como cabeça de chapa.

Ele teve dificuldade de construir a unidade entre os partidos de seu campo. A direita acabou saindo fragmentada e viu dois candidatos progressistas chegarem ao segundo turno.

O deputado Daniel Coelho (Cidadania-PE), que vislumbrava ser candidato a prefeito da capital neste ano, não conseguiu se viabilizar e acabou apoiando a delegada Patrícia Domingos (Podemos), que terminou em quarto lugar. Com isso, o projeto de Coelho para 2022 perde força após ele ser um dos maiores derrotados do pleito.

Outros nomes que surgem com força no campo de oposição ao PSB são o da prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), e do prefeito reeleito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo Bolsonaro no Senado.

O candidato natural do PSB à sucessão do governador Câmara seria o atual prefeito do Recife, Geraldo Julio. Ele saiu bastante desgastado desta eleição, mas, ainda assim, conseguiu fazer o sucessor. Internamente, uma ala do PSB já questiona o potencial eleitoral de Geraldo para 2022.

Folhapress

‘Quem perde deve ter a decência de reconhecer a derrota’, diz Neto ao criticar postura do PT da Bahia

 

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Em entrevista coletiva na noite desta segunda-feira (30), durante inauguração da Vila de Natal do Campo Grande, o prefeito ACM Neto (DEM) teceu críticas ao PT da Bahia que, após o segundo turno das eleições, “não soube reconhecer a derrota nas urnas”.

“Eu sei perder. Quando a gente perde, a gente deve ter, no mínimo, a humildade de reconhecer quem ganhou. Eles não têm essa capacidade. Acho que esqueceram o que é isso. Quem perde deve ter a decência de reconhecer a derrota e desejar sucesso ao vencedor. Eu não ouvi uma só palavra nesse sentido de ninguém do PT na Bahia. A gente tem que ser bom ganhador e bom perdedor”, disse Neto.

Conta de luz ficará mais cara a partir de amanhã com volta de taxa extra

 

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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acaba de aprovar a retomada do sistema de bandeiras tarifárias na conta de luz a partir de amanhã, 1º de dezembro. O mecanismo havia sido suspenso em maio devido à pandemia do novo coronavírus, e a agência havia acionado a bandeira verde, sem cobrança de taxa extra, até o fim deste ano.

A Aneel, no entanto, informou que as condições atuais não permitem mais manter a bandeira verde acionada. Por isso, a partir de terça-feira, 1º de dezembro, as tarifas terão bandeira vermelha em seu segundo patamar, com uma taxa extra de R$ 6,243 a cada 100 kWh.

O diretor da Aneel, Efrain Pereira da Cruz, mencionou “afluências críticas” nos principais reservatórios do País, no Sudeste e Centro-Oeste, além do Sul, e deterioração nos meses de outubro e novembro. Isso levou ao acionamento de termelétricas, o que pressionou o custo de geração de energia no País diante de uma “oferta adversa”.

Ainda segundo ele, o consumo de energia retomou o patamar pré-pandemia em setembro, e o setor enfrenta novamente uma seca que há muito não se via. Por isso, a avaliação da Aneel é que o sistema de bandeiras precisa ser retomado imediatamente – e não apenas em janeiro de 2021, como indicava a nota técnica do órgão regulador.

“São indícios concretos de que o mecanismo das bandeiras já merece ser restabelecido e a curto prazo, tendo em vista sua eficiência na sinalização de preços aos consumidores”, disse o diretor.

No sistema atual, que estava suspenso desde maio, na cor verde, não há cobrança de taxa extra, indicando condições favoráveis de geração de energia no País. Na bandeira amarela, a taxa extra é de R$ 1,343 a cada 100 kWh consumidos.

Já a bandeira vermelha pode ser acionada em um dos dois níveis cobrados, dependendo da quantidade de termelétricas acionadas. No primeiro nível, o adicional é de R$ 4,169 a cada 100 kWh. No segundo nível, a cobrança extra é de R$ 6,243 a cada 100 kWh.

‘O povo mostrou que não quer o retrocesso’, diz Colbert após vitória no segundo turno

 


O prefeito reeleito afirmou que fez uma campanha limpa e propositiva e apontou o "desleixo" do PT com Feira de Santana

Redação
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Foto: Divulgação/Assessoria
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Reeleito no último domingo (29), o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB), comemorou o resultado obtido nas eleições do segundo turno e ressaltou que a vitória nas urnas representa um recado do povo do município de que “não quer o retrocesso”. O emedebista destacou que seguirá motivado para manter Feira no caminho do desenvolvimento, cuidando de quem mais precisa e dialogando com todos os setores.

“Agradeço imensamente ao povo de Feira que me deu a honra de governar minha cidade por mais quatro anos. A população aprovou e reconheceu o nosso trabalho e demonstrou confiança no nosso projeto, nas nossas propostas. O povo de Feira mostrou que não quer o retrocesso, que não quer a má política e esses políticos traidores e aproveitadores. O povo de Feira, enfim, deu um recado muito claro de que quer seguir em frente, e sabe que o nosso nome representa isso”, disse o prefeito reeleito.

Colbert afirmou que fez uma campanha limpa e propositiva, e apontou o “desleixo” do PT com Feira de Santana nos últimos anos. “Ficou claro que o povo não quer esse projeto do PT para Feira. Na área da segurança, foram milhares de vidas perdidas nos últimos anos sem que o governo fizesse investimentos. As polícias foram abandonadas, o povo foi abandonado. Enquanto eu busquei uma campanha limpa, o PT mais uma vez tentou jogar sujo, mas as pessoas deram o recado nas urnas”, disse.

O prefeito reeleito ainda agradeceu o apoio de todos que recebeu de todas as lideranças políticas da cidade e do estado, especialmente do ex-prefeito Zé Ronaldo (Democratas) e do prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente nacional do Democratas). “Construímos uma aliança com homens e mulheres que querem o bem de Feira, e a resposta das urnas foi muito clara. Nós vamos seguir em frente e avançando”, concluiu.

Singapura estuda caso de bebê que nasceu com anticorpos do novo coronavírus

 


Estudo está em andamento nos hospitais públicos da cidade-Estado

Agência Brasil
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Foto: Andréa Rocha e Danilo Ferrucci/Agência Fapesp
Foto: Andréa Rocha e Danilo Ferrucci/Agência Fapesp

 

Médicos estão estudando o impacto da Covid-19 em gestantes e recém-nascidos em Singapura, onde um bebê nascido de uma mãe infectada no início deste mês mostrou ter anticorpos contra o vírus, mas não a doença.

O estudo em andamento nos hospitais públicos da cidade-Estado amplia os esforços internacionais para entender melhor se a infecção ou os anticorpos podem ser transferidos durante a gravidez e se ela oferece um escudo de proteção contra o vírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que, embora algumas gestantes tenham risco maior de desenvolver casos graves de covid-19, ainda não se sabe se uma gestante infectada pode passar o vírus ao feto ou bebê durante a gravidez ou o parto.

Uma moradora de Singapura infectada com o coronavírus em março, quando estava grávida, disse ao jornal local Straits Times que médicos lhe disseram que seu filho tinha anticorpos contra o vírus, mas que nasceu sem a infecção.

“Ainda não se sabe se a presença desses anticorpos em um recém-nascido confere um grau de proteção contra a infecção de Covid-19, muito menos a duração da proteção”, disse Tan Hak Koon, presidente da Divisão de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Feminino e Pediátrico KK.

O KK é um dos hospitais envolvidos no estudo de gestantes infectadas em Singapura, que se tornou conhecido depois que o caso do bebê veio a público.

Nova nuvem de gafanhotos está próxima da fronteira, diz governo argentino

 



Técnicos argentinos dizem que o grupo de gafanhotos que se aproxima do país não é do mesmo tipo do que chegou em agosto

Redação
BAHIA.BA 
Foto: Divulgação/Governo da Província de Córdoba
Foto: Divulgação/Governo da Província de Córdoba

 

Uma nova nuvem de garfanhotos pode estar bem próxima da fronteira com o Brasil. Pelo menos é o que aponta o governo argentino, que detectou que o grupo de insetos está a poucos quilômetros do Rio Grande do Sul, em cidades que fazem divisa com o país.

De acordo com o G1, na última sexta-feira (27), o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa) relatou a presença do grupo de insetos nas cidades de Campo Viera e Itacaruaré, na província de Misiones, que faz divisa com as cidades brasileiras de Rincão Vermelho e Porto Xavier.

Ainda segundo o site, técnicos argentinos dizem que o grupo de gafanhotos que se aproxima do país não é do mesmo tipo do que chegou em agosto. A nova espécie é conhecida como tucura, e não costuma se locomover a grandes distâncias, o que pode evitar a entrada dela em território brasileiro.

Os insetos estão sendo observados em três fazendas no município de Campo Viera e em uma em Itacaruaré, sem grandes prejuízos — há registros, no entanto, de ataques a algumas lavouras de erva-mate. Profissionais do Brasil e da Argentina monitoram o deslocamento dos insetos e pedem para que os agricultores das duas regiões avisem às autoridades sobre qualquer novidade.

Fechamento da Nestlé em Itabuna atinge 141 trabalhadores

 


A quinta-feira, 27 de novembro, será marcada pela concretização de um triste episódio na história da Itabuna: o encerramento das atividades da fábrica da Nestlé no município. Com o fechamento da unidade, algo especulado e em curso desde 2015, Itabuna perde mais de 140 vagas de empregos, que impactavam significativamente na economia local, já que a média salarial era acima de R$ 2.000,00 acrescentados de ticket alimentação e assistência médica para as famílias. A unidade gerava ainda mais de 1000 postos de trabalho indireto. O prejuízo da saída da Nestlé só não foi pior graças a atuação do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação da Bahia, após inúmeras rodadas de discussões com a empresa e conseguiu viabilizar a possibilidade de realocação dos trabalhadores na unidade de Feira de Santana. De fato, essa alternativa minimizou os impactos negativos do fechamento da unidade. No entanto, afetou diretamente famílias já estabelecidas em Itabuna. Com a mudança, os trabalhadores transferidos viverão um cenário de incertezas que demandará prejuízos financeiros, em decorrência do processo de mudança; e profissionais, em razão da arrepsia da adaptação, algo inerente a qualquer ser humano. Aberta há mais de 40 anos, a fábrica da Nestlé em Itabuna chegou a gerar mais de 600 empregos diretos e já responsável pela produção de Leite Ninho para todo o Nordeste, fornecia massa de cacau para toda a produção de chocolate do país. Ao longo do período de funcionamento, a unidade produziu também os produtos Nescau, Nesquik e Farinha Láctea. Desde 2015 pra cá, é conhecimento de todos que a Nestlé opera um desmonte funcional da unidade de Itabuna, a fim de justificar a medida findada nesta sexta-feira (27), além de reduzir gradativamente o quadro funcional até o estado atual. Uma série de fatos absurdos marcou este processo de fechamento da fábrica da Nestlé em Itabuna. Entretanto, o que causou mais indignação por parte de quem tomou conhecimento da situação foi a inoperância do poder público das diferentes esferas políticas em relação ao acontecimento. Nem os poderes executivos do estado e do município conseguiram viabilizar a manutenção do funcionamento da fábrica. Já os legislativos do estado e do município fecharam os olhos, sem pautar qualquer discussão que viesse a representar trabalhadores e familiares afetados pelo encerramento da fábrica. Sem pautar qualquer discussão pensada em Itabuna, que perde não apenas a indústria, perde cidadãos que aqui produziam, que aqui trabalhavam pelo seu desenvolvimento. (Seja Ilimtado)

Tremor de terra é sentido após atividade em mina

 


O abalo teve magnitude 2.5, sendo considerado de baixa magnitude

Raphael Minho
BAHIA.BA 
Foto: Reprodução/TV Santa Cruz
Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

 

Um tremor de terra foi sentido nos municípios de Jaguarari e Curaçá, norte baiano, neste domingo (29). O abalo teve magnitude de 2.5, o que é considerado de baixa intensidade.

O tremor foi provocado devido à atividade realizada pela mineradora Caraíbas Metais, localizada em Curaçá, que acabou sendo sentido no distrito de Pilar, em Jaguarari. No entanto, não registros de feridos e nem de casas danificadas.

Nordeste alcança novo recorde de geração de energia eólica

 


De acordo com ONS, volume produzido no último sábado (28) foi suficiente para abastecer 86,8% da demanda elétrica de todos os nove estados da região

Redação
BAHIA.BA 
Foto: Ascom SDE
Foto: Ascom SDE

 

A região Nordeste bateu novo recorde de geração de energia eólica. No último sábado (28), foram produzidos 9.163 MW médios.

Os dados foram divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O volume produzido é suficiente para abastecer 86,8% da demanda elétrica de todos os nove estados da região.

De acordo com o ONS, o recorde anterior foi registrado em 7 de agosto. Na ocasião, foram produzidos 9.098 MW médios.

Estudo aponta que lockdown reduziu contaminação na Inglaterra em 30%

 


Segundo estudo, 96 a cada 10 mil pessoas foram contaminados entre 13 e 24 de novembro, mas projeções apontavam para 130 a cada 10 mil pessoas

Redação
BAHIA.BA 
Foto: Fotos Públicas
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Um estudo do Imperial College de Londres, em parceria com o instituto Ipsos MORI, mostra que o lockdown adotado na Inglaterra reduziu em 30% o número de casos de coronavírus. Desde o dia 5 deste mês os ingleses estão sob medidas restritivas, devido à segunda onda de contaminação no Reino Unido e em outros países da Europa.

A estimativa do estudo é que 96 a cada 10 mil pessoas foram contaminados entre 13 e 24 de novembro. Projeções feitas entre 16 de outubro e 02 de novembro indicavam 130 contágios para cada 10 mil pessoas.

Em comunicado, o Departamento de Saúde do país reconheceu a eficácia do lockdown.

“Essa descoberta demonstra que os casos [de Covid-19] estavam crescendo quando o país entrou em lockdown, mas o fechamento foi seguido de uma queda, na medida em que as medidas nacionais reduziram com êxito as taxas de infecções na Inglaterra”, diz o documento.

De acordo com informações de O Globo, o Reino Unido como um todo já soma mais de 1,6 milhão de casos de Covid-19, com taxa de transmissão de 0,88, segundo o Imperial College. Por ser abaixo de 1,0, o valor indica tendência de estabilização.

Bolsonaro e Fernández, da Argentina, têm primeira reunião bilateral

Bolsonaro e Fernández, da Argentina, têm primeira reunião bilateral

Reunião ocorreu no Dia da Amizade entre Brasil e Argentina, que é celebrado na mesma data há 35 anos, desde uma primeira reunião, em 1985

Agência Brasil
Foto: Alan Santos/ PR
Foto: Alan Santos/ PR

 

O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, tiveram na manhã desta segunda-feira (30), por videoconferência, o primeiro encontro bilateral desde a eleição do argentino, em outubro do ano passado.

A reunião desta segunda ocorreu no Dia da Amizade entre Brasil e Argentina, que é celebrado na mesma data há 35 anos, desde uma primeira reunião, em 1985, entre os então presidentes José Sarney e Raúl Afonsín, em Foz do Iguaçu. A ocasião é tida como marco inicial do Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Também estiveram presentes na reunião desta segunda os chanceleres do Brasil, Ernesto Araújo, e da Argentina, Felipe Solá. Após o encontro por videoconferência entre os mandatários, Sarney participou de uma solenidade para marcar a data.

Em nota divulgada após o encontro, a Casa Rosada disse que o presidente argentino pregou um impulso ao Mercosul e defendeu durante a reunião “deixar as diferenças no passado e encarar o futuro com as ferramentas que funcionem para o bem de todos”.

Fernández destacou a colaboração entre os dois países nas áreas de segurança e defesa, que segundo ele tem avançado. O mandatário argentino mencionou a necessidade de cooperação também na área ambiental e citou oportunidades no setor de gás natural.

Segundo a nota da Casa Rosada, Bolsonaro também ressaltou no encontro a boa integração entre as Forças Armadas dos países, seja no desenvolvimento da indústria bélica ou no combate ao narcotráfico e o crime transnacional.

O presidente Jair Bolsonaro apoiou o ex-presidente da Argentina Maurício Macri, que acabou derrotado por Fernandez na eleição de 2019. Bolsonaro não compareceu à posse do homólogo argentino. Ambos já estiveram juntos em eventos do Mercosul, mas ainda não tinham realizado uma reunião bilateral.

Procurado pela Agência Brasil, o Palácio do Planalto confirmou a reunião entre os presidentes na manhã desta segunda.

 

Governo federal deve apresentar nesta terça (1º) versão de plano de vacinação

 


Plano deverá ser atualizado conforme disponibilidade das vacinas, considerando imunizantes licenciados, grupos prioritários e situação epidemiológica

Redação
BAHIA.BA 
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

O governo federal deve apresentar em reunião nesta terça-feira (1º) uma versão preliminar do plano de operacionalização da vacinação contra o novo coronavírus. Devem participar do encontro representantes do encontro representantes do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Butantan, do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), além de sociedades médicas, conselhos na área de saúde, Médicos sem Fronteiras e Conselhos Nacionais de Secretários Estaduais e Municipais de Saúde.

De acordo com informações de O Globo, a proposta preliminar de trabalho deverá ser atualizada de acordo com a disponibilidade das vacinas, considerando imunizantes licenciados, grupos prioritários e situação epidemiológica. A ideia inicial é fazer a distribuição das vacinas de forma simultânea em todo o país.

Segundo a publicação, deverá ser usado como base a logística do Plano Nacional de Imunizações (PNI), referente às campanhas de vacinação promovidas pelo governo federal. As vacinas deverão chegar nos municípios por via terrestre, e por barcos ou aviões nos locais isolados.

Atualmente, as principais vacinas em estágio de desenvolvimento avançado no país são da Universidade de Oxford, com a AstraZeneca e a Fiocruz, e a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela Sinovac.

Moderna anuncia eficácia em vacina e pedirá uso emergencial nos EUA e Europa

 


Novo resultado, feito com 196 participantes, mostra que a vacina foi 94,1% eficaz, sem preocupações sérias de segurança. Primeira análise, divulgada em 16 de novembro, mostrou eficácia de 94,5%

Tribuna da Bahia, Salvador
30/11/2020 12:50 | Atualizado há 6 horas e 32 minutos

   
Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo

A Moderna, farmacêutica norte-americana que está desenvolvendo uma vacina contra a Covid-19, anunciou que planeja solicitar uma autorização para uso emergencial do seu imunizante a agências reguladoras dos EUA e Europa nesta segunda-feira (30).

A farmacêutica disse que os resultados completos de um estudo em estágio final mostram que sua vacina foi 94,1% eficaz, sem preocupações sérias de segurança. “A eficácia da vacina contra Covid-19 grave foi de 100%”, afirma a Moderna.

O resultado mais recente de eficácia do Moderna é ligeiramente inferior ao de uma análise provisória divulgada em 16 de novembro, com 94,5% de eficácia. Segundo Tal Zaks, diretor médico da farmacêutica, a diferença não é estatisticamente significativa.

O estudo de fase 3, conhecido como estudo COVE, envolveu mais de 30 mil participantes.

Esta segunda análise foi baseada em 196 casos – 185 eram participantes do grupo de placebo e 11 no grupo que recebeu a vacina. As únicas pessoas que ficaram gravemente doentes – 30 participantes, incluindo um que morreu – receberam o placebo.

“Esta análise primária positiva confirma a capacidade da nossa vacina de prevenir a Covid-19 com 94,1% de eficácia e, mais importante, a capacidade de prevenir a Covid-19 grave. Acreditamos que nossa vacina fornecerá uma ferramenta nova e poderosa que pode mudar o curso desta pandemia e ajudar a prevenir doenças graves, hospitalizações e morte ”, disse Stéphane Bancel, CEO da Moderna.

Consultores independentes da Food and Drug Administration (equivalente à Anvisa dos EUA) devem se reunir em 17 de dezembro para revisar os dados do ensaio da Moderna e fazer uma recomendação ao FDA.

Ainda não há um contrato com o governo federal ou com estados brasileiros para a aquisição da vacina da Moderna.

Aluguel por temporada na Bahia deve crescer neste fim de ano

 


Devido a um cenário de trabalho remoto e distanciamento social, os imóveis próximos às praias estão entre os preferidos

Tribuna da Bahia, Salvador
30/11/2020 12:24 | Atualizado há 6 horas e 53 minutos

   
Foto: Reprodução

Por: Bernardo Rego


A temporada de verão deve movimentar o mercado de alugueis por temporada em Salvador e em todo o estado da Bahia. Devido a um cenário de trabalho remoto e distanciamento social, os imóveis próximos às praias estão entre os preferidos.

A Tribuna ouviu o diretor do Secovi-Ba, Kelsor Fernandes, que afirmou está otimista quanto ao impulsionamento dos negócios neste verão principalmente no litoral norte, em bairros de Salvador próximos das praias além dos destinos mais cobiçados como Porto Seguro, Itacaré e Ilhéus. "Estamos esperançosos para o aquecimento do mercado imobiliário de alugueis e vendas como também para temporadas porque há um tendência para essa modalidade de imóvel, afirmou.

Kelsor fez uma ponderação quanto ao relaxamento por parte os condôminos na realização de reuniões após liberação da prefeitura para eventos com até 200 pessoas." É preocupante porque a decisão deveria ter um bom senso. A Covid está aí vitimando muitas pessoas então não é momento de relaxamento", destacou.

O diretor da CRECI, Noel Silva, também se mostrou otimista em relação ao mercado imobiliário e destacou a procura por imóveis que ficam nas regiões de praia neste cenário de pandemia. "O mercado imobiliário está aquecido, com perspectiva de crescimento puxado pela baixa taxa de juros. Vê-se também o crescimento de alugueis de imóveis na praia a exemplo de bairros como Ondina, Barra e Rio Vermelho além dos municípios como Camaçari e Mata de São João onde estão as praias de Guarujuba e Praia do Forte, respectivamente", cimentou.

A jornalista Líliam Cunha falou da experiência de alugar o seu apartamento através da plataformas digitais seja por alguns dias ou até mesmo no Carnaval e Réveillon. "Faço isso tem uns 4 anos e para este final de ano não esperava ter reserva, mas já tenho com preços menores em relação ao ano passado", disse.

Cunha explicou um pouco sobre a segurança que o Airbnb oferece. "O Airbnb requer um cadastro, pede várias informações, cópia de documento e ele recebe do hóspede e deposita em nossa conta. O hóspede faz um cadastro completo na plataforma e se por acaso a pessoa decida não vir fora do prazo recebo da mesma forma", disse.

A publicitária Tâmera Rocha também atua no mercado de locação de imóvel por temporada e se diz satisfeita com a modalidade apesar de ter verificado uma queda este ano. "É uma forma prática, fácil e segura de alugar seu imóvel. Os aplicativos te dão uma "garantia" quanto aos danos que porventura possa acontecer", afirmou. Ela disse estar esperançosa com novos negócios no réveillon muito por conta da localização do seu apartamento e retorno gradual das praias e bares.

Pensando o segundo turno: "Dentro dessa política não há salvação".

 



Post de Fernão Lara Mesquita, em seu blog Vespeiro:


Uma bancada brilhante de analistas reuniu Aldo Rebelo, Christian Lohbauer e Cláudio Couto sob a coordenação de Marcelo d’Angelo domingo na BandNews. 

“O Brasil mostrou, nesta eleição, que é um país capaz de corrigir seus próprios erros”. Do confronto entre os equívocos da direita e os equívocos da esquerda de 2018 que empurrou o resultado para fora da política, voltou-se para o centro com a derrota de todos os extremos, e para a reafirmação da certeza de que não há salvação fora da política. 

É perfeito! Mas faltou encarar finalmente a evidência, velha como a tragédia brasileira, de que dentro DESSA POLÍTICA nossa também não há salvação. 

A coragem para dar esse salto para fora do nosso sistema deformado e confronta-lo com os fundamentos básicos da democracia é o que está faltando, não direi aos eruditos do nosso mar de siglas que interpretam suas interações esotéricas que também têm o seu lugar no debate nacional, mas ao menos à elite deles como esta que deu voos mais altos no encontro de domingo à noite na BandNews.

Os equívocos de 2018, tanto quanto o de 2002, foram erros conscientes de sua condição de erro, cometidos no desespero depois de anos de resistência, que o eleitorado finalmente se arriscou a cometer depois de esgotar todas as alternativas oferecidas pelo Sistema estreito por onde se esgueira. (Felizmente os erros pela direita levam menos tempo para serem corrigidos).

O que é preciso, agora, é construir um sistema onde as correções possam acontecer mais rápido e com maior frequência. E para isso é preciso escancarar as portas de entrada e tirar a pauta e a agenda da política das mãos dos políticos e entregá-las ao povo.

Só o povo tem legitimidade para dizer o quê e quando é preciso que os políticos processem. A políticos que representem parcelas identificáveis da população e do eleitorado nacional deve caber negociar em que doses, em que velocidade e com que nuances deve ser executado o que o povo lhe determinar que precisa ser feito. 

Só isso será capaz de restabelecer na boa direção a cadeia das lealdades, redirecionar dos grupos em disputa pelo poder para o País Real os projetos nacionais e, no limite, “despetrificar” o país e liberta-lo do compromisso com os “erros” acertados pela privilegiatura. 

Ninguém do establishment quer pôr esse bode na sala por razões óbvias mas ele está prestes a entrar triunfalmente nela. O que está eleição também mostrou de forma irrefutável é que não há mais nenhuma bandeira crível no baralho da velha política e nenhum partido vai ganhar o Brasil vendendo sexo, drogas e revolución…

Chegou a vez do “Poder para o povo” não só porque nenhuma outra moeda na história da humanidade tem tanto poder de compra, faltando apenas quem queira vendê-la com a credibilidade de quem pretende realmente entregá-la ao único agente do Sistema que ainda não tem nenhum, mas porque, ainda por cima, este é o único remédio fulminante conhecido para a corrupção, a doença que se nós não controlarmos JÁ, acaba com o Brasil.

É isso que está por trás não mais da ideia, mas da história vivida do voto distrital com recall, primeiro elo da cadeia desse círculo virtuoso. Quem resumir primeiro essa receita para o eleitorado corre imenso risco de se tornar o próximo dono do Brasil.

Postas as conclusões deles misturadas com as minhas, prossigo com uma “tradução livre” do que mais foi dito lá:

Bolsonaro – um cara que ele mesmo não “é” nada, apenas um sindicalista de fardados – está naquela clássica situação do sujeito com um santo numa orelha e um diabo na outra, sussurrando sem parar:

“Se você continuar a gastança não termina o mandato”.

“Se você não continuar a gastança não termina o mandato”.

O resultado é o imobilismo.

E é desse abismo que pende o destino do Brasil, um país exausto, paciente de altíssimo risco para sobreviver a qualquer tipo de morbidade adicional que venha a acomete-lo.

2018 foi o confronto de dois equívocos: o equívoco da direita versus o equívoco da esquerda.

Quem vai liderar a reformulação da política para 2022? O melhor da velha política já foi. Está na porta de saída. E a nova ainda não chegou.

Pela esquerda o que surgiu foram dois lobos em pele de cordeiro: o Boulos da eleição não era o Boulos real, da antipolítica e das ocupações; a Manoela da eleição não era a Manoela real, da militância identitária das redes sociais. 

O PSOL teve só 2 milhões de votos, elegeu 5 prefeitos e 88 vereadores no país inteiro. É uma criança momentaneamente encantando crianças. É a antipolítica pela esquerda. Não tem consistência programática nem quadros.

Já a esquerda tradicional, PT, PC do B, foram os grandes derrotados da eleição.

Pelo centro, as fraturas são visíveis. Há o João Doria do discurso de apoio a si mesmo na vitória de Bruno Covas e há o discurso sem João Doria de Bruno Covas e a performance do PSDB nas urnas, com destaque para Eduardo Leite no RGS. Nada está garantido sobre com quem ficará a força da social-democracia em 2022.

Pela direita o DEM, esse animal estranho com pretensões programáticas no SE mas com outra cara no NE, que cresceu muito na eleição, talvez seja um eterno condenado a atuar somente no Congresso onde não assume jamais um perfil sectário, o que o torna o grande fator de equilíbrio nos bastidores das decisões mais importantes do país.

A “bolha urbanóide” e a ignorância de tudo que está fora dela, no Grande Brasil, é a explicação para o ambientalismo delirante que persiste por aí.

***

Ao contrário dos Estados Unidos, o Brasil escreve sua história pelo que não deu certo; só cultua o que deu errado.
 
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Pierre Rosanvallon: "Aspecto positivo do populismo foi subestimado por muito tempo".

 



Em entrevista ao El País, o historiador francês Pierre Rosanvallon fala sobre seu novo livro, O Século do Populismo, ainda não disponível em português:


Si hay un fantasma que recorre Europa y el mundo hoy, es el del populismo. Reacción de ira, estrategia política, vocablo para deslegitimar o estigmatizar al adversario político, el uso del concepto es tan diverso como las realidades a las que remite. Sin embargo, renunciar a él y volver a categorías de análisis más antiguas sería perder la ocasión de entender el carácter inédito “del ciclo político que se abrió a principios del siglo XXI”. Así lo cree Pierre Rosanvallon (Blois, Francia, 1948), cuyo último libro, El siglo del populismo. Historia, teoría, crítica (Galaxia Gutenberg), es un ambicioso intento por teorizar y definir la esencia de lo que considera “la ideología ascendente” de este siglo. Una teoría del fenómeno, entendido como una propuesta política coherente, asegura el historiador, profesor del Collège de France, que se niega a ver en la derrota de Donald Trump, el “gran actor del iliberalismo”, un signo de debilitamiento de esa corriente. No se está pasando página en Estados Unidos, ni el populismo va a retroceder en el mundo, cree Rosanvallon, que ha dedicado los últimos 20 años al estudio de las mutaciones de la democracia contemporánea.

PREGUNTA. ¿Por qué cree que el populismo es una doctrina y merece una teoría política?

RESPUESTA. Considerar el populismo simplemente como una reacción de ira o una expresión de “que se vayan todos” no es suficiente para explicar el fenómeno. Existe una fatiga democrática subyacente en la vida política de muchos Estados que se expresa de manera muy amplia. Y también una especie de agotamiento de la política, de su capacidad de acción. Si el populismo tiene una fuerza de atracción es porque aparece como solución a problemas contemporáneos, como la crisis de representación o las injusticias sociales. Quería mostrar este aspecto positivo del populismo porque creo que ha sido subes­timado durante mucho tiempo. Me pareció importante pasar de una visión del populismo como reacción a una visión del populismo como una propuesta política positiva y propia.

P. Llama la atención la diversidad de los populismos, ya sea entre el de derechas y el de izquierdas o en la extrema derecha…

R. Si se mira a las personalidades populistas de hoy, uno puede tener la sensación de que hay una gran diversidad. Porque ¿qué puede haber en común entre Trump y Salvini, o entre Mélenchon y Duterte? Pero si observamos el populismo desde las amplias categorías que lo caracterizan, podemos encontrar temas comunes que se articulan siempre de forma específica.

P. Pese a esas similitudes, ¿no cree que hay un abuso del calificativo en el debate actual o en la caracterización de algunas personalidades políticas o regímenes?

R. Hemos visto emerger movimientos y regímenes que no pueden ser simplemente categorizados como autoritarios, o como fascistas o dictatoriales. Existen regímenes, como en Rusia, que se inclinan podríamos decir legalmente hacia el autoritarismo mediante la aprobación de reformas constitucionales que permiten la elección casi indefinida de sus líderes. La tentación de esos regímenes de convertirse en democraturas es un rasgo absolutamente común de los populistas, es decir, regímenes autoritarios validados por el sufragio universal.

P. ¿Sirve el calificativo para estrategias adoptadas por líderes como Emmanuel Macron, que ganó las elecciones en 2012 oponiéndose a lo que llamaba el “viejo mundo” de partidos tradicionales?

R. Es difícil comparar a Macron con Viktor Orbán, Boris Johnson o Evo Morales, pero lo que muestra la estrategia que adoptó en 2012 es que el populismo está presente en la atmósfera misma de las sociedades democráticas y puede entenderse como una difusión de todo un conjunto de temas más allá de los partidos o regímenes de esencia estrictamente populista.

P. Dentro de las cinco características que conforman el tipo ideal del populismo, insiste en la instrumentalización de las emociones.

R. Si tuviera que destacar una aportación importante del populismo —aunque sea muy ambigua— a la democracia contemporánea, sería el haber entendido que se gobierna también de acuerdo con las emociones. Los sentimientos de pertenencia, de identidad, de rechazo determinan la visión que tienen los individuos de su papel en la sociedad. A menudo los que critican esta ideología no lo entienden. No se puede criticar el populismo superficialmente o limitarse a decir que promueve una democracia antiliberal. Cuando ocurre es porque la democracia liberal no está cumpliendo su agenda. Está en crisis.

P. Una fórmula con la que Trump ha estado a punto de volver a ganar la presidencia de Estados Unidos… ¿Cómo interpreta el momento político?

R. Hay dos puntos esenciales. El primero: Trump ha conseguido 10 millones de votos adicionales lo que significa que el voto populista está sólidamente instalado en la sociedad y representa hoy casi la mitad de la población. El segundo: el Partido Republicano ha entendido que si quiere mantener gran parte de sus representantes en el Senado tendrá que abrazar y aceptar la fórmula populista. Ha pasado de ser un partido reaganista a un partido trumpiano.

P. Incluso conquistó el voto latino en ciertos Estados y en algún caso afroamericano…

R. El voto latino es comprensible desde un punto de vista sociológico y psicológico. Una vez un inmigrante obtiene sus papeles y se convierte en ciudadano estadounidense es frecuente que cambie de actitud frente a la inmigración. Es bastante más difícil de entender en el caso del voto afroamericano. El populismo ha hecho que la sociedad estadounidense, que solía definirse por sus clases sociales, se defina hoy por sus identidades, en el sentido más reaccionario del término.

P. Explica en su libro que el populismo nace de las fallas intrínsecas de la democracia e insiste mucho en su fragilidad. ¿Es realista pensar que la democracia occidental puede desaparecer?

R. La democracia no solo funciona con reglas de derecho, sino también con una moral democrática. Volviendo a Trump, nadie antes que él había cesado a un director del FBI por no serle fiel, y no cabe duda de que con un segundo mandato hubiera seguido socavando las instituciones democráticas. La historia está llena de ejemplos de democracias que desaparecen. La Grecia Antigua y el Siglo de Pericles son un buen ejemplo. La democracia no es una conquista. Es un frente de batalla. Es frágil y muere si no se renueva. Sin instituciones democráticas vivas existe el riesgo de que los ciudadanos se cansen de ese modelo y consientan su desaparición.

P. Llama mucho la atención la posición central que ocupan las redes sociales en la estrategia política de los líderes y movimientos populistas y la escasa regulación vigente...

R. Sin duda, la regulación de Internet y en particular de las redes sociales es un punto central para que siga adelante la democracia. Es vital legislar porque si no, sobre muchos temas, se seguirá alegando que existe una verdad alternativa. El mejor ejemplo de esto nos lo está ofreciendo Trump al negarse a reconocer la victoria de Biden. Una posición a la que se adhiere, sin lugar a dudas, gran parte de su electorado, que cree que hubo fraude y que la victoria demócrata fue un robo. Esa franja del electorado de Trump ya no hace sociedad común con los demás. Y esa ha sido la gran novedad, por decirlo así, de los últimos años: descubrir un país dividido en dos bandos irreconciliables mientras que la esencia misma de la democracia consiste en pensar que existe una base común que permite hablar de esas diferencias, negociar, acordar. La regulación de las redes tendrá que ir acompañada de una política de educación que inculque al ciudadano la importancia que tienen los argumentos, y que no solo existe su verdad.

P. Presenta el populismo como la ideología ascendente del siglo XXI, sin embargo la crisis de la covid-19 ha supuesto un golpe para la imagen de esos líderes.

R. Podemos preguntarnos si estamos presenciando una especie de punto de inflexión en el discurso populista, ya que ese discurso suele presentarse como el detentor de la verdad absoluta sobre la realidad. La dimensión objetiva de esta crisis ha arrinconado en cierta manera a los líderes populistas. Nadie puede negar esta pandemia. Por otra parte, el populismo en Europa también se ha enfrentado al papel de la Unión Europea. Italia y España se encuentran entre los principales beneficiarios de lo que por primera vez calificaría de una especie de presupuestación y oficialización de la solidaridad entre países europeos. Existe una doble realidad que nadie puede ignorar: la realidad del virus y la realidad de la crisis económica. Dicho esto, el populismo mantiene una visión de la democracia, del liderazgo y de la voluntad política que conserva su poder.
 
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A política aterrissou no marketing e elegeu Rousseau como patrono

 



Não arrebanhamos muitos votos falando mal dos seres humanos, né? Coluna de Luiz Felipe Pondé para a FSP:


O encontro da esquerda com o mercado, que assistimos a olhos nus, tem várias fontes. Aponto aqui uma delas, que sendo fruto de uma questão filosófica muito antiga, passando pelos debates políticos nos séculos 17 e 18, acabou por aterrissar nos departamentos de marketing. E nessa aterrisagem, acabou por eleger Jean-Jacques Rousseau (século 18) como seu patrono.

Podemos resumir a ancestralidade dessa questão de três formas distintas, mas relacionadas. 1. O homem é mau ou bom? 2. Sua natureza tende a autonomia ou depende sempre de formas exteriores de contenção? 3. A razão controla a vontade ou essa é passional e irracional?

Claro que atravessamos aqui longos e complexos debates sobre livre arbítrio, pecado, autonomia da razão, papel das leis, caráter perigoso das paixões e afins. Evidente que essas questões se transformaram ao longo dos séculos e mesmo a forma de colocá-las sofreu mudanças.

Raro quem hoje considera a primeira delas como possível de ser formulada deste modo. Quando se trata da segunda, quase todo mundo acha que a autonomia depende de um sujeito em interação com as formas exteriores de contenção. Quase ninguém hoje assume como possível fazer essa separação bruta entre razão e paixões, tendo-se chegado mesmo a propor conceitos para o uso da psicologia do marketing do tipo inteligência emocional e similares.

O fato é que essas questões, por mais antigas que sejam, têm fortes apelos no marketing hoje. E é aqui que começa o encontro entre ele e a esquerda. Mas, antes, vejamos os debates políticos referidos acima.

Autores como Thomas Hobbes (século 17) e Edmund Burke (século 18), os "pessimistas", e Jean-Jacques Rousseau, o "otimista", conceberam, nas suas discussões sobre filosofia política, mesmo que às vezes de modo implícito, uma visão de ser humano.

Aqui se dá, de modo definitivo, uma compreensão –pessimista ou otimista– de natureza humana que será essencial no debate político posterior, unindo democracia e mercado numa irmandade filosófica.

O autor contemporâneo Thomas Sowell resumiu bem esse debate ao definir duas concepções de ser humano, sendo uma restrita e outra irrestrita.

A primeira, mais próxima de um pessimismo antropológico, dito de forma superficial, entende o ser humano como sendo limitado em sua capacidade comportamental. O restrito aqui significa limitado na sua perfectibilidade, isto é, o homem não é capaz de se aperfeiçoar indefinidamente.

Já a irrestrita entende o homem como um ser infinitamente aperfeiçoável, por isso seu halo de otimista. A esquerda e o mercado amam esta visão irrestrita.

O conflito entre essas duas visões desenha, em traços largos, duas concepções de ser humano, sendo que a pessimista é ruim para os negócios.

A democracia, por sua vez, na sua condição de mito político fundacional da era moderna ocidental, também vê com maus olhos a visão restrita por ser demasiadamente contida.

Não arrebanhamos muitos votos falando mal dos seres humanos, né? Seria o homem capaz de toda autonomia que a forma mítica de democracia supõe? Por outro lado, a visão restrita autorizaria governos de maior tutela do ser humano, logo, menos democráticos? Não seria por esta razão que todo discurso sobre a democracia carrega nos tons de um cidadão autônomo aperfeiçoável pela própria democracia? E aqui chegamos à antropologia do marketing.

Não é por mero acaso que a categoria de consumidor cada vez mais se aproxima de cidadão, principalmente depois da sociedade em rede. Se você quer ganhar a simpatia do consumidor cidadão você deve agradá-lo. Ainda em 1974, no ensaio primoroso "Contemplação Carinhosa da Angústia", a escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís anunciava, com tristeza, que vivíamos numa era em que todo mundo queria agradar todo mundo. O Padre, o metafísico, o médico, o professor, os pais.

Se você quer ganhar votos e vender produtos fale bem das pessoas, de suas capacidades e de seu futuro de sucesso infinito. Diga que ele pode tudo, que nós poderemos sempre. Enfim, o otimista Jean-Jacques é o patrono do marketing.
 
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O Ibope deve uma satisfação aos eleitores

 



Não vou especular sobre hipóteses piores, mas cabe a pergunta: será apenas uma coincidência que os erros favoreçam sempre os candidatos de esquerda? Luciano Trigo para a Gazeta do Povo:


Eleição após eleição, os principais institutos de pesquisa vêm passando vergonha no Brasil, e em 2020 não foi diferente. Na melhor das hipóteses, a metodologia que estão usando é frágil – e já deveria ter sido corrigida.

Não vou especular sobre hipóteses piores, mas cabe a pergunta: será apenas uma coincidência que os erros favoreçam sempre os candidatos de esquerda? Torço para que seja coincidência, mas, convenhamos, para muita gente será difícil acreditar nisso. E como pesquisas eleitorais são coisas séries, que podem determinar os resultados por influenciarem (ainda) os votos de muitos indecisos, caberia aos institutos dar uma satisfação aos eleitores, explicando por que, mais uma vez, erraram tanto – e sempre na mesma direção.

Até porque o principal capital desses institutos (como aliás ocorre com os jornais) é a sua credibilidade. E esse capital vem sendo dilapidado a passos largos – pelos institutos de pesquisa e por muitos jornais, com pesquisas e matérias que leitores e eleitores julgam cada vez menos confiáveis. Um cidadão tem o direito de torcer e fazer campanha para o candidato que quiser; empresas comprometidas com a isenção e a neutralidade, não.

E há uma questão ética envolvida aqui. É aceitável que institutos de pesquisa cometam erros absurdos em série, sem sofrer qualquer tipo de advertência ou sanção por parte da Justiça Eleitoral? Porque parece evidente que falhas dessa proporção podem prejudicar (ou beneficiar) candidatos de forma decisiva. Uma pesquisa que na véspera da eleição aponta um candidato com 10 pontos de desvantagem pode encerrar as chances desse candidato; depois que a votação acontece e mostra uma diferença real de 1%, é tarde para reparar o dano.

Vou me limitar aqui a apontar o contraste entre as últimas pesquisas do Ibope nas capitais em que houve segundo turno (e nas quais havia candidatos claramente de esquerda), e a votação real – lembrando que essas pesquisas foram divulgadas às vésperas das eleições, realizadas ontem. A margem de erro, que já era alta (três ou quatro pontos para cima ou para baixo, dependendo da capital), foi estourada em praticamente todos casos.

Em ordem alfabética:

Aracaju:

Candidato da esquerda: Edvaldo (PDT)

Ibope (votos válidos): 62%

Votação real: 57,86% (diferença acima da margem de erro, de quatro pontos)

Belém:

Candidato da esquerda: Edmilson Rodrigues (PSOL)

Ibope (votos válidos): 58%

Votação real: 51,76% (diferença bem acima da margem de erro, de quatro pontos)

Fortaleza:

Candidato da esquerda: Sarto (PDT)

Ibope (votos válidos): 61%

Votação real: 51,69% (diferença escandalosamente acima da margem de erro, de quatro pontos)

Porto Alegre:

Candidato da esquerda: Manuela D’Ávila (PCdoB)

Ibope (votos válidos): 51%

Votação real: 45,37% (diferença bem acima da margem de erro, de três pontos)

Recife:

Candidato da esquerda: Marília Arraes (PT)

Ibope (votos válidos): 50%

Votação real: 43,73% (diferença escandalosamente acima da margem de erro, de três pontos)

São Paulo:

Candidato da esquerda: Guilherme Boulos (PSOL)

Ibope (votos válidos): 43%

Votação real: 40,62% (próxima do limite da margem de erro, de três pontos)

Vitória:

Candidato da esquerda: João Coser (PT)

Ibope (votos válidos): 50%

Votação real: 41,5% (diferença escandalosamente acima da margem de erro, de quatro pontos)

Cabe observar que, em algumas dessas capitais, o resultado final foi muito apertado. Talvez o resultado tivesse sido outro, se as pesquisas tivessem mostrado números mais próximos das reais intenções de voto, nessas cidades.

Em Fortaleza, por exemplo, muitos eleitores do candidato Capitão Wagner, do PROS, podem ter desistido de votar por estarem desanimados com a pesquisa do Ibope que, na véspera da eleição, dava uma vantagem de quase 10 pontos ao candidato Sarto, do PDT. Há também aqueles eleitores que gostam de votar no candidato que as pesquisas apontam como vencedor, cujos votos poderiam se dispersar se a pesquisa apontasse empate técnico.

Algo similar pode ter acontecido em Belém, onde a diferença entre a pesquisa da véspera e a eleição foi bizarra. Com quem os candidatos derrotados em Fortaleza e Belém, para só citar os casos mais graves, irão se queixar?
 
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Jordan Peterson escapa de mais uma - e não foi só da censura

 



Funcionários da editora Penguin tentaram impedir a publicação do novo livro do psicólogo que virou celebridade e viveu uma descida ao inferno. Vilma Gryzinski:


Jordan Peterson caiu, caiu e caiu mais um pouco. Quando estava no fundo do poço, descobriu que podia cair mais ainda.

Para quem tem algum prazer secreto em ironizar as batalhas de saúde mental de psicólogos e correlatos, ele foi o prato mais cheio imaginável.

Tendo se tornado dependente de benzodiazepínicos, o tipo de medicamento cujos riscos deveria conhecer muito bem profissionalmente, ele fez tratamentos exóticos e arriscados. Num deles, numa clínica russa, foi colocado em coma durante uma semana.

Diante do que passou, num processo de massacrante deterioração mental acelerado pela descoberta de um câncer incurável de rins na mulher, o que veio depois deve ter soado como brincadeirinha.

Mas não tem nada de engraçada a tentativa de censura que partiu de funcionários de sua própria editora, a Penguin Random House.

Tal como aconteceu no caso da autobiografia de Woody Allen, abandonada pela Hachette por motivo similar, a continuação do seu best-seller, intitulada Além da Ordem: Mais Doze Regras de Vida foi considerada impalatável.

Inacreditavelmente, quiseram impedir a publicação de um livro nada menos que funcionários de uma editora, o tipo de atividade que sempre esteve na linha de frente da liberdade de expressão, tendo travado batalhas heróicas e identificadas com as ideias de esquerda numa época em que o conservadorismo da direita favorecia a censura.

Motivos alegados numa reunião em que muitos “caíram no choro”: Peterson é um “ícone” do discurso do ódio, da supremacia branca e da transfobia.

“Não tenho orgulho de trabalhar para uma companhia que o publica”, disse um dos ofendidos.

Se até JK Rowling, a mais bem sucedida escritora da história (mais de 500 milhões de livros vendidos, fortuna calculada em 670 milhões de dólares), foi abalada por uma campanha infame por ter defendido as especificidades femininas, imaginem Jordan Peterson.

Ao contrário da feminista mãe de Harry Potter, sempre alinhada com causas progressistas, o professor canadense é um provocador profissional, cortante e combativo, sem medo de se jogar em assuntos controvertidos, principalmente quando envolvem os papéis tradicionais ou mutantes de mulheres e homens.

Tendo sido descrito como “o intelectual de atuação pública mais influente do mundo ocidental”, Peterson virou um tipo diferente de autor de autoajuda, tanto pela amplitude das ideias quanto o público alvo, geralmente homens jovens insatisfeitos com suas vidas e inseguros com as regras contemporâneas para o relacionamento com o sexo oposto – se é que este termo ainda pode ser usado sem valer uma condenação imediata à fogueira digital.

Seus cursos online chegaram a render oitenta mil dólares por mês, fora os atendimentos individuais e os livros.

É perfeitamente admissível discordar de muito do que ele diz (embora seja aconselhável estar com os argumentos bem aguçados, pois todo mundo sabe o que faz com debatedores menos preparados).

Inacreditável é pretender censurá-lo. Um dos motivos mais citados é sua recusa em aceitar o uso de pronomes inventados para tratar pessoas que se consideram neutras em termos de gênero. Em inglês, a nova forma de tratamento é “zhe” – nem “she” nem “he”.

Com a ressalva que, individualmente, usaria o pronome neutro para uma pessoa que assim o pedisse, Peterson cravou a recusa como uma forma de “não ceder território aos neomarxistas pós-modernos”.

As posições contra as correntes dominantes nos meios intelectuais lhe renderam um lugar privilegiado nos territórios inexplorados do mundo que rejeita, nem que seja sem verbalizar, os excessos politicamente corretos.

De professor universitário e psicólogo clínico a estrela da masculinidade perdida, Jordan Peterson teve uma ascensão surpreendente e complicada, virando um fenômeno internacional que imitadores menos inspirados ainda tentam replicar.

O sucesso parece ter cobrado um preço, conferindo-lhe uma aura de guru que não combina com sua formação intelectual, responsável por um convite para ser professor visitante em Cambridge – covardemente cancelado depois da reação negativa de estudantes e outros professores.

As regras de vida que aconselha não têm nada de perversas. Ao contrário, vão desde banalidades como manter as costas eretas e “manter a casa em prefeita ordem antes de criticar o mundo”, até “tratar a si mesmo como alguém que você é responsável por ajudar”.

Como acontece nas boas histórias, ele transgrediu suas próprias regras e foi se tornando dependente de remédios da família dos benzodiazepínicos, usando-os para tratar de ansiedade e depressão, especialmente depois do diagnóstico de câncer da mulher, Tammy.

Também como nas boas tramas, ela sobreviveu ao prognóstico de quase 100% de fatalidade e ele afundou em tratamentos para uma reação rara e incapacitante aos medicamentos que tomava: em vez de ter os sintomas controlados, ele sofreu um efeito paradoxal, passando a sentir ansiedade extrema, caracterizada por uma movimentação incontrolável, uma condição chamada acatisia.

“Eu não conseguia ficar sentado ou deitado. E mesmo quando me movimentava, não me sentia melhor. Não conseguia parar, foi horrível”, contou o psicólogo quando reapareceu depois da temporada tenebrosa.

A descida ao inferno incluiu um tratamento numa clínica de Nova York e outro na Rússia – sua filha Mikhaila é casada com um russo. Lá, ele teve pneumonia e foi colocado em coma induzido, um recurso altamente discutível para atravessar o período da síndrome de abstinência.

Em seguida, tentou outro tratamento na Flórida. E mais um, em Belgrado. Daí, teve Covid-19.

Pelo menos em parte desse período, seguiu uma dieta ultrarradical recomendada pela filha, que consiste em ingerir apenas carne, água e sal.

“Por que alguém levaria a sério qualquer coisa que eu digo?”, indagou-se Peterson, que ainda está em fase de recuperação.

Como Peterson conhece muito bem o seu público, e também o poder das narrativas de ascensão, queda e superação, ele mesmo responde: “Se alguém for esperar para aprender com pessoas que não cometem erros e não têm tragédias em suas vidas…”.
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Sleeping Giants: milícia da intimidação anônima.

 



Não há virtude na censura e na cultura do cancelamento dessa milícia clandestina. Carlos Alberto Di Franco, via Estadão:


A milícia anônima Sleeping Giants Brasil começou uma campanha de boicote à Gazeta do Povo, de Curitiba, justificada pelo fato de o jornal ter decidido manter em seu quadro de colaboradores o colunista Rodrigo Constantino. No dia 6 de novembro, Constantino fez um comentário controverso e infeliz sobre um caso de estupro. Embora se tenha desculpado por suas colocações e reiterado sua posição contrária a qualquer forma de violência sexual, o jornalista acabou sendo desligado, nos dias que seguiram, de suas atribuições na Jovem Pan e em outros veículos em que trabalhava.

A Gazeta do Povo, por sua vez, entendeu que Constantino foi “envolvido em uma falsa acusação de apologia do estupro” e considerou satisfatórios as explicações e o pedido de desculpas do jornalista. Ato contínuo, o Sleeping Giants demandou que os anunciantes boicotassem a Gazeta e, assim, ameaçassem a viabilidade financeira de um jornal com cem anos de existência e tradição de seriedade. O que pretendem é que o diário feche as portas.

O Sleeping Giants Brasil, que exibiu viés ideológico desde sua origem, no começo deste ano, iniciou sua atividade no País se vendendo como um movimento de caráter neutro, cujo único objetivo seria evitar a propagação de fake news por meio do boicote. Mas, nos últimos meses, a escolha enviesada de seus alvos escancarou um posicionamento político claro. Figuras públicas de esquerda são poupadas. Vozes liberais e conservadoras são perseguidas. O modo de atuação e os objetivos finais do Sleeping Giants ficam, por esses primeiros casos, explicitados: constranger e intimidar anunciantes que deem sustentação financeira a organizações de mídia que não estejam em sintonia com sua agenda ideológica.

Protegido pelo anonimato, explicitamente vedado pela Constituição, e pela falsa aura de proteção dos direitos humanos, o grupo brasileiro dissimula seu viés político e convence muitas empresas a aderir ao boicote, especialmente pelo impacto que o número de interações provoca nos tomadores de opinião das companhias.

Embora nos Estados Unidos os fundadores do Sleeping Giants se tenham tornado conhecidos – Nandini Jammi e Matt Rivitz –, os apoiadores e gestores de suas contas no Twitter e no Facebook no Brasil nunca foram identificados. Suas campanhas mais bem-sucedidas no País foram direcionadas para o boicote aos portais Conexão Política e Brasil Sem Medo, além de conseguirem fazer que os vídeos de Olavo de Carvalho fossem desmonetizados e seus cursos online não mais pudessem ser pagos via plataforma PayPal.

A organização apresenta-se aqui como defensora de “uma luta coletiva de cidadãos contra o financiamento do discurso de ódio e das fake news”, o que nos leva à discussão de quem é capaz de determinar o que é um “discurso de ódio”. Inevitável lembrar a conhecida pergunta elaborada pelo poeta romano Juvenal, há quase 2 mil anos: “Quis custodiet ipsos custodes?” – que poderíamos traduzir como “quem fiscalizará os fiscalizadores?” ou “quem há de vigiar os próprios vigilantes?”.

Todos devem ter o direito de expressar o que bem entenderem, sabendo que há consequências previstas na legislação para os casos em que haja calúnia, injúria ou difamação. Não é necessário nem desejado que um verdadeiro tribunal de exceção, por meio da intimidação dos anunciantes, como esse promovido pelo Sleeping Giants, seja estabelecido. As ações de cancelamento nada mais são que agressões escancaradas à liberdade de expressão. E o anonimato, covarde e imoral, só desqualifica seus autores.

Para Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), a liberdade de expressão não se constrói com base em intimidações. “A verdadeira liberdade de expressão não é apenas a liberdade de eu me manifestar livremente, mas sobretudo de admitir que outros, por mais reprováveis que possam ser as manifestações e contanto que não firam as leis, tenham o direito de se expressar sem medo de represálias. A liberdade de expressão não se constrói com intimidações ou restrições a manifestações, mas com mais liberdade e ainda mais pluralidade”, sublinhou Rech.

Um jornalista ou qualquer um que difame, calunie, distorça, minta, emita uma posição controversa ou não politicamente correta, agrida valores fundamentais da sociedade ou dos veículos para os quais trabalha, ou que se mostre simplesmente pouco qualificado em suas investigações, análises e conclusões, pode ser processado por quem se sentir indevidamente atacado ou desligado de suas funções por seu empregador.

Por outro lado, qualquer tentativa de pressão, coação, ameaça, chantagem, “cancelamento” ou linchamento virtual deve ser interpretada como uma intimidação descabida, ilegal e imoral de calar vozes dissonantes e que contrariam os interesses e visões dos eventuais e pretensamente isentos – e, para completar, anônimos – “checadores de fatos”. Uma democracia não se pode curvar às ameaças de milícias anônimas. Não há virtude na censura e na cultura do cancelamento.
 
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