Artur Polónio resenha, para a Crítica na Rede, o livro Contra a
Democracia, de Jason Brennan. Reproduzo abaixo a parte final do artigo,
que pode ser lido na íntegra aqui:
Desde Platão que a democracia tem os seus críticos. E, tal como
Platão, os críticos da democracia são geralmente melhores na crítica que
fazem do que nas alternativas que defendem. Penso que é o caso de
Brennan. Isto não é, todavia, surpreendente: sobre a democracia temos um
conjunto muito vasto de informação, ao passo que sobre alternativas
nunca experimentadas apenas podemos especular. E, por muito informada
que seja a especulação, será, ainda assim, apenas especulação.
Churchill observava que o melhor argumento contra a democracia é uma
conversa de cinco minutos com o eleitor médio. Mesmo parecendo acreditar
genuinamente que a democracia é o pior dos regimes, à excepção de todos
os outros que experimentámos, permaneceu, todavia, um democrata.
Churchill era, como Burke, um conservador: por vezes, ao querermos
corrigir um mal acabamos por produzir um mal maior. O menor dos males é
preferível por princípio.
Mais do que uma defesa da epistocracia, Brennan oferece uma demolição
metódica, argumento a argumento, da ideia de que a democracia é o
melhor modelo possível de participação política. Qual é o modelo melhor
permanece, todavia, uma questão em aberto.
Contra a Democracia é uma obra que vale a pena ler. Rigoroso na
análise, Brennan escreve de maneira clara e agradável. A obra indica
ainda uma extensa bibliografia especializada.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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