segunda-feira, 30 de setembro de 2019
Outubro Rosa: uma em cada 12 mulheres receberá o diagnóstico de câncer de mama ao longo da vida
Mamografia a partir dos 40 anos é essencial para o diagnóstico
precoce; Controle de peso, alimentação balanceada e exames periódicos de
rotina
Foto: Divulgação
Levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) revelou que o Brasil somará cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama em 2019, número que corresponde a 28% de todos os diagnósticos da doença registrados no país - o que faz dele o tumor mais incidente entre as mulheres depois do câncer de pele-não melanoma. Mundialmente os dados também são alarmantes: o câncer de mama afeta 2,1 milhões de pessoas por ano e é o quinto que mais mata, de acordo com o Globocan 2018, um estudo da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer.
Neste sentido, um dos principais mecanismos de controle e identificação da doença ainda é a mamografia que, de acordo com o INCA, deve ser feita por todas as mulheres com mais de 40 anos. Todavia, é justamente na adesão a este exame de imagem que está um dos entraves para vencer a doença.
A Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS), a mais recente disponível no Brasil, aponta que 3,8 milhões de mulheres de 50 a 69 anos nunca realizaram mamografia, o que corresponde a 18,4% da população feminina nessa faixa etária. O maior índice entre as grandes regiões fica no Norte (37,8%), contra 11,9% do Sudeste, que tem a menor taxa.
“O primeiro e principal passo para combatermos a doença é o conhecimento. Temos que maximizar a exposição das informações para que cada vez mais mulheres e população em geral estejam conscientes da necessidade de realização da mamografia”, afirma Bruno Ferrari, oncologista e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas.
A opinião do médico é endossada por um levantamento da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) que aponta para uma realidade diretamente relacionada à evolução nos índices de envelhecimento da população: uma em cada 12 mulheres receberá o diagnóstico de um tumor nas mamas até os 90 anos de idade. E a importância das medidas voltadas à conscientização sobre o este tipo câncer ainda é justificada por mais um dado: as chances de cura chegam a 95% dos casos quando o tumor é detectado no início.
Por isso Ferrari é taxativo, o diagnóstico precoce é fundamental para as chances de recuperação dos pacientes. Ele lembra ainda que mulheres com histórico de câncer na família, ou seja, cujas mães, avós ou irmãs tiveram câncer de mama, devem iniciar o rastreio por mamografia mais cedo, aos 35 anos.
“Cerca de 10% dos casos de câncer de mama estão associados a fatores genéticos hereditários, ou seja, transmitidos de pais para filhos. Nessas situações, o controle preventivo deve ser iniciado antes mesmo dos 40 anos por conta do risco aumentado”, explica.
Incentivo a mudanças simples nos hábitos de vida
Além de realizar exames preventivos com frequência, cultivar uma rotina saudável, de acordo com Ferrari, é a chave para reduzir as taxas de câncer de mama. Parar de fumar, buscar uma alimentação saudável e manter uma rotina de exercícios para ficar em forma estão, em geral, associados à vaidade e a beleza. A boa notícia é que essas e outras atitudes exercem também papel fundamental na prevenção do câncer de mama.
“A prática regular de exercícios físicos e adoção de uma dieta alimentar balanceada são essenciais tanto para reduzir as chances de incidência do câncer de mama quanto para reduzir os riscos de recidiva da doença”, avisa.
Segundo o oncologista, obesidade, sedentarismo e tabagismo estão entre os fatores evitáveis que podem contribuir para o surgimento da doença.
E ele não está sozinho. Uma pesquisa publicada na revista Nature e que contou com a colaboração do Ministério da Saúde revela que uma em cada dez mortes em decorrência de câncer de mama no Brasil – cerca de 12% – poderia ter sido evitada com a prática de atividade física regular. De acordo com a pasta, os números mostram que, em 2015, 2.075 mortes poderiam ter sido evitadas se as pacientes realizassem pelo menos uma caminhada de 30 minutos ao dia cinco vezes por semana.
Um outro estudo da Sociedade Norueguesa de Câncer, realizado com 102.098 mulheres na Noruega e na Suécia durante dez anos, descobriu que, em comparação com os não fumantes, aquelas que fumaram 10 ou mais cigarros por dia durante 20 ou mais anos tinham um três vezes mais risco de desenvolver câncer de mama invasivo. Meninas que começavam a fumar antes dos 15 anos tinham quase 50% mais chances de ter o tumor.
A importância desse tipo de atitude não fica apenas na prevenção, alerta o médico. “Uma série de pesquisas científicas como essas sugerem que indivíduos que praticam atividade física e seguem uma dieta equilibrada têm melhores respostas ao tratamento e, portanto, apresentam taxa de sobrevivência maior ao câncer cinco anos após o diagnóstico”, destaca Bruno Ferrari.
Oncoclínicas e SBM unidos no combate ao câncer de mama
O Instituto Oncoclínicas - iniciativa do corpo clínico do Grupo Oncoclínicas para promoção à saúde, educação médica continuada e pesquisa -, em parceria com a SBM, lança no mês de Outubro uma campanha de conscientização protagonizada pela modelo Luiza Brunet. Com o mote “Seja a melhor pessoa para você”, a ação tem por objetivo transmitir às mulheres uma mensagem de alerta sobre os cuidados com a saúde, em especial para que não deixem de realizar a mamografia todos os anos a partir da idade recomendada.
O que é ser conservador?
Ser conservador, no Brasil de hoje, coloca precisamente a questão dos
valores e da tradição a ser preservada. Artigo do professor Denis
Rosenfield, publicado pelo Estadão:
Ser conservador encerra muitas significações, sem que, muitas vezes,
se saiba ao certo do que se está falando. Ultimamente, no País, estamos
presenciando uma onda dita conservadora, como se, com esse termo, uma
acepção de todos conhecida pudesse ser facilmente percebida.
Ser conservador, à maneira de Edmund Burke, significava, na época,
manter as tradições inglesas, a monarquia constitucional e os valores
vigentes, dentre os quais seus preconceitos em relação ao capital
financeiro, aos agiotas e aos judeus, que ele acreditava serem aqueles
similares a estes. Conservar a tradição e os valores pode igualmente
significar aceitação acrítica de toda uma História recebida. Sua
repercussão deveu-se, sobretudo, à sua crítica à Revolução Francesa, à
concepção democrática que então emergia e a seus excessos no Terror, à
concepção jacobina, que terminou se estendendo até o século 20. São
valores históricos que estão assim em pauta.
Ser conservador, no Brasil de hoje, coloca precisamente a questão dos
valores e da tradição a ser preservada. O discurso político é
fortemente contaminado pelo conservadorismo sem que sua acepção seja
definida. Cobra-se apenas que o inimigo seja aquele que não a
compartilha, sem que o compartilhado, contudo, seja explicitado.
Evidentemente, não se pode seriamente cogitar de uma monarquia
constitucional do tipo da inglesa, por mais que dom Pedro II tenha sido
um grande imperador, ímpar em seu tempo. Essa tradição se teria perdido
no período republicano, salvo se entendermos por ser conservador a
restauração da monarquia brasileira. Não é essa, porém, a pauta do atual
governo, centrado na figura de um presidente que procura impor suas
concepções, sem recorrer à História do País.
A pauta conservadora parece residir nos costumes, mas mesmo aí a
questão é controversa, pois diz respeito a qual valor deveria ser
preservado. Os atuais representantes dessa posição se referem
explicitamente à pauta dos valores evangélicos, que correspondem grosso
modo a 30 milhões de crentes. Número certamente expressivo do ponto de
vista eleitoral, mas constitutivo de uma fração da população de 220
milhões de pessoas. Não se pode, portanto, dizer que essa fração
corresponda à totalidade brasileira, por mais importante que seja.
O Brasil tem uma forte tradição libertina, embora esse nome não seja
empregado. O carnaval é o seu maior exemplo. Nessa esteira, o País tem
uma tradição de liberdade sexual, nos últimos tempos até com questões de
gênero e identidade sexual ganhando importância. Manifestações
concernentes à identidade sexual ganham as ruas e contam com o apoio da
população, da mesma maneira que acontece com as manifestações
evangélicas. Poder-se-ia dizer que há uma contradição em termos de
valores que permeiam a atualidade, porém poder-se-ia acrescentar que
ambas fazem parte de um valor maior, o da liberdade de escolha, seja
religiosa, seja sexual.
O que não pode, numa sociedade que se caracteriza como democrática, é
uma das partes considerar a outra como “inimiga”, nas diferentes
acepções desse termo – como “atrasados”, “religiosos”, “perversos”,
“destruidores dos valores” –, conforme a perspectiva que se adote de um
ou outro lado. Nesse sentido, caberia dizer que, se acatarmos a
liberdade de escolha como valor maior, estaríamos adotando uma posição
liberal, por mais que essa pauta esteja hoje limitada a uma discussão em
termos de liberdade econômica, que é somente uma acepção do
liberalismo. A pergunta poderia ser assim colocada: ser conservador
significaria conservar os valores da família como são entendidos na
concepção evangélica? Ser conservador significaria conservar a tradição
libertina? Ser conservador significaria conservar a concepção liberal de
liberdade de escolha?
Se a liberdade de escolha tem vigência na área dos costumes, o mesmo
não acontece na econômica, na qual ela tem imensas dificuldades de ser
implementada. O governo Temer começou um importante ciclo de
liberalização na economia, contrapondo-se à concepção estatizante do
governo Dilma e ao lulopetismo. Nesse aspecto, pode-se dizer que foi
dele o combate primeiro ao “socialismo”. O governo atual segue, com as
maiores dificuldades, a mesma linha, pois a reforma da Previdência nem
foi ainda aprovada, a reforma tributária está sendo conduzida pelo
Senado e pela Câmara e as privatizações e concessões marcham a ritmo
lento. A questão a ser ressaltada reside em que o Brasil não tem uma
tradição liberal, sendo essa a grande inovação.
A tradição em vigor na área econômica é estatizante, presente nos
governos petistas e no período do regime militar, em particular sob a
Presidência Geisel. Contudo, mesmo aqui, uma ressalva deve ser feita, a
de que o governo Castelo Branco se pautou por concepções liberais. A
tradição militar brasileira seria, então, liberal ou estatizante? Tudo
dependeria da perspectiva e de como os militares se reconhecem em sua
própria história. Mais uma amostra da complexidade que se enfrenta ao
definir o que seja um conservador.
No discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU, esse problema foi
agudo. Na verdade, ele não foi conservador ao se afastar da tradição
diplomática brasileira, caracterizada por posturas de tolerância, de
multilateralismo e de negociação, quando mais não seja pelo fato de o
País não dispor de poderio econômico, nem força militar, para impor suas
posições. Ora, em vez de conservar a sua tradição, o presidente optou
por valores ditos conservadores, que são um alinhamento ao governo
Trump. Ressalte-se que tal posição não corresponde à nossa História. O
Brasil, do ponto de vista das relações exteriores, deveria estar baseado
na estrita defesa dos seus interesses, em suas perspectivas
geopolíticas de poder, e não numa cruzada por valores conservadores,
seja lá o que estes signifiquem.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
O lobo e o cordeiro no STF
O primeiro grande golpe sofrido pelo sistema anticorrupção partiu de
Tofolli em conluio com Bolsonaro, afirma Fernando Gabeira, colunista do Globo:
A semana que passou foi complicada demais para caber num só artigo.
Começou com aquele discurso de Bolsonaro na ONU e, no final, nem se
falava mais nele.
Estava no Ceará cobrindo um encontro dos povos do mar. Nele,
discutia-se o conhecimento das populações litorâneas: cultivo de algas
para cosméticos e alimentação ou mesmo fazer um bonito lustre com
escamas de um peixe grande, chamado lá de camburubim. No final do
encontro, as praias nordestinas foram invadidas por um vazamento de
óleo, morte de tartarugas e tudo mais.
Bolsonaro voltou de viagem, e dela ficou apenas sua briga com o
cacique Raoni e a adolescente sueca Greta Thunberg, atacada pela família
presidencial.
O grande fato foi produzido pelo STF, que aplicou uma derrota na
Operação Lava-Jato e todas as outras que combatem a corrupção no Brasil.
Alguns processos serão anulados por uma filigrana jurídica: o
condenado não apresentou suas declarações finais depois dos delatores.
A discussão desse tema poderia aperfeiçoar as coisas daqui para a
frente. Mas anular processos que desviaram milhões só por causa da ordem
final é apenas o sinal do momento.
A conjuntura mudou. A correlação de forças é outra. Os vazamentos do
Intercept enfraqueceram a Lava-Jato, da mesma forma que a eleição de
Bolsonaro, embora o discurso seja outro, e ele tenha integrado Moro ao
seu governo.
Não adianta discutir filigranas quando a correlação de forças muda. A
convergência de juízes com políticos e o próprio presidente tornou-se
forte. Criou uma situação de fábula. O lobo comeria o cordeiro,
independentemente do argumento. Como recompor, por onde recompor o
sistema defensivo da sociedade para se proteger do sindicato dos
ladrões?
No meu entender, e já escrevi isso, o primeiro grande golpe sofrido
pela sistema anticorrupção partiu de Tofolli em conluio com Bolsonaro.
Ao neutralizar o Coaf, Tofolli quebrou o tripé da Lava-Jato, que era
composto de PF, Receita e Ministério Público. Não se pode mais informar
sobre operações financeiras suspeitas, sem autorização da Justiça.
No meu trabalho cotidiano, uso o tripé sempre que preciso de mais
estabilidade na imagem. O tripé da Lava-Jato tinha uma função mais
importante ainda: permitia ver coisas que escapam ao olho nu.
O que Tofolli fez com o apoio de Bolsonaro para livrar a cara do
filho senador, Flávio, tumultuou inúmeras investigações no país e rompeu
com alguns compromissos internacionais do Brasil no combate à lavagem
de dinheiro.
Como acentuei, o bombardeio à Lava-Jato não significa apenas libertar
os presos, mas reduzir as possibilidades de prender futuros envolvidos
em corrupção. O velho esquema que domina o Brasil ganhou nova cara,
encarnou-se em novos personagens, estruturou-se numa ampla frente e está
pronto para reiniciar a roubalheira. Só que as condições não são as
mesmas do passado. O nível de informações cresceu, a transparência se
ampliou por força de lei.
Juízes, políticos e até jornalistas empenhados em derrotar o aparato
de investigação contam apenas com um certo cansaço da sociedade. Ignoram
as dimensões internacionais de sua escolha. No caso de lavagem de
dinheiro, vamos nos isolar.
Aliás, já estamos isolados por causa das opções de política ambiental
e pelo reposicionamento do Brasil no campo da extrema direita.
Quanto menos preparados, mais arrogantes são os governantes
brasileiros. Tenho criticado a decisão de Bolsonaro de tirar os radares
das estradas. Os especialistas também o fizeram. Meu ponto de vista é o
de quem vive nas estradas.
Soube na semana passada que o número de acidentes aumentou, algo que
não acontecia desde 2011. A quem apelar se a Justiça não se interessa, e
os políticos querem apenas ganhar votos reduzindo multas? Em situações
extremas, como foi a da África do Sul num determinado momento,
intelectuais se voltam para o exterior, pedindo socorro.
Desfrutamos de liberdade de expressão. A sociedade brasileira não é
uma coitadinha dominada por saqueadores. Ela encontrará o seu caminho. O
apoio internacional é apenas um complemento. De nada adianta, sem que
se faça a lição de casa.
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A bala de prata do Supremo vai abater a Lava Jato?
Coluna de Alexandre Garcia, via Gazeta do Povo:
Grande expectativa nesta semana. A bala de prata do Supremo vai matar
a Lava Jato? O meu palpite é no voto do ministro Dias Toffoli, na
quarta-feira. Também deve votar Marco Aurélio, que não votou na sessão
anterior. Relembrando: o escore está 6 a 3 pela não validade de
sentenças em que não se tenha ouvido o réu depois de ter sido ouvido o
delator premiado, acusando-o.
O meu palpite é que Dias Toffoli vai dar um voto a favor disso, mas
só daqui para frente – e não daqui para trás. O argumento é que não está
nem no Código de Processo Penal e nem na legislação da delação premiada
a obrigatoriedade de se ouvir o réu depois de ter sido ouvido o delator
premiado. Então, Toffoli deve dizer que é preciso ouvir o réu, mas
daqui para frente. E já está um escore que vai conceder o habeas corpus a
esse gerente da Petrobras que entrou na Justiça alegando que ele não
fora ouvido depois da delação premiada.
Janot versus Gilmar
Outro tema é essa questão de Supremo versus Ministério Público, e
vice-versa. O antigo procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
revelou (primeiro, no livro, sem dar o nome; e depois em entrevistas
citando o nome) que fora armado ao STF para matar Gilmar Mendes. Diz que
chegou a estar com uma pistola na mão direita, que não funcionou.
Colocou na mão esquerda, que também ficou paralisada.
Foi uma espécie de superego dele, peso de consciência, e não praticou
o crime. Mas revelou o crime em consequência, e o ministro Gilmar
Mendes pediu providências ao Supremo, e o ministro Alexandre de Moraes
mandou tirar a arma, cassar o porte de arma e apreender na casa de Janot
computadores e celulares.
É uma coisa incrível: crime de pensamento, uma vez que o crime não
foi cometido. Meu Deus do céu... onde está a segurança jurídica neste
país? Parece que não há harmonia dentro de um próprio poder, no caso, o
poder judiciário.
Lula no semiaberto?
Outro tema de Justiça é Lula. Vai para o semiaberto ou não? A turma
da Lava Jato, capitaneada por Deltan Dallagnol, sugeriu que ele vá para o
semiaberto, uma vez que já cumpriu um sexto da pena do Triplex do
Guarujá. Lula tem dito que só aceita se sair inocentado.
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, vai ter que se
pronunciar a respeito. Para isso, terá de ouvir a defesa de Lula – no
caso, o advogado Cristiano Zanin.
Vetos na lei eleitoral
Outra questão que deve ser decidida esta semana são os vetos na lei eleitoral. Vão ser derrubados ou não?
O presidente Jair Bolsonaro vetou o uso de dinheiro para pagar multa
de partido. Mas não vetou a possibilidade de os partidos usarem o fundo
eleitoral para compra de imóveis e veículos. Vetou ainda a recriação da
propaganda de partido político já no 1º semestre do ano eleitoral. Isso
está vetado (ainda bem!). E vetou gastos sem limite de passagens aéreas.
Mas não vetou o limite de gastos com advogados ou com consultoria do
partido. Vetou também a anistia para multa eleitoral.
Agora vamos ver como se encaminha mais esse conjunto de vetos do
presidente em leis feitas pelo Congresso. Ele tem esse direito, uma vez
que ele é o que tem mais representatividade. Jair Bolsonaro tem 58
milhões de votos, ao passo que o mais votado na Câmara, por exemplo, foi
o filho dele (Eduardo Bolsonaro) com 1,6 milhão de votos.
A propósito...
O filho dele deu uma entrevista ao Correio Braziliense revelando
detalhes daquele evento do clima, que ocorreu antes de o Bolsonaro falar
na abertura da Assembleia da ONU. Eduardo acompanhava o chanceler
brasileiro, Ernesto Araújo, e disseram que só presidente poderia falar,
por isso, o Brasil ficou ausente daquela conferência do clima, em que
aquela menina sueca esqueceu que quem manda no clima da Terra se chama
Sol.
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"O Caminho da Servidão", 75 anos depois.
Dedicado aos “socialistas de todos os partidos”, The Road to Serfdom foi
um apelo genuíno de um austríaco anglófilo, anti-nazi e anti-comunista:
não confundamos liberdade com estatismo. Artigo do professor João
Carlos Espada, via Observador:
Sim, foi há 75 anos, em Setembro de 1944, que um desconhecido
professor austríaco, exilado na London School of Economics, publicou na
editora anglo-americana Routledge um livro que viria a ser um
best-seller mundial: The Road to Serfdom [O Caminho para a Servidão].
Está publicado entre nós pelas Edições 70 (2009), e foi inicialmente
publicado em 1977 por iniciativa do saudoso Orlando Vitorino — que
convidou Hayek a falar em Lisboa, no Grémio Literário. (Orlando Vitorino
contou-me uma vez, numa deliciosa conversa ao fim da tarde, junto da
lareira da sua encantadora casa perto de Sesimbra — corajosamente ainda
hoje preservada pela família — que estavam menos de 20 pessoas nessa
sessão em Lisboa com Hayek, em 1977).
Fiquei por isso muito honrado ao ser convidado para escrever o
prefácio para a nova edição das Edições 70, publicada em 2009 — onde
prestei o incontornável tributo a Orlando Vitorino. Não vou aqui repetir
o (talvez demasiado) longo texto que está publicado, mas gostaria de
recordar dois ou três pontos.
Em primeiro lugar, Hayek era em 1944 quase uma voz no deserto:
anti-nazi, anti-comunista e… crítico do socialismo estatista — que na
época tendia a tornar-se o dogma politicamente correcto. Ainda por cima,
Hayek designava-se como simplesmente liberal. Karl Popper, na Sociedade
Aberta e os seus Inimigos, em 1945, também na Routledge, viria a
reforçar esta voz liberal. Joseph Schumpeter, em 1941, no seu
Capitalism, Socialism and Democracy, tinha de certa forma re-lançado as
bases do argumento liberal anti-estatista.
Com vibrante energia, Hayek recordou o que surpreendentemente estava a
ser esquecido em 1944, devido à eficiente retórica comunista sobre a
chamada “frente anti-fascista”: a II Guerra fora desencadeada em 1939
por uma desprezível aliança entre comunistas e nazis (o infame pacto
Molotov-Ribbentrop). Foram estes aliados nazis e comunistas que
invadiram a Polónia em Setembro de 1939 — e foi aí que começou a II
Guerra, porque o Reino Unido e a França tinham um nobre acordo de defesa
mútua com a Polónia.
A URSS mais tarde saiu daquela aliança original com os nazis —mas
apenas porque foi invadida por eles (tendo aliás sido avisada por
Churchill, mas Staline terá dito que confiava mais no
nacional-socialista Hitler no que no capitalista-imperialista
Churchill). Convém aliás recordar que o único jornal que foi autorizado a
circular pelos nazis, nos primeiros dias após a ocupação de Paris em
Junho de 1940, foi o órgão central do partido comunista francês.
O segundo ponto é o seguinte: a razão pela qual o
nacional-socialismo, o fascismo e o comunismo se coligaram não foi
meramente circunstancial. Foi profundamente ideológica. Eles eram todos
anti-capitalistas e anti-liberais. Vamos aliás ser mais claros: eles
eram basicamente e ostensivamente anti-capitalistas: contra a economia
descentralizada de mercado, fundada na propriedade privada protegida
pela lei — e a favor de uma economia centralmente comandada pelo estado,
com vista a atingir certos objectivos centralmente definidos como
“objectivos nacionais”, ou “objectivos da classe operária” — ou, por
outras palavras mais simples, “os objectivos correctos”, ou “certos”.
Hayek desenvolveu uma crítica demolidora destes sonhos colectivistas e
estatistas. Ninguém sabe o suficiente para centralmente definir os
“objectivos” de uma sociedade complexa. Numa sociedade livre, existe um
conhecimento tácito e descentralizado que é diariamente processado pelos
consumidores, famílias, empresas e outras instituições civis. Acima de
tudo, esse processamento está submetido a uma severa disciplina
impessoal — a disciplina do mercado sob a lei — que nenhuma entidade
particular consegue dirigir.
Em severo contraste, se esta disciplina impessoal do mercado fundada
na propriedade privada e na concorrência sob a lei, for substituída pela
planificação central, o resultado será inelutável: corrupção e
clientelismo, gerados pelas decisões arbitrárias do estado; quebra do
crescimento económico; empobrecimento geral. Todas as experiências
comunistas confirmaram até agora esta previsão, da URSS à China, de Cuba
à Coreia do Norte e mais recentemente à Venezuela.
Hayek aliás acrescentou um argumento adicional (que seria fortemente
secundado por Popper) e que é hoje politicamente incorrecto: a ideia de
que a sociedade deve ser centralmente planificada por uma autoridade é
uma ideia basicamente primitiva e anti-ocidental. Na tradição
greco-romana, judaica e cristã, as pessoas e as instituições
descentralizadas não obedecem às ordens de comando do poder central;
elas obedecem a regras gerais, abstractas e iguais para todos — que se
aplicam igualmente a governantes e governados.
Aos olhos das culturas políticas primitivas, isto gera um paradoxo
dificilmente compreensível: por um lado, os liberais recusam
rebeldemente obedecer a ordens de comando arbitrários dos poderes de
plantão; por outro lado, obedecem voluntariamente e rigorosamente a
regras gerais de boa conduta.
Hayek era, a propósito, um orgulhoso seguidor de regras gerais, mas
não de comandos específicos. Gostava particularmente dos Clubes de
Londres — onde estritas regras gerais de vestuário e boa conduta são
observadas (mesmo nos dias que correm). Mas, por isso mesmo, não existe
nenhum código específico sobre as opiniões que podem ser expressas — e
que, por outras palavras, simplesmente devem ser livres. Até ao final da
vida (a 23 de Março de 1992), Hayek manteve no seu escritório em casa
uma orgulhosa foto de Winston Churchill.
Se eu ainda fosse esquerdista...
Como seria o cronista de sete leitores se ainda não tivesse abandonado as antigas ilusões ideológicas. Por Paulo Briguet, via Folha de Londrina:
Ontem eu tive um sonho estranhíssimo. Sonhei que continuava o mesmo
Paulo de 25 anos atrás: aquele Paulo esquerdista, ateu e perdido, que
desejava imensamente uma revolução para corrigir todos os males do
mundo.
Esse Paulo continuaria morando no velho apartamento da rua Cacilda
Becker. No começo, os vizinhos se desesperariam com aquele morador que
em algumas noites fazia balbúrdias e levava os amigos para tocar violão
às duas da madrugada. Mas, com o passar dos anos, acabariam se
acostumando ao ser pitoresco, agora finalmente um velho senhor lelé da
cuca, que não faz mal a ninguém, só a ele mesmo.
Esse Paulo todos os dias iria comprar cerveja no posto da esquina,
depois botaria na vitrola alguns velhos discos de vinil da época da
república, quando todos eram jovens e ninguém se preocupava com a vida. A
noite iria passando, ele ligaria a televisão sem som para ficar olhando
as caras dos comentaristas nos canais por assinatura, tentando
dublá-los como se fossem personagens de um filme esquecido, até que o
cansaço e o tédio o fizessem dormir de roupa e de sapato no sofá da
sala, até mais ou menos 11 horas da manhã.
Esse Paulo sentiria muita saudade do pai e da mãe, que já lhe teriam
deixado há muito tempo, mas também de sua querida Vó Maria, da qual
conserva ainda a velha imagem de Nossa Senhora Aparecida, que às vezes
parece chorar — vejam só que ideia absurda, uma santinha chorar.
Admirado pelos estudantes de Comunicação, que lhe considerariam uma
espécie de guru jornalístico, esse Paulo esquerdista seria hoje filiado
ao PSOL, lutaria pelo aborto, pelo feminismo, pelos índios, pelos
negros, pelos LGBTQ+, pela Amazônia, pelas políticas de gênero, pela
universidade pública-gratuita-e-de-qualidade, sempre com uma leve
impressão de que é fácil amar a humanidade, mas impossível amar o
próximo.
Esse Paulo esquerdista não quereria nem ouvir falar de casamento, de
família, de filhos. Sentiria saudade de suas ex-namoradas, para quem
ligaria às vezes, no meio da noite, completamente bêbado — um hábito tão
comum e tão repetido que deixaria de ser um problema, ele até se tornou
amigo dos atuais maridos de suas ex.
Esse Paulo esquerdista teria abandonado toda e qualquer ilusão quanto
à política institucional, que nunca foi mesmo a sua praia, mas
continuaria dando seu apoio à campanha Lula Livre, embora achasse que
presidente mesmo tinha que ser o Guilherme (esse que os fascistas chamam
de Boulos). Esse Paulo esquerdista participaria de todos os protestos
pela educação e contra o capitalismo. Para ele, vivemos tempos de
trevas, tempos sombrios, anos de chumbo. Embora nunca tivesse apreciado a
canção — uma das piores dos Beatles —, o Paulo esquerdista levaria seu
violão nos protestos para cantar “All you need is love”.
Sim, ele precisaria mesmo de amor. Não esse amor do John Lennon, esse
amor estúpido e egoísta, esse amor drogado e demoníaco, mas o amor
simples que ele vira às vezes, de relance, no sorriso de uma garota com
quem estudara na faculdade, ou nos olhos de uma criança bem pequena, ou
nas mãos de alguém que o resgatou bêbado de cair numa festa do Cabaré,
ou numa sonata de Chopin.
O amor de Deus.
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A importância de manter-se firme aos princípios - Mises e seu legado.
Em artigo publicado pelo Instituto Mises, Gary North presta homenagem ao pensador Ludwig von Mises que, vivo fosse, completaria 138 anos:
Um indivíduo que sistematicamente discipline sua vida em torno do
objetivo de aprimorar as vidas daqueles que o rodeiam irá deixar um
legado. Este legado pode ser positivo ou negativo.
Existem aqueles que estão apenas em busca de poder e que, por isso,
irão tentar influenciar a vida de outras pessoas por meio do engano e da
adulação. Seu objetivo é mudar corações, mentes e o comportamento
daqueles que o cercam. Seu legado tende a ser negativo.
Mas há também aqueles que se esforçam ao máximo para transformar as
vidas de terceiros de uma forma positiva. Eles invariavelmente seguem
um estilo de vida específico, o qual governa suas ideias e seu
comportamento. Eles sistematicamente tentam estruturar suas próprias
vidas de tal maneira que eles próprios se tornam demonstrações empíricas
da própria visão de mundo que defendem.
Qualquer pessoa que tenha como o objetivo de sua vida mudar as
opiniões de outras pessoas tem de estar comprometida com dois
princípios: fazer sempre aquilo que defende e apoiar (de qualquer
maneira possível) causas que estejam de acordo com o que defendem.
Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que a maioria das pessoas
não quer mudar sua opinião em relação a nada. Mudar uma única opinião
significa que o indivíduo tem de mudar suas opiniões a respeito de
vários tópicos. Aquela velha regra é válida: "Você não pode mudar
apenas uma coisa". Portanto, há um alto custo ao se repensar aquelas
opiniões que você mais aprecia e valoriza. Pessoas tendem a evitar
empreitadas que envolvam altos custos.
Quando alguém é confrontado com uma nova opinião, se esta opinião
está relacionada a como as pessoas devem agir, uma das primeiras
autodefesas que o ouvinte irá levantar é esta: "A pessoa que está
recomendando esta nova ideia vive consistentemente em termos desta
ideia?" Se é algo óbvio para o ouvinte que esta pessoa não faz o que
diz defender, então fica claro que o próprio defensor da ideia não leva a
sério a verdade e a efetividade daquilo que ele diz defender. Isto dá
ao ouvinte uma maneira fácil de escapar da conversa. A ideia defendida
não vingará.
Ludwig von Mises
Meu único encontro pessoal com Mises ocorreu no segundo semestre de 1971. Eu havia sido contratado pela Foundation for Economic Education.
Naquela data, eu havia sido convidado para uma cerimônia especial.
F.A. Harper havia editado uma segunda coleção de ensaios honrando Mises.
O primeiro livro de ensaios havia sido editado pela esposa de Hans Sennholz, Mary Sennholz, e foi publicado em 1956.
A cerimônia ocorreu em um hotel em Nova York. Após a cerimônia, tive
a oportunidade de conversar com Mises sobre vários assuntos, inclusive
sua ligação com o sociólogo alemão Max Weber. Weber havia se referido
ao ensaio de Mises, O cálculo econômico sob o socialismo,
em uma nota de rodapé em um livro que Weber não chegou a completar.
Ele morreu em 1920. Mises me disse que ele havia enviado seu ensaio
para Weber.
Mises deixou um legado que, desde sua morte em 1973, vem crescendo
continuamente. Ele foi um daqueles raros homens que teve duas fases em
sua carreira. A primeira fase, que começou em 1912 e terminou após a
publicação da Teoria Geral (1936) de John Maynard Keynes, estabeleceu
sua reputação de grande teórico econômico. Seu livro de 1912 sobre moeda e sistema bancário, seu livro de 1922 sobre o socialismo, e seus vários artigos sobre tópicos específicos de teoria econômica o comprovaram um grande teórico.
Mas sua inflexível oposição a todas as formas de moeda fiduciária
estatal de curso forçado garantiu a ele a reputação de um Neandertal do
século XIX em um mundo de moedas estatais de curso forçado, o qual
começou com a abolição do padrão-ouro clássico no início da Primeira
Guerra Mundial, em 1914. Sua hostilidade ao socialismo também
contribuiu para seu status de pária. Ele estava vigorosamente
resistindo a tudo aquilo que os círculos acadêmicos consideravam ser a
onda do futuro. Acadêmicos sempre querem seguir modismos. Mises não
era assim.
O triunfo do keynesianismo após 1936, em conjunto com a erupção da
Segunda Guerra Mundial em 1939, trouxe um eclipse à carreira de Mises.
Na primeira metade da década de 1930, a influência do nazismo na Áustria
crescia sombriamente. Sendo um liberal da velha guarda e um judeu,
Mises sabia que seus dias estavam contados. Ele temia que os nazistas
tomassem o controle da Áustria, e ele estava correto. Sendo um
economista defensor do livre mercado — conhecido pela esquerda como o
mais implacável oponente do intervencionismo econômico — e um judeu, ele
não teria sobrevivido na Áustria.
Sentindo que tais eventos eram apenas uma questão de tempo, Mises
aceitou um cargo em Genebra e para lá se mudou em 1934, aceitando um
dramático corte salarial. Sua noiva o acompanhou e lá se casaram, não sem antes ele tê-la avisado que, embora escrevesse bastante sobre o assunto, ele nunca teria muito dinheiro.
Mises ficou em Genebra por seis anos, obrigado a deixar para trás sua
adorada Viena e tendo de ver, impotente, a civilização sendo
despedaçada. Quando os nazistas anexaram a Áustria em 1938, eles
saquearam seu apartamento em Viena e roubaram todos os seus livros e
monografias. Ele passou a viver uma existência nômade, sem ter a mínima
ideia de qual seria seu próximo emprego. E foi assim que ele viveu o
auge de sua vida: já estava com 57 anos e era praticamente um sem-teto.
Mas nada disso abalou Mises. Ele seguia concentrado em seu trabalho.
Durante seus seis anos em Genebra, ele continuou se dedicando à
pesquisa econômica e às escritas. O resultado foi sua até então obra
magna, um enorme tratado de economia chamado Nationalökonomie
(o precursor de Ação Humana). Em 1940, ele completou o livro, o qual
foi publicado por uma pequena editora e com edição extremamente
limitada. Mas quão intensa poderia ser, naquela época, a demanda por um
livro sobre liberdade econômica escrito em alemão? Certamente não
seria nenhum bestseller. E Mises certamente sabia disso enquanto o
escrevia. Mas escreveu assim mesmo.
No entanto, em vez de celebrações e noite de autógrafos, Mises
naquele ano se deparou com outro evento que mudaria (novamente) sua
vida. Ele foi avisado por seus patrocinadores em Genebra que havia um
problema. Vários judeus estavam se refugiando na Suíça. Ele foi
alertado de que deveria procurar outro lar. Os Estados Unidos eram o
novo porto seguro.
Mises então começou a escrever cartas pedindo por posições
universitárias nos EUA, mas tente imaginar o que isso significava. Ele
só falava alemão. Suas habilidades em inglês se resumiam à leitura.
Ele teria de aprender o idioma ao ponto de se tornar exímio o bastante
para poder dar aulas. Ele havia perdido todos os seus arquivos,
monografias e livros. Ele não tinha nenhum dinheiro. E ele não
conhecia ninguém influente nos EUA.
E havia um sério problema ideológico também nos EUA. O país estava
completamente dominado e fascinado pela economia keynesiana. A
profissão de economista havia sofrido um vendaval. Praticamente não
mais existiam economistas pró-livre mercado nos EUA, e não havia nenhum
acadêmico defendendo esta causa. No final, Mises se mudou para os EUA
sem ter nenhuma garantia de nada. E já estava com quase 60 anos.
Quando ele chegou aos EUA em 1940 como um judeu refugiado, ele era
praticamente um desconhecido no país. Ele não tinha nenhum cargo
assalariado de professor. Ele já tinha 59 anos. Ele jamais havia
estado nos EUA. Mas ele teve uma grande sorte: havia um jornalista nos
EUA que não apenas conhecia sua obra, como também havia se tornado um
defensor dela em suas colunas de jornal. Seu nome era Henry Hazlitt. Foi Hazlitt quem estimulou alguns empreendedores, como Lawrence Fertig, a fazer doações recorrentes a Mises.
Mises então passou a depender exclusivamente das doações destes
poucos amigos e de alguns artigos que eram ocasionalmente encomendados
por algumas revistas especializadas, a pedido destes amigos.
Durante os 30 anos seguintes, Mises foi uma voz solitária e sem
recursos em defesa do livre mercado, lutando contra a vastidão
keynesiana que dominava a paisagem mundial. Ele criou um seminário na
New York University (NYU) para estudantes universitários, o qual durou
25 anos. Murray Rothbard era um dos frequentadores assíduos, embora
apenas como ouvinte. Mises nunca recebeu salário da universidade, a
qual o relegou ao status de professor visitante. Ele recebia ajuda de
doadores. No entanto, não há hoje nenhum professor do departamento de
economia da NYU que seja lembrado. Todos foram pessoas sem importância e
não deixaram nenhum legado.
A publicação de seu livro Ação Humana,
pela Yale University Press em 1949, começou a estabelecer sua reputação
nos EUA. O livro vendeu muito mais do que havia sido inicialmente
previsto. Este livro foi o primeiro a conter uma teoria abrangente e
integrada da economia de livre mercado. Até então, nada remotamente
parecido havia sido publicado. Foram muito poucas as pessoas que se
deram conta disso em 1949, mas qualquer um que já tenha estudado a
história do pensamento econômico sabe que é neste livro que se encontra a
primeira aplicação abrangente da teoria econômica para toda uma
economia de mercado. A análise é integrada em termos da defesa
econômica austríaca da teoria do valor subjetivo e do individualismo metodológico.
Ele continuou escrevendo após 1949. Seus livros foram vendidos pela
Foundation for Economic Education (FEE), a qual fez com que ele ganhasse
a atenção de leitores que defendiam o livre mercado. Seus artigos
começaram a aparecer na revista publicada pela FEE, The Freeman. A revista não era de ampla circulação nos meios acadêmicos, mas era bastante lida pela direita.
Eu comprei uma cópia de Ação Humana em 1960. Naquela época, eu já
estava a par da importância de Mises para a história do pensamento
econômico, mas, em minha universidade, eu provavelmente era o único
estudante que o conhecia.
Mises sempre foi um obstinado em sua dedicação aos princípios do
livre mercado. Provavelmente mais do que qualquer outro grande
intelectual do século XX, ele era conhecido entre seus pares como alguém
inflexível, que não fazia concessões àquilo em que acreditava. Pelos
economistas da Escola de Chicago ele foi chamado de ideólogo. E eles
estavam certos. Por causa de sua consistência na aplicação do princípio
do não-intervencionismo em cada setor da economia e, acima de tudo, por
causa de sua oposição a bancos centrais e à manipulação estatal da
moeda, os economistas o consideravam excêntrico. "Excêntrico", para
eles, era sinônimo de "rigorosamente consistente".
Assim como os nazistas, os soviéticos também sabiam quem era Mises.
Após a queda do nazismo, os soviéticos confiscaram as obras de Mises
então em posse dos nazistas e as enviaram a Moscou. Suas obras roubadas
ficaram em Moscou e nunca foram descobertas por nenhum economista
ocidental até a década de 1980. O que foi uma grande ironia:
economistas ocidentais não sabiam quem era Mises, mas os economistas
soviéticos sim. Isto se tornou ainda mais verdadeiro em meados da
década de 1980, quando a economia soviética começou a se desintegrar,
exatamente como Mises havia previsto que aconteceria.
A grande vantagem de Mises sobre praticamente todos os seus colegas
era esta: ele escrevia claramente. Todos os outros economistas, além de
escreverem da maneira convoluta e repleta de jargões, enchem seus
escritos de equações. Mises não utilizava equações e nem recorria a
jargões. Ele escrevia seus parágrafos utilizando sentenças que eram
desenvolvidas de maneira sucessiva. Você pode começar pela primeira
página de qualquer um de seus livros e, se prestar atenção, chegará ao
fim sem se tornar confuso em momento algum.
Isto era uma grande vantagem, pois as pessoas comuns que se
interessavam por economia conseguiam seguir sua lógica. Sua reputação
se espalhou no final de década de 1950 e por toda a década de 1960 por
causa de seus artigos na The Freeman. Esta revista chegou a ter uma
circulação de 40 mil exemplares em alguns anos. Não eram muitos os
economistas que conseguiam, naquela época, atingir um público tão amplo e
tão variado.
Mises realmente se manteve firme aos seus princípios durante todo o
seu tempo de vida. Ele se manteve firme de maneira tão tenaz e
obstinada que, por décadas, ele não teve influência alguma sobre a
comunidade acadêmica. Todos os economistas o desprezavam ou ignoravam.
Porém, após sua morte em 1973, sua influência começou a crescer. Em
1974, seu discípulo F.A. Hayek ganhou o Prêmio Nobel de Economia. Pouco a pouco, a reputação de Mises foi se espraiando.
Hoje, há vários Institutos Mises ao redor do mundo — todos surgidos
voluntária e espontaneamente, sem nenhum financiamento centralizado —, e
seu nome é atualmente mais conhecido do que o de quase todos os outros
economistas de sua geração, tanto os de antes da Primeira Guerra Mundial
quanto os de depois da Segunda Guerra Mundial. O cidadão comum
certamente não está familiarizado com os nomes da maioria dos
economistas da primeira metade do século XX, e certamente é incapaz de
ler e compreender as obras de praticamente qualquer economista da
segunda metade.
Portanto, exatamente porque Mises nunca se mostrou disposto a fazer
concessões, especialmente na área de metodologia, seu legado tem sido
muito maior do que o da maioria de seus finados colegas. O legado de
Mises só cresce; o deles, praticamente não existe.
Conclusão
Mises deve ser julgado não somente como um pensador
extraordinariamente brilhante, mas também como um ser humano
extraordinariamente corajoso. Ele acima de tudo sempre se manteve
inarredavelmente apegado à verdade de suas convicções, sem se importar
com o resto, e sempre preparado e disposto a atuar sozinho, sem uma
única ajuda, na defesa da verdade. Ele jamais se importou um buscar
fama pessoal, posições de prestígio ou ganhos financeiros, pois isso
significaria ter de sacrificar seus princípios.
Durante toda a sua vida, ele foi marginalizado e ignorado pelo
establishment intelectual, pois a verdade de suas visões e a sinceridade
e o poder com que as defendia e desenvolvia estraçalhava todo o
emaranhado de mentiras e falácias sobre o qual a maioria dos
intelectuais de sua época — bem como os de hoje — construiu suas
carreiras profissionais.
Seus seminários, assim como seus escritos, eram caracterizados pelo
mais alto nível de erudição e sabedoria, e sempre mantendo o mais
profundo respeito pelas ideias. Mises jamais se interessou pela
motivação pessoal ou pelo caráter de um autor, e sim por uma só questão:
saber se as ideias daquela pessoa eram verdadeiras ou falsas. Da mesma
forma, sua postura e comportamento pessoal sempre foram altamente
respeitosos, reservados e fonte de amigável encorajamento. Ele
constantemente se esforçava para extrair de seus alunos o que neles
havia de melhor, para ressaltar suas melhores qualidades.
O mundo vive hoje mais uma era de planejamento econômico, e estamos
vendo os economistas se dividirem em dois lados. A esmagadora maioria
se limita a dizer exatamente aquilo que os regimes querem ouvir.
Afastar-se muito da ideologia dominante é um risco que poucos estão
dispostos a correr. As recompensas materiais são quase nulas, e há
muito a perder.
Ser um economista íntegro significa não se furtar a dizer coisas que
as pessoas não querem ouvir; significa, principalmente, dizer coisas que
o regime não quer ouvir. Para ser um bom economista, é necessário bem
mais do que apenas conhecimento técnico. É necessário ter coragem
moral. E, no mercado atual, tal atitude está ainda mais escassa do que a
lógica econômica.
Assim como Mises necessitou da ajuda de Hazlitt e Fertig, economistas
com coragem moral necessitam de apoiadores e de instituições que os
suportem e deem voz a eles. Este é um fardo que tem de ser encarado.
Como o próprio Mises dizia, a única maneira de se combater ideias ruins é
com ideias boas. E, no final, ninguém estará a salvo se a civilização
for destruída em consequência do predomínio das ideias ruins.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Evento arrecada mais de 1.200 kg de alimentos em Itabuna
O final de semana foi marcado por mais uma "Corrida de Fogo" do Corpo de
Bombeiros de Itabuna. Segundo a organização, mais de 1.200 kg de
alimentos foram arrecadados. Todo material será doado para instituições
de caridades: Núcleo Cuidar, Albergue Bezerra de Menezes e Abrigo São
Francisco. O percurso deste domingo (29), foram 5 km, saindo do 15º
Batalhão, seguindo pela avenida Manoel Chaves, retornando pelo Itão do
São Caetano e finalizando no contorno da BR-101, nas proximidades do
antigo Motel Carinhoso. Mulheres e homens participaram do evento e os
vencedores ganharam troféus e uma quantia em dinheiro. PMs também
participaram, dando brilho ao evento. Destaque também para mulheres e
homens com mais de 50 anos, concluíram o circuito e ganharam medalhas e o
tradicional banho da viatura do Corpo de Bombeiros.
Tendências para escolas do futuro passam por tecnologia, inclusão e gestão
Diante do avanço da tecnologia, o acesso à informação e ao conhecimento, os professores de hoje se deparam com grandes desafios. Não é mais função exclusiva da escola educar, afinal, as crianças estão aprendendo por elas mesmas com os novos recursos. Como perceber esses desafios e se manter atualizado às tendências pedagógicas? De acordo com o especialista Mozart Neves Ramos, “o Brasil ainda tem uma escola do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI”. Para o presidente da Divisão de Ensino do Grupo Positivo, Paulo Arns da Cunha, “é fundamental inserir na sala de aula as ferramentas que esses alunos estão acostumados – e querem usar. Há diversas possibilidades de agregar a tecnologia ao conhecimento. A criatividade do professor fará a diferença”, ressalta.
A integração da tecnologia na sala de aula não exclui a metodologia off-line, mas serve como um complemento e até uma maneira de potencializar esses ensinamentos. “Os cidadãos são formados na escola. Os valores, deveres e direitos serão sempre trabalhados, tanto no ambiente virtual como no físico”, enfatiza Cunha. Para ele, é preciso considerar o aluno de forma empática e se colocar no lugar dele para organizar a escola e um projeto pedagógico que converse com os estudantes atuais e do futuro. “Precisamos entender como as crianças e jovens de hoje aprendem. A interação para eles é fundamental. Não temos mais alunos passivos, que simplesmente absorvem o que o professor tenta passar. E quando o aluno não se sente levado em consideração, ele não consegue produzir de forma adequada a partir de todas as suas potencialidades”, explica.
Inclusão e Conscientização
Diversidade, inclusão, direitos humanos e questões ambientais são preocupações legítimas da sociedade atual. Por isso, é preciso formar alunos que também tenham essa preocupação e estejam preparados para serem parte dessa conscientização. “Esses conceitos não podem ser apenas a política da escola, mas devem estar dentro do projeto pedagógico. A escola não deve seguir os preceitos por causa da legislação, mas entendê-los como diferenciais de formação”, afirma Cunha.
A doutoranda em Educação e coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Positivo, Valéria Brasil, também destaca as tendências para a educação inclusiva. “As instituições de ensino recebem alunos com deficiências, síndromes, transtornos e que legalmente têm direito ao acesso ao conhecimento. Como profissionais da Educação, é preciso entender todas as peculiaridades desses alunos. Para isso, nessas situações, deve-se privilegiar a socialização, acessibilidade de tempo-espaço, entender o indivíduo como único, e só depois disso pensar no currículo escolar”, explica a professora.
Aproximação da família
“A escola do futuro tem que gerar espaços de diálogos e reflexões com as famílias. Não pode se limitar a reuniões pedagógicas - e a interação com canais tecnológicos pode auxiliar nesse processo”, ressalta Cunha. Com a facilidade em criar aplicativos, essa aproximação com os pais pode ser facilitada e a falta de tempo, tão comentada, não será mais desculpa. “A conversa próxima dos pais também colabora para deixar a expectativa deles mais próxima da realidade. Com anos de experiência, percebo que, em algumas situações, os pais deixam grandes responsabilidades para a escola, pensando que é obrigação dela resolver todas as questões relacionadas aos filhos. Mas não é assim, é um trabalho conjunto”, explica Valéria.
Gestão do negócio escolar
Além das propostas pedagógicas e didáticas, outra questão é muito comentada para a sustentação da instituição de ensino: a gestão escolar. “As escolas têm que ter mais cuidado na eficiência da gestão financeira, da mercadológica, dos recursos humanos. Se o gestor de uma escola tem plena consciência de todas as implicações das relações trabalhistas, por exemplo, pode reduzir os custos operacionais. Assim, pode fazer investimentos financeiros em inovação com maior facilidade”, explica Cunha.
Em resumo, as tendências nas questões educacionais se destacam no uso de tecnologia dentro da sala de aula, na compreensão da singularidade dos alunos, na participação dos pais na educação e nas questões administrativas da escola para que os recursos possam ser melhor aproveitados. "Assuntos como esses devem estar em constante discussão com os profissionais da Educação. Essa abordagem determinará a existência das instituições - e todos os conceitos devem ser explorados dentro das disciplinas e atividades regulares", finaliza Cunha.
Sobre a Universidade Positivo
A Universidade Positivo concentra, na Educação Superior, a experiência educacional de mais de quatro décadas do Grupo Positivo. A instituição teve origem em 1988 com as Faculdades Positivo, que, dez anos depois, foram transformadas no Centro Universitário Positivo (UnicenP). Em 2008, foi autorizada pelo Ministério da Educação a ser transformada em Universidade. Atualmente, oferece mais de 60 cursos de Graduação presenciais, quatro cursos de Doutorado, sete cursos de Mestrado, mais de 190 programas de Especialização e MBA, sete cursos de idiomas e dezenas de programas de Extensão. A Universidade Positivo conta com três unidades em Curitiba, uma unidade em Londrina (PR), uma unidade em Joinville (SC), além de polos de Educação a Distância (EAD) em mais de 60 cidades espalhadas pelo Brasil. Em 2018, a Universidade Positivo foi classificada entre as 100 instituições mais bem colocadas no ranking mundial de sustentabilidade da UI GreenMetric.
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"Leitores existem, e suficientes para tornar o Brasil uma potência literária"
Editora 106 chega com proposta de publicação baseada no desejo do leitor e na ousadia, mas sem abrir mão de uma gestão inteligente
O que determina o sucesso de uma editora: a habilidade para assimilar tendências ou a capacidade de se antecipar a elas? Por entender que a publicação daquilo que o público deseja é tão importante quanto propor novas experiências de leitura, a Editora 106 chega ao cenário editorial brasileiro como resultado do encontro entre as psicanalistas Fernanda Zacharewicz e Gisela Armando, que já editavam obras na área da Psicanálise sob o selo Aller, e o jornalista Omar Souza, publisher com mais de 20 anos de experiência. A nova casa publicadora estreia com quatro lançamentos até o fim de 2019.
Diferentemente de outras editoras, que costumam abrigar os títulos dirigidos a cada gênero ou tipo de público sob um selo específico, a marca 106 estará presente em praticamente todas as obras. A diferenciação se dará nos sub-selos, indicados logo abaixo do logotipo: 106 Ideias (ensaios, biografias, Filosofia, História etc.), 106 Pessoas (desenvolvimento pessoal, espiritualidade, negócios etc.), 106 Histórias (ficção histórica e contemporânea), 106 Clássicos (obras e autores consagrados), 106 Crônicas (textos produzidos por alguns dos melhores cronistas nacionais e internacionais), entre outros. A única exceção será o selo Aller, já consolidado no universo psicanalítico brasileiro, e que identificará os livros publicados para esse segmento.
Para resumir a filosofia de trabalho da 106, Omar Souza diz: “Editorialmente falando, vamos sempre buscar equilíbrio entre o que está em evidência e a ousadia, seja em termos de conteúdo ou forma. No que diz respeito à gestão, a ideia é buscar as melhores práticas e os processos mais eficientes.” O publisher considera a distribuição o maior desafio. “Está claro que os modelos tradicionais precisam de revisão. E nisso queremos inovar. ”
Cada sub-selo é uma representação que formaliza o compromisso com determinado público, como explica Gisela Armando. “Produzir bons livros e temas que possam acrescentar conhecimento, saber e prazer às pessoas nos traz o sentimento de estarmos de fato contribuindo de forma positiva na vida dos leitores. Mais que uma empresa, desejamos realizar uma contribuição social efetiva.”
Já Fernanda Zacharewicz celebra o momento da vida em que tem a oportunidade de colocar em prática suas duas maiores paixões: a psicanálise e a literatura. “Editar um livro é, para mim, contribuir para a formação de sujeitos que possam pensar o mundo e atuar nele de maneira mais consciente e responsável desde uma perspectiva voltada aos direitos humanos.” Fernanda faz coro com os demais sócios ao afirmar que ler é “movimento, caminho e convite”.
Sempre que possível, a Editora 106 oferecerá lançamento simultâneo em plataformas físicas (livros impressos) e digitais (ebooks e audiolivros) a partir dos melhores e mais relevantes canais para divulgação e comercialização de seus títulos. Como é o caso da obra de estreia, A Rainha do Ignoto, publicada sob o selo 106 Clássicos, com lançamento em outubro tanto em livrarias quanto em marketplaces. Trata-se do primeiro texto longo de realismo fantástico produzido no Brasil, escrito no fim do século XIX por Emília Freitas — mulher, abolicionista, republicana, socialista, militante contra a pena de morte, contra a intolerância religiosa e contra a tortura. Pincelado com tons de sobrenatural, o livro conta a história de uma comunidade feminina autônoma e misteriosa no interior do Ceará que se dedica a ajudar mulheres oprimidas ou doentes.
Ainda em outubro, chega às livrarias físicas e virtuais o livro Economia da Longevidade, escrito pelo jornalista Jorge Félix, doutor em Ciências Sociais com vasta pesquisa na área de Gerontologia e comentarista no programa Bem-estar, na TV Globo. Na obra, ele mostra como, por questões históricas e de planejamento, o envelhecimento populacional no Brasil é um problema bem mais complexo que a mera discussão sobre a previdência social: à medida que aumenta a expectativa de vida no país, também se agrava a situação do idoso.
No mês seguinte chega Porventura, do jornalista Mauro Ventura, que resgata a tradição e preserva o legado dos grandes cronistas brasileiros ao reunir textos inéditos e outros de grande repercussão publicados em veículos como Jornal do Brasil e O Globo, além da internet. São dezenas de crônicas que trafegam entre as ruas de um Rio de Janeiro tão lindo quanto ardiloso, pelas alas estreitas das favelas onde pessoas realizam projetos sociais extraordinários ou pelos cômodos do lar onde a convivência com a família e os amigos proporciona experiências inusitadas. Ainda em novembro, a Editora 106 lança O vento, a chama, estreia do psicanalista Laerte de Paula no romance com uma obra de estrutura e linguagem surpreendentes sobre o amor e suas impossibilidades.
Paralelamente, o selo Aller também apresenta novidades. Em outubro, o novo livro da psicanalista francesa Colette Soler, autora de Lacan leitor de Joyce, aborda uma questão recorrente desde o título: Homens, mulheres. Outro título que chega em outubro é Psicanalistas do século XX — Volume 1, de Rosângela Verzini. Está prevista ainda a publicação de Passo a passo I, livro da francesa Rithée Cevasco sobre Topologia, tema assíduo na Psicanálise, e um título do psicanalista francês Érik Porge ainda sem título em português.
Depois de tantas novidades, resta a reflexão: em um momento crítico para o mercado editorial como o atual, não seria arriscado lançar uma nova casa publicadora? Segundo Omar Souza, a resposta é “sim” e “não”, dependendo da abordagem. “Antes de tudo, precisamos ter em mente que os leitores existem, e suficientes para tornar o Brasil uma potência editorial. A crise atual, provocada pela situação de duas grandes redes de livrarias, fez toda a cadeia do livro repensar seus processos de gestão, mas o desejo de conhecer mais sobre um assunto ou mergulhar numa grande história nunca deixou de existir.”
Sobre Gisela Armando: psicanalista, membro da Internacional dos Fóruns do Campo Lacaniano, membro do Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, com 30 anos de experiência na clínica psicanalítica e passagem por cargos de gestão dessas instituições, tendo também realizado trabalhos de gestão de pessoas. É cofundadora da Aller Editora.
Sobre Fernanda Zacharewicz: psicanalista, doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e mestre em Gerontologia Social pela mesma instituição, é membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano e cofundadora da Aller Editora.
Sobre Omar Souza: jornalista com passagens por veículos como Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo, possui mais de 20 anos de experiência na área de publicação de livros, tendo ocupado cargos executivos em editoras como Record, Thomas Nelson Brasil e HarperCollins Brasil (estas como diretor editorial). Possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.
Para mais informações: LC – Agência de Comunicação
(11) 2275-6787 www.lcagencia.com.br
Fernanda Baruffaldi | | fernanda@lcagencia.com.br
Gabriela Cuerba | redacao4@lcagencia.com.br
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Atriz goiana se une a Cleo Pires no combate ao feminicídio
"Onde está Mariana", série cinematográfica, idealizada pela goiana Caroline Fernandez, tem como temática central o combate ao feminicídio. É a primeira série brasileira produzida exclusivamente para o Instagram. Os cinco episódios serão veiculados na rede social da atriz e cantora Cleo Pires, que é diretora executiva do projeto. O lançamento acontece no dia 1º de outubro, no Cleo On Demand - evento cultural em que a atriz vai comemorar seu aniversário
A atriz e produtora cultural, Caroline Fernandez, goiana de Ceres, se prepara para o lançamento da série cinematográfica “Onde está Mariana”, da qual ela é idealizadora e uma das personagens do elenco. O projeto, com 5 episódios, é primeiro no Brasil produzido diretamente para o instagram. Com a temática central girando em torno do combate ao feminicídio, a série, que tem o objetivo central de fazer um alerta para que a sociedade perceba que a mulher corre riscos de morte diariamente, tem a internacional Cleo Pires como madrinha. O IGTV do instagram da atriz, cantora e diretora, que tem mais de 11,2 milhões de seguidores, será o espaço de veiculação dos vídeos.
“Onde está Mariana”, será a estreia da atriz, produtora e gestora cultural Caroline Fernandez no cinema. Ela desenvolveu o projeto em parceria com o sócio da Uno Criativo e diretor artístico da plataforma On Demand, Diego Timbó, e com a atriz Tamiha. “Apresentamos a proposta para a Cléo Pires, que imediatamente abraçou a proposta dada a relevância dessa temática. A mulher precisa ter a liberdade de fazer suas escolhas”, diz.
Caroline interpreta Paula, uma homosexual de classe média, bem resolvida em suas escolhas, que inicia um relacionamento afetivo com Mariana, personagem principal da série, que será interpretada pela MC Rebecca. “A trama gira em torno do sumiço de Mariana, que é uma bissexual que tinha conflitos com a família e consigo mesma por conta da sua descoberta sexual”, explica Caroline ao falar que, durante os episódios, várias situações de abusos e agressões contra a mulher serão discutidos.
Outros nomes como Valesca Popozuda, que interpreta uma mulher que sofre violência do companheiro; a rapper King, que viverá a irmã da protagonista; Vilma Melo, que recebeu o Prêmio Shell de Teatro, será a mãe de Mariana. O roteiro é assinado por Beatriz Rhaddou, Cláudio Simões e colaboração Matheus Chatack. A filmmaker é Jessica Teleze.
A violência contra a mulher
A série colocará em debate os relacionamentos e a forma como a sociedade aborda a violência contra a mulher. Caroline Fernandez destaca que a idéia central foi levantada por que os dados de violência contra a mulher são alarmantes. De acordo com o levantamento de 2016 do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio. O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. Em comparação com países desenvolvidos, aqui se mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca e 16 vezes mais que o Japão ou Escócia.
Em Goiás, o número de feminicídio cresceu 22,58%, em 2018, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás. No período, o número de casos de violência doméstica contra a mulher no Estado, segundo Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aumentou em 17%, em relação ao ano anterior.
Disruptura
Totalmente independente, “Onde está Mariana?” ´promete inovar a cena nacional cinematográfica graças a adesão ao perfil de agregar causa à produção cultural. “Nós queremos agregar um propósito à dramaturgia, fazer um alerta social a assuntos que merecem maior atenção e necessita de políticas públicas”, explicou Caroline ao destacar que a série só foi viabilizada graças ao perfil empreendedor de toda a equipe. “O ator de hoje não pode se limitar a interpretar, ele tem de desenvolver ideias, produzir, atuar e buscar maneiras de viabilizar o projeto. E foi isso que fizemos”, conta.
Natural de Ceres, Goiás, há 180 quilômetros da capital Goiânia, Caroline Fernandez tem o teatro na sua vida desde 2002, quando começou a atuar em peças regionais. Formada em Administração de Empresas, abandonou a carreira corporativa para se dedicar a sua vocação em 2018, quando mudou-se para o Rio de Janeiro para investir em formação. Atualmente estuda técnicas embasadas em ensinamentos de Lee Strasberg, Uta Hagen, Bob Lewis, Meisner e Ivana Chubbuck, que são referências mundiais em interpretação. Em 2020, ela gravará seu primeiro longa-metragem.
“Onde está Mariana”, será a estreia da atriz, produtora e gestora cultural Caroline Fernandez no cinema. Ela desenvolveu o projeto em parceria com o sócio da Uno Criativo e diretor artístico da plataforma On Demand, Diego Timbó, e com a atriz Tamiha. “Apresentamos a proposta para a Cléo Pires, que imediatamente abraçou a proposta dada a relevância dessa temática. A mulher precisa ter a liberdade de fazer suas escolhas”, diz.
Caroline interpreta Paula, uma homosexual de classe média, bem resolvida em suas escolhas, que inicia um relacionamento afetivo com Mariana, personagem principal da série, que será interpretada pela MC Rebecca. “A trama gira em torno do sumiço de Mariana, que é uma bissexual que tinha conflitos com a família e consigo mesma por conta da sua descoberta sexual”, explica Caroline ao falar que, durante os episódios, várias situações de abusos e agressões contra a mulher serão discutidos.
Outros nomes como Valesca Popozuda, que interpreta uma mulher que sofre violência do companheiro; a rapper King, que viverá a irmã da protagonista; Vilma Melo, que recebeu o Prêmio Shell de Teatro, será a mãe de Mariana. O roteiro é assinado por Beatriz Rhaddou, Cláudio Simões e colaboração Matheus Chatack. A filmmaker é Jessica Teleze.
A violência contra a mulher
A série colocará em debate os relacionamentos e a forma como a sociedade aborda a violência contra a mulher. Caroline Fernandez destaca que a idéia central foi levantada por que os dados de violência contra a mulher são alarmantes. De acordo com o levantamento de 2016 do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio. O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. Em comparação com países desenvolvidos, aqui se mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca e 16 vezes mais que o Japão ou Escócia.
Em Goiás, o número de feminicídio cresceu 22,58%, em 2018, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás. No período, o número de casos de violência doméstica contra a mulher no Estado, segundo Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aumentou em 17%, em relação ao ano anterior.
Disruptura
Totalmente independente, “Onde está Mariana?” ´promete inovar a cena nacional cinematográfica graças a adesão ao perfil de agregar causa à produção cultural. “Nós queremos agregar um propósito à dramaturgia, fazer um alerta social a assuntos que merecem maior atenção e necessita de políticas públicas”, explicou Caroline ao destacar que a série só foi viabilizada graças ao perfil empreendedor de toda a equipe. “O ator de hoje não pode se limitar a interpretar, ele tem de desenvolver ideias, produzir, atuar e buscar maneiras de viabilizar o projeto. E foi isso que fizemos”, conta.
Natural de Ceres, Goiás, há 180 quilômetros da capital Goiânia, Caroline Fernandez tem o teatro na sua vida desde 2002, quando começou a atuar em peças regionais. Formada em Administração de Empresas, abandonou a carreira corporativa para se dedicar a sua vocação em 2018, quando mudou-se para o Rio de Janeiro para investir em formação. Atualmente estuda técnicas embasadas em ensinamentos de Lee Strasberg, Uta Hagen, Bob Lewis, Meisner e Ivana Chubbuck, que são referências mundiais em interpretação. Em 2020, ela gravará seu primeiro longa-metragem.
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