terça-feira, 1 de setembro de 2020

Por que está havendo êxodo nas cidades da Califórnia?


Construir cidades melhores não é uma questão partidária; é preciso uma correção dramática de curso para a sobrevivência das cidades grandes. Artigo de John Cox, ex-candidato republicano ao governo da Califórnia, traduzido para a Gazeta do Povo:

São tempos difíceis para quem vive em muitas de nossas grandes cidades. A pandemia de Covid-19, uma onda crescente de crimes violentos e a apatia ou até mesmo hostilidade direcionada à aplicação da lei estão levando muitos dos moradores em áreas urbanas a refletir se vale a pena viver em uma das grandes áreas metropolitanas.
De acordo com uma pesquisa reveladora do Gallup, se pudessem escolher, apenas 12% dos americanos prefeririam viver nas grandes cidades.
Atualmente, 80% da população vivem nas áreas urbanas, mas a experiência bem-sucedida de poder trabalhar em casa pode inaugurar uma era de saída das grandes cidades. Esta pode ser uma opção bastante atraente para a Califórnia urbana, onde alguns locais estão atingindo o ponto de ebulição em algumas questões sociais.
São Francisco, Los Angeles e San Diego já foram um dia motivo de inveja para o resto da nação. Agora, essas cidades estão experimentando um êxodo de residentes.
Taxas de assassinatos estão aumentando nas grandes cidades neste ano, inclusive em San Diego e Los Angeles. O prefeito Eric Garcetti endossou a redução do financiamento para a força policial de Los Angeles que já encara um orçamento diminuto. O Departamento do Xerife de Los Angeles contabilizou a taxa média de oficiais por habitantes em um índice de 2,4 para 1.000, quase 63% menor do que a média nacional.
A política impede que esses departamentos subfinanciados façam seu trabalho. Por exemplo, a Califórnia declarou-se como um estado santuário [termo jurídico americano que indica que o estado limita sua cooperação com os esforços do governo nacional para fazer cumprir a lei de imigração], ao mesmo tempo em que o tráfico sexual de jovens meninas e o contrabando praticado por uma elaborada rede de cartéis chegaram a um nível crítico.
“Não se trata de política, se trata de segurança pública,” observou corretamente o chefe de polícia de San José, Eddie Garcia, depois que uma mulher californiana de 59 anos ser morta em sua casa por um imigrante ilegal. “Ele poderia ter sido identificado e entregue à polícia por pelo menos seis vezes.”
Nossas cidades estão experimentando um aumento constante da falta de moradia; em São Francisco a quantidade de sem-teto aumentou em 17% entre 2017 e 2019.
Piorando as coisas para os que já estão sem-teto, as políticas de extrema-esquerda também acabam aumentando o custo da moradia, comida e combustíveis. Os californianos pagam em média 55,8% a mais pela eletricidade residencial do que os outros americanos, graças a uma mudança obrigatória, forçada pela política, para formas mais caras e menos confiáveis de energia.
Não só os contribuintes tiveram que suportar contas de luz artificialmente altas, mas enquanto se abrigavam em meio a temperaturas escaldantes eles também tiveram que enfrentar a praga recente de apagões. Desestabilizar o sistema da rede elétrica de um estado não é apenas uma loucura irresponsável, é perigoso.
Como se tudo isso ainda não fosse suficiente, a Califórnia tem uma das maiores taxas de imposto do país e ocupa o 48.º lugar em liberdade regulatória por causa das medidas restritivas e de um clientelismo crescentes, de acordo com o Instituto Cato.
Alguns políticos de Sacramento acham que é uma boa ideia aumentar a nossa já ridícula alíquota de imposto de renda, retroativa a janeiro passado. Seja bem sucedida ou não, a ideia manda uma mensagem poderosa para aqueles cujo capital mantém o sonho californiano: caiam fora antes que seja tarde demais. Essas políticas também sufocam os empreendedores que lutam para pular os obstáculos burocráticos e abrir novos negócios, assim como acabam prejudicando os trabalhadores.
De fato, essas condições foram criadas por anos de medidas fracassadas, guiadas por um establishment de claro interesse político. O resultado é o estímulo à saída de uma massa de famílias e trabalhadores talentosos das cidades da Califórnia. As consequências da pandemia certamente vão acelerar ainda mais essa tendência.
Reverter décadas de regulamentações habitacionais fracassadas diminuiria drasticamente a falta de moradia. Restrições onerosas de zoneamento urbano e leis de construção aumentaram a taxa de sem-teto na Califórnia, já que o estado tem um dos maiores custos de moradia do país. A simplificação dessas regulamentações incentivaria a construção de empreendimentos habitacionais seguros e acessíveis para as pessoas que, de outra forma, acabariam nas ruas.
A necessidade de políticas que libertem pequenas empresas e empreendedores é particularmente evidente no setor imobiliário, mas a mesma mentalidade deve orientar o trato de todas as políticas econômicas.
Uma sorveteria não pode levar dois anos para ser aberta, e as cidades devem acabar com esses atrasos, cortando regulamentos supérfluos e redundantes. Por muitos anos, os funcionários monetizaram as funções regulatórias do governo em detrimento da inovação.
Construir cidades melhores não é uma questão partidária; democratas e republicanos sabem que precisamos de uma correção dramática de curso para a sobrevivência de nossas grandes cidades.
Não concordamos com todas as decisões políticas, mas ambos os lados podem e devem construir cidades que ofereçam aos cidadãos uma grande qualidade de vida, inovação, crescimento do emprego, um ambiente saudável e proteções para os indivíduos e suas propriedades.
John Cox é um ex-candidato republicano a governador da Califórnia e fundador da C.H.A.N.G.E. CA. (Citizens for Honest and Non-Partisan Government Effectiveness).
 
BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

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