quarta-feira, 22 de abril de 2020

Democracia: boas intenções, tristes realidades.


Artur Polónio resenha, para a Crítica na Rede, o livro Contra a Democracia, de Jason Brennan. Reproduzo abaixo a parte final do artigo, que pode ser lido na íntegra aqui:

Desde Platão que a democracia tem os seus críticos. E, tal como Platão, os críticos da democracia são geralmente melhores na crítica que fazem do que nas alternativas que defendem. Penso que é o caso de Brennan. Isto não é, todavia, surpreendente: sobre a democracia temos um conjunto muito vasto de informação, ao passo que sobre alternativas nunca experimentadas apenas podemos especular. E, por muito informada que seja a especulação, será, ainda assim, apenas especulação.

Churchill observava que o melhor argumento contra a democracia é uma conversa de cinco minutos com o eleitor médio. Mesmo parecendo acreditar genuinamente que a democracia é o pior dos regimes, à excepção de todos os outros que experimentámos, permaneceu, todavia, um democrata. Churchill era, como Burke, um conservador: por vezes, ao querermos corrigir um mal acabamos por produzir um mal maior. O menor dos males é preferível por princípio.

Mais do que uma defesa da epistocracia, Brennan oferece uma demolição metódica, argumento a argumento, da ideia de que a democracia é o melhor modelo possível de participação política. Qual é o modelo melhor permanece, todavia, uma questão em aberto.

Contra a Democracia é uma obra que vale a pena ler. Rigoroso na análise, Brennan escreve de maneira clara e agradável. A obra indica ainda uma extensa bibliografia especializada.
 
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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