A
pesquisa do Ibope foi uma das melhores que Bolsonaro já teve: 40% de
aprovação, 29% de reprovação. Se a eleição presidencial fosse hoje, não
apenas estaria no segundo turno: teria chance de vencer no primeiro. Mas
a eleição não é hoje. E outra pesquisa, publicada praticamente ao mesmo
tempo pela Exame, é bem pior para ele: desaprovação de 42%, aprovação
de 35%. As duas pesquisas chegam a resultados diferentes por causa dos
mesmos fatores: basicamente, a ajuda de emergência a pessoas carentes,
iniciada com R$ 600 mensais e que, agora, cai a R$ 300. A coronavoucher
explicaria a alta dos índices do presidente, embora no Nordeste, onde se
concentra boa parte dos eleitores mais carentes, esse crescimento não
tenha sido tão acentuado. A mesma coronavoucher, caindo para R$ 300, com
a promessa de Bolsonaro de não pensar em Renda Brasil até o ano que
vem, e aliada à subida da cesta básica, estaria puxando seu prestígio
para baixo.
Bolsonaro,
ao dizer que só pensaria em Renda Brasil no ano que vem, não quis dizer
que a ajuda vai parar: está garantida até dezembro, e janeiro já é o
ano que vem. Mas era fácil ser mal interpretado. Como é fácil
interpretar mal as propostas de Paulo Guedes de substituir alguns
impostos por outros. Num país como o nosso, supõe-se que vão criar
impostos sem eliminar nenhum.
E
as pesquisas? Serão úteis ao Governo e à oposição para definir táticas e
estratégias. Para as eleições, não querem dizer nada. Estão longe
demais.
Pesquisa mais próxima
Em
São Paulo, informa o DataFolha, Bolsonaro é rejeitado por 46% dos
eleitores, pouco acima do empate técnico com o governador João Doria,
que 39% rejeitam. Ou seja, no momento, o apoio público de um ou de outro
não é bom para candidato nenhum. Claro que o mundo é diferente: o apoio
de um governador ou um presidente vai-se refletir de outra maneira na
força de seus candidatos. As máquinas oficiais e partidárias existem e
ajudam. Mas, com campanha curta, quem está bem atrás terá um caminho
muito difícil.
Covid menos, Covid mais
Os
índices da Covid no Brasil estão mais amenos. São Paulo teve forte
redução em contaminações e mortes. Há perspectivas reais de que, em
pouco tempo – janeiro, talvez – haja vacinas disponíveis. Ótima notícia.
Mas em outros países, o vírus, após um período de menor atividade,
voltou com tudo. Israel fechou de novo, há forte aumento de casos na
Espanha.
É
preciso tomar cuidado – até agora, a melhor maneira de enfrentar a
pandemia foi não contrair a Covid. E esperar que as vacinas (já são onze
na terceira e última etapa de testes) sejam apresentadas, aprovadas e
aplicadas tão logo possível.
Carnaval, desengano
A
Liga Independente de Escolas de Samba, Liesa, decidiu suspender os
desfiles de Carnaval no Rio. A associação de blocos decidiu suspender o
carnaval de rua. Pode ser que, proclamado o fim da pandemia, haja nas
ruas um Carnaval espontâneo (foi o que ocorreu há cem anos, quando
terminou a epidemia de gripe espanhola). Pode ser que se designe uma
nova data para os desfiles e a festa nas ruas. Mas isso depende da
vacinação em massa.
Sem fantasia
O
prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que odeia Carnaval, poderia
comemorar – ele nem apareceu no Sambódromo, nem entregou as chaves da
cidade ao Rei Momo, como ocorre todos os anos. Mas está preocupado em se
livrar dos tribunais: condenado por uso da máquina pública em favor da
candidatura de seu filho, Marcelo Hodges Crivella, foi declarado
inelegível por oito anos. Certo, aqui é Brasil, talvez mesmo assim ele
continue sendo candidato à reeleição. Mas os partidos oposicionistas já
pediram que seja impedido de se candidatar, embora haja a possibilidade
de recurso.
Dançando
Já
o governador Wilson Witzel está ameaçadíssimo: está afastado do
Governo, o pedido de seu impeachment foi aceito, não tem apoio na
Assembleia e depende de uma decisão do Supremo para ganhar uma chance de
voltar ao cargo. Bolsonaro, que foi seu aliado e hoje é inimigo, já
comemorou as dificuldades do governador fluminense. Mas o mundo gira.
Tá faltando um
O
advogado Frederick Wassef, de longa relação com a família Bolsonaro –
até recentemente era advogado do presidente e de seu filho 01, Flávio –
foi denunciado por peculato e lavagem de dinheiro pela Lava Jato. Com
Wassef, foram denunciados Orlando Diniz, ex-presidente da Federação do
Comércio do Rio de Janeiro, Marcelo Cazzo, responsável pela aproximação
dos dois, e as advogadas Marcia Carina Zampiron e Luiza Nagib Eluf.
E tem mais
O
Antagonista informou que Bolsonaro se reuniu com o concessionário do
aeroporto de Viracopos, que tinha problemas com o Governo. O encontro,
diz a revista, após conversa do presidente com Wassef, foi produtivo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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