terça-feira, 1 de setembro de 2020

PF prende operador do Pastor Everaldo, que usava carros-forte no Uruguai para lavar dinheiro


oliciais conduzem Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, na chegada à sede da Polícia Federal (PF), no Centro do Rio de Janeiro — Foto: Alexandre Brum/Enquadrar/Estadão Conteúdo
O Pastor Everaldo era um dos líderes da quadrilha no Rio
Deu no Estadão
Victor Hugo Amaral Cavalcante Barroso se apresentou no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, neste domingo, dia 30. Segundo o Ministério Público Federal, ele recebia 15% de ‘caixinha de propinas’ em troca da cooptação de agentes públicos e privados e da administração da contabilidade paralela do suposto esquema de loteamento de contratos e cargos no governo do Rio
O nome Victor Hugo Amaral Cavalcante Barroso é citado 60 vezes na representação do Ministério Público Federal (MPF) que detalhou o suposto esquema de loteamento de contratos e cargos na gestão do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC).
A INVESTIGAÇÃO – No documento de 403 páginas, tornado público na sexta-feira, dia 29, quando foi deflagrada a Operação Tris in Idem para afastar o chefe do Executivo fluminense e prender 17 pessoas, os investigadores detalham as suspeitas que recaem sobre Barroso.
Ele é apontado como operador financeiro do presidente nacional do PSC, pastor Everaldo Pereira, que por sua vez é acusado de chefiar um dos três grupos ocultos instalados na máquina pública para desviar recursos e se beneficiar sistematicamente de contratações irregulares do governo. O líder religioso e político foi um dos presos na operação.
De acordo com a investigação, o grupo gerenciava o orçamento estadual reservado à Saúde e indicou o ex-secretário da pasta e hoje delator, Edmar Santos, e o antigo ‘número dois’ da secretaria, Gabriell Neves, para garantir o controle de pagamentos e contratações.
SISTEMA PARALELO – Segundo suspeitam os procuradores, caberia a Barroso cooptar agentes públicos e privados, indicar as organizações sociais que deveriam ser contratadas pelo governo e cuidar da contabilidade dos desvios. Para isso, teria sido montado um ‘sistema financeiro paralelo’.
“Victor Hugo Barroso criou uma complexa organização de pessoas jurídicas, que indicam a estruturação de “camadas” de ocultação de valores, também típica de lavagem de dinheiro, onde as transações financeiras se misturam, dificultando a rastreabilidade”, diz o Ministério Público Federal na representação.
Nesta etapa de lavagem de dinheiro, o grupo usaria a transportadora de valores Fênixx, constituída por Barroso em sociedade com o secretário de Cidades, Juarez Fialho, para guardar os valores desviados em carros-forte, repetindo o sistema usado pelo ex-governador Sérgio Cabral.
EMPRESAS OFFSHORE – Além disso, as offshores Tremezzo S/A, Firbank Croporation e South America Properties LLC, registradas em nome do operador, de sua mãe e irmã no Uruguai, serviriam para remessas de dinheiro ao exterior.
Em delação premiada, Edmar Santos contou ainda que Barroso fornecia cartões de crédito em nome de terceiros para que os integrantes da organização criminosa pudessem saldar despesas pessoais e vetava celulares em reuniões para tratar do esquema.
Em troca dos serviços, o suposto operador receberia 15% da ‘caixinha’ abastecida pelos lucros obtidos com as fraudes nas contratações.

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