Guga Chacra
O Globo
Observe a imagem de Donald Trump, que enfrenta um processo de impeachment no Senado em Washington, ao lado de Benjamin Netanyahu, formalmente indiciado por corrupção em Israel. Agora, compare à de Yitzhak Rabin apertando a mão de Yasser Arafat com Bill Clinton ao fundo em 13 de setembro de 1993. Qual delas dá mais esperança de paz para a resolução do conflito entre israelenses e palestinos? A resposta é óbvia.
Paz se negocia com inimigos. Rabin, talvez o maior estadista do Oriente Médio desde a Segunda Guerra, sabia que precisava se sentar à mesa com Arafat, visto como terrorista por muitos em Israel.
UMA CHANCE À PAZ – O líder palestino, por sua vez, após décadas de luta armada, decidiu dar uma chance à diplomacia. Ambos sabiam da necessidade de fazer concessões. Tiveram sucesso inicial com os Acordos de Oslo, mas extremistas islâmicos do Hamas e também judeus como Yigal Amir, que assassinou Rabin, deram um duro golpe no processo de paz.
Em Camp David, no ano 2000, Ehud Barak e Arafat chegaram perto de uma resolução final, mas cada um dos lados culpou o outro pelo fracasso. Israel, sem dúvida, fez muitas concessões naquele diálogo mais uma vez mediado por Clinton. Os palestinos, também. Mas não chegaram a um denominador comum. George W. Bush e Barack Obama também tentaram e fracassaram.
Diante de tantos fracassos, Trump apresenta uma estratégia diferente. Não houve negociações. Impôs seus parâmetros que consistem basicamente em aceitar o status quo atual, com alguns ajustes.
ACORDO PRÓ-ISRAEL – Como o cenário proposto implica a existência dos assentamentos, o não retorno dos refugiados e Jerusalém como capital indivisível de Israel, a sua proposta claramente adota um viés favorável aos israelenses.
Os palestinos teriam de abdicar de suas três principais demandas. Primeiro, precisariam aceitar que todos os assentamentos israelenses na Cisjordânia sejam anexados a Israel. Isso sem falar no Vale do Rio Jordão, que deixaria a “Palestina” como uma ilha dentro de Israel, sem fronteira com a Jordânia, embora faça sentido para a segurança israelense.
Em segundo lugar, não terão a parte oriental de Jerusalém, de maioria árabe, como capital, por mais que Trump tenha dito que sim. Na verdade, ficarão com bairros no subúrbio da cidade. Por último, no caso dos refugiados, necessitariam abandonar o direito de retorno, algo muito forte na identidade palestina, apesar de ser inaceitável em qualquer circunstância por Israel.
SÓ PROMESSAS – O plano do presidente americano tenta compensar estas concessões com a promessa de dezenas de bilhões de dólares para o desenvolvimento do futuro Estado e áreas no Deserto do Negev. Não há possibilidade de a Autoridade Nacional Palestina e muito menos o Hamas aceitarem neste momento a proposta de Trump. Seria o equivalente a uma rendição.
Por outro lado, não há muitas alternativas aos palestinos, a não ser torcer para Trump perder as eleições. O opositor Benny Gantz concorda com o plano de Trump e, para completar, os países do Golfo Pérsico pouco estão se importando com os palestinos e já começaram a se aproximar de Israel. C
aso o presidente americano seja reeleito, restará talvez aos palestinos render-se e aceitar o status quo oficialmente no acordo de Trump ou viver sob o status quo em conflito. Esta é a realidade.
O Globo
Observe a imagem de Donald Trump, que enfrenta um processo de impeachment no Senado em Washington, ao lado de Benjamin Netanyahu, formalmente indiciado por corrupção em Israel. Agora, compare à de Yitzhak Rabin apertando a mão de Yasser Arafat com Bill Clinton ao fundo em 13 de setembro de 1993. Qual delas dá mais esperança de paz para a resolução do conflito entre israelenses e palestinos? A resposta é óbvia.
Paz se negocia com inimigos. Rabin, talvez o maior estadista do Oriente Médio desde a Segunda Guerra, sabia que precisava se sentar à mesa com Arafat, visto como terrorista por muitos em Israel.
UMA CHANCE À PAZ – O líder palestino, por sua vez, após décadas de luta armada, decidiu dar uma chance à diplomacia. Ambos sabiam da necessidade de fazer concessões. Tiveram sucesso inicial com os Acordos de Oslo, mas extremistas islâmicos do Hamas e também judeus como Yigal Amir, que assassinou Rabin, deram um duro golpe no processo de paz.
Em Camp David, no ano 2000, Ehud Barak e Arafat chegaram perto de uma resolução final, mas cada um dos lados culpou o outro pelo fracasso. Israel, sem dúvida, fez muitas concessões naquele diálogo mais uma vez mediado por Clinton. Os palestinos, também. Mas não chegaram a um denominador comum. George W. Bush e Barack Obama também tentaram e fracassaram.
Diante de tantos fracassos, Trump apresenta uma estratégia diferente. Não houve negociações. Impôs seus parâmetros que consistem basicamente em aceitar o status quo atual, com alguns ajustes.
ACORDO PRÓ-ISRAEL – Como o cenário proposto implica a existência dos assentamentos, o não retorno dos refugiados e Jerusalém como capital indivisível de Israel, a sua proposta claramente adota um viés favorável aos israelenses.
Os palestinos teriam de abdicar de suas três principais demandas. Primeiro, precisariam aceitar que todos os assentamentos israelenses na Cisjordânia sejam anexados a Israel. Isso sem falar no Vale do Rio Jordão, que deixaria a “Palestina” como uma ilha dentro de Israel, sem fronteira com a Jordânia, embora faça sentido para a segurança israelense.
Em segundo lugar, não terão a parte oriental de Jerusalém, de maioria árabe, como capital, por mais que Trump tenha dito que sim. Na verdade, ficarão com bairros no subúrbio da cidade. Por último, no caso dos refugiados, necessitariam abandonar o direito de retorno, algo muito forte na identidade palestina, apesar de ser inaceitável em qualquer circunstância por Israel.
SÓ PROMESSAS – O plano do presidente americano tenta compensar estas concessões com a promessa de dezenas de bilhões de dólares para o desenvolvimento do futuro Estado e áreas no Deserto do Negev. Não há possibilidade de a Autoridade Nacional Palestina e muito menos o Hamas aceitarem neste momento a proposta de Trump. Seria o equivalente a uma rendição.
Por outro lado, não há muitas alternativas aos palestinos, a não ser torcer para Trump perder as eleições. O opositor Benny Gantz concorda com o plano de Trump e, para completar, os países do Golfo Pérsico pouco estão se importando com os palestinos e já começaram a se aproximar de Israel. C
aso o presidente americano seja reeleito, restará talvez aos palestinos render-se e aceitar o status quo oficialmente no acordo de Trump ou viver sob o status quo em conflito. Esta é a realidade.
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