Rosana Hessel
Correio Braziliense
Em meio à forte queda nos investimentos estrangeiros no país, o Banco Central reduziu novamente a previsão para o fluxo do indicador de entrada de capital externo produtivo no país no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (24/09).
A nova projeção para a entrada de Investimento Direto no País (IDP) passou de US$ 55 bilhões, em junho, para US$ 50 bilhões, em setembro. No documento, o BC também revisou a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano para uma queda de 5%. Para 2021, a estimativa do BC é de crescimento de 3,9%, com o fluxo de IDP ficando em US$ 65,2 bilhões.
ESTIMATIVA DO BC – No primeiro trimestre do ano, a estimativa do BC estava em US$ 60 bilhões, abaixo dos US$ 78,6 bilhões registrados em 2019. Em agosto, a entrada de Investimento Direto no País no país desabou 85,3%, para US$ 1,4 bilhões, na comparação com o mesmo mês de 2019, refletindo o aumento da desconfiança de investidores no país que mostrou uma saída recorde de capital estrangeiro do país no ano, de US$ 15,2 bilhões.
No acumulado em 12 meses, a entrada de IDP somou US$ 54,5 bilhões, o menor patamar desde agosto de 2010, quando o BC registrou o fluxo de US$ 50,8 bilhões.
ACIMA DO MÍNIMO – Apesar da queda na previsão do IDP, o volume ainda supera as estimativas para a necessidade de financiamento do país com o setor externo. De acordo com o BC, as novas projeções para o deficit em transações correntes do país com o resto do mundo foi reduzida de US$ 13,9 bilhões para US$ 10,2 bilhões (0,7% do PIB). Em março, o saldo negativo previsto estava em US$ 41 bilhões.
Essa melhora no resultado do balanço de pagamentos reflete a recessão global em que as trocas comerciais estão caindo, mas, no caso do Brasil, as importações desabam em ritmo mais acelerado do que as exportações, ajudando a melhorar o superavit da balança comercial.
MAIS EXPORTAÇÕES – “O principal fator para a revisão é a melhora nos valores esperados para as exportações, que apresentaram nos últimos meses resultado acima do anteriormente projetado.
Projetam-se, assim, reduções de 11,1% nas exportações e de 16,2% nas importações em relação a 2019, resultando em saldo da balança comercial de US$ 45,3 bilhões e recuo de 13,4% na corrente de comércio”, destacou o documento. A previsão anterior para o superavit da balança comercial era de US$ 39 bilhões.
MENOS TURISMO – O BC ainda projeta queda significativa do deficit da conta de serviços em relação ao fechamento de 2019, de 41,8%, para US$ 20,4 bilhões. A previsão de junho era de saldo negativo de US$ 21,5 bilhões.
“A maior retração deve vir da conta de viagens, com redução de 74,3% nas despesas líquidas em comparação a 2019, refletindo as restrições a viagens geradas pelas medidas de contenção à Covid-19. Do lado da renda primária, espera-se recuo das despesas líquidas em 2020 em relação ao ano anterior, atingindo déficit de US$ 37,4 bilhões.
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