Wilson Witzel saiu do governo e os falsos democratas saíram do armário, escreve Guilherme Fiuza em sua coluna na Gazeta do Povo:
O governador do Rio de Janeiro foi afastado do mandato pela Justiça.
As investigações sobre os delitos de que é acusado transcorrerão e
trarão as conclusões sobre o que de fato Wilson Witzel fez de errado.
Mas outra interrogação se impõe, no momento em que seu governo nebuloso é
interrompido: por que os “progressistas” assistiram calados aos
desmandos de Witzel?
Foi tudo muito estranho. Witzel encomendou sete hospitais de campanha
no auge do alarme da pandemia. Só dois foram montados, e com
funcionamento parcial. Ao mesmo tempo, diversas compras emergenciais de
respiradores e outros equipamentos de saúde foram assinaladas pelo
Tribunal de Contas como superfaturadas. Os supostos progressistas – de
quem se esperaria no mínimo críticas a um governador de direita –
ficaram calados.
Witzel fez muito mais que isso – no hall das coisas que deveriam
incomodar os humanistas e democratas de plantão: mandou descer o sarrafo
no cidadão. Sob o pretexto do cumprimento de medidas sanitárias, o
governador agora afastado do cargo ordenou às suas forças de segurança
que partissem para cima da população em circulação no Rio de Janeiro.
Copacabana, a mundialmente famosa Princesinha do Mar, assistiu calada
duas mulheres e seus filhos sendo arrastados para dentro de um camburão
porque os adolescentes mergulharam no mar.
A brutalidade fantasiada de salvação de vidas rendeu diversas cenas
ditatoriais de banhistas cercados por homens armados, mulheres de
biquíni arrastadas de forma animalesca por policiais, utilização de arma
de choque para derrubar e prender um rapaz andando sozinho na areia.
Essas cenas estão gravadas para sempre – e o silêncio dos supostos
humanistas cariocas também.
Ao mesmo tempo o que se viu foram ônibus circulando cheios e até
aglomerações para recebimento do auxílio emergencial. Nesses casos, a
preocupação de Wilson Witzel com o contágio pelo coronavírus teve o
mesmo destino do dinheiro dos hospitais de campanha: sumiu. E adivinha o
que aconteceu com a patrulha histérica dos que ficaram no zoom acusando
todo mundo de genocida? Acertou, seu danado: também sumiu. Ônibus
lotado nunca preocupou os empáticos da laive.
Enquanto o paraquedista Witzel dava vazão aos seus instintos
ditatoriais sob o manto protetor do lockdown, a famigerada militância
que se diz de esquerda e preocupada com perigos autoritários se alinhou
com ele. Na Fundação Oswaldo Cruz, referência nacional na área de saúde,
todas as diretrizes de enfrentamento da pandemia convergiam com os
desatinos do governador do estado. Não só não se ouviu ressalvas ao
descalabro administrativo do covidão, como veio da Fiocruz uma proposta
de lockdown total após dois meses de confinamento – um plano que o
tiranete Witzel adorou, especialmente por não incluir sustentação
científica alguma. O que um ditador mais gosta é de não dar explicações.
Esse plano foi recusado pelo poder legislativo – e a parceria
Witzel-Fiocruz para o aprisionamento da população do Rio de Janeiro
ficou apenas como uma página negra na história dos atentados
autoritários.
Witzel sonhou com o poder de obrigar o cidadão a pedir sua
autorização para ir à padaria. E teve cúmplices “progressistas” nos seus
piores ensaios ditatoriais – todos fingindo combater o fascismo
bolsonarista.
Wilson Witzel saiu do governo e os falsos democratas saíram do armário.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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