Coluna de Alexandre Garcia, publicada pela Gazeta:
O Brasil está construindo hospitais de campanha. Neste fim de semana
foi anunciado mais um hospital de campanha de 200 leitos em Manaus, em
um encontro entre o presidente Bolsonaro, o governador de Goiás, Ronaldo
Caiado, e o ministro da Saúde, Luiz Mandetta.
Eles estavam anunciando mais um hospital de campanha em Águas Lindas
(GO) para não sobrecarregar os hospitais de Brasília. Além disso, o
Brasil está adquirindo 65 mil respiradores artificiais novos.
As estatísticas mostram que a Itália usou 5 mil desses respiradores, o
mundo usa hoje 50 mil, então por que 65 mil só para o Brasil? Será que
não estão se aproveitando da situação de emergência para gastar demais?
Tomara que os Tribunais de Contas da União e dos estados estejam de
olho nisso. Tem muitos governos estaduais que estão com a corda no
pescoço e podem estar se aproveitando da situação. Espero que não seja
isso.
Despolitizar a cloroquina
O neto de um ministro de Tribunal Superior teve uma crise de
sinusite. Ele foi muito bem atendido porque o hospital estava vazio. Mas
na hora em que eles foram embora, o ministro me contou, a médica que
atendeu o neto dele pediu que fosse assinado um termo.
Nesse termo dizia que o atendimento tinha sido por coronavírus e
impunha 15 dias de quarentena para todos da família. Ou seja, o hospital
está fraudando as estatísticas da doença. Isso é muito ruim.
Um grupo de 32 cientistas brasileiros assinou um pedido junto ao
ministro Mandetta reivindicando que a cloroquina seja usada de maneira
precoce no tratamento do coronavírus, antes mesmo de se ter um resultado
positivo para a Covid-19.
O motorista de Uber que estava internado aqui no Distrito Federal
havia procurado o pronto-socorro quando estava com 40°C de febre na
terça-feira passada e mesmo assim foi mandado para casa sem nenhuma
prescrição.
Se tivessem prescrito a cloroquina ele não estaria na UTI. No fim de
semana ele foi incubado e não deram o medicamento para ele - eu me
informei no hospital - porque o remédio estava em falta.
Nós compramos a cloroquina para ele na farmácia e mandamos para o
hospital. Depois que o remédio foi usado, a situação dele ficou
estabilizada. Embora o estado ainda seja grave, ele já tem sinais de
melhora.
Por outro lado, uma senhora de 97 anos que estava internada desde o
dia 1º de abril, em São Paulo, teve alta no domingo. A filha dela de 59
anos, que já teve coronavírus, acompanhou a mãe, o que auxiliou na
melhora. A senhora foi medicada com diuréticos, corticóides,
antibióticos e com cloroquina.
Tem que afastar a briga política para atacar o vírus. Médicos que
estão há décadas trabalhando na Amazônia sabem que a cloroquina é um
antiviral muito importante. Seria bom se essa questão fosse
despolitizada.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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